Depois de um magistral ensaio n.º 9, recebi a notícia de que ficaríamos duas semanas sem ensaios como um verdadeiro anti-climax. Afinal, a introdução do baixo (Tonante, conforme apurou o Marcão) e da “armonica blusera” rendeu mais do que se podia esperar desses instrumentos, e acredito que a produção das músicas ganhou nova dimensão para além do Triton-guitarra/violão-bateria-vocal-outros instrumentos percussivos. O Marcão chegou a sugerir que eu fizesse uma resenha de um ensaio “fake”, para não perder o hábito, mas isso, ao final, não se fez necessário; mesmo com o Marcelo fora da área de cobertura, os caras me convidaram para um ensaio que serviria para “acertar umas bases”. Evidente que não nos limitamos a isso. Vitaminados com uma holandesa de 11%, e acompanhados, depois, de umas uruguaias, fizemos umas 2 ou 3 jams de aquecimento, nas quais utilizei o baixo, e ficamos basicamente sobre os acordes Am-G-F. Logo na primeira jam, percebi que havia algo errado com a 1.ª corda do baixo (a G); de fato, o capostraste cedeu mais uma vez, e a 1.ª corda ficou fora da escala nas primeiras casas. Falta pouco, como anunciou o Marcão, para chegarmos ao ideal de tocar um baixo com uma corda só. O Alemão deu a dica e entendi o recado: “o violão está ali no case”. Numa fração de segundo (ou algo equivalente), raciocinei (ainda raciociava até então) que se impunha o violão Yamaha de cordas de aço naquela hora, vez que já estávamos nos repetindo com os meus grooves no baixo sobre os acordes Am-G-F. O violão é magnífico (som e acabamento primorosos), e fui me acostumando com as cordas duras. Puxei os acordes daquela Am - Dmadd9 - Dmadd11 - Asus4/5+, que apareceu pela primeira vez no 6.º ensaio e é um dos nossos clássicos, e ficamos nela por uns 10min, com os mesmos 4 acordes, o teclado climático do Alemão (com outro timbre, não o de costume) e a levada da bateria, e durante a execução apenas fomos alterando momentos mais calmos com outros mais empolgados e expressivos. Foi difícil tocar os acordes no violão de cordas de aço, mas o resultado acho que ficou muito bom: é uma música muito boa de tocar, com efeito arrebatador. Após, o Alemão achou um timbre que lembrou uma flauta estilizada; alinhei, então, uns acordes F e G, e depois agreguei o E (ou Em) e fiz uma levada espanhola (Aranjuez). O resultado ficou matador. O Marcão recém havia deixado o recinto para um pit-stop, teve que voltar na correria para gravar e tocar a bateria. Foi um belo momento de criatividade e inspiração puras. Continuamos nas jams, e em determinado momento o Marcão começou a cantar umas letras que o Marcelo deixou impressas pelos cantos. Então rolou “Smoke on the Water”, “Stairway to Heaven”, "Jump", Wander, entre outros, sobre bases improvisadas e improváveis. Acho que essas ficaram bem longas, com mais de uma música sobre a mesma jam, numa autêntica viagem. Foi numa dessas que rolou a homenagem a uma história inacreditável que aconteceu com um cara que tocou baixo com eles ocasionalmente antes do meu ingresso na banda (nessa o Marcão e o Alemão se dividiram nos vocais). E não perdi a oportunidade para, no violão, fazer a levada de "New York Groove" versão do álbum-solo de Ace Frehley.
O Alemão adquiriu para o Marcão a conhecida (“Not for the Pros”) vídeo-aula do Ian Paice, e não é novidade que tenho a opinião de que o baterista do Deep Purple tem a melhor “levada fluída” ou “faceira” - também já escrevi sobre isso aqui (outro que é bom nisso é o Alan White, do Yes - conforme já escrevi, mas aí o estilo é diferente, pois este incorpora andamentos quebrados). O Marcão já havia comentado favoravelmente sobre os discos do Black Sabbath que alcancei no ensaio passado, e achei muito bons os comentários do Alemão sobre os que lhe coube: ao que me conste, ele não tinha opinião prévia sobre Malmsteen (o disco era o fraco, mas com boas músicas, “Trilogy”), e então achei bastante respeitável o parecer que ele deu sobre o guitarrista sueco: “o cara é muito rápido, claro, mas as músicas são previsíveis”. De fato, as músicas começam de um jeito, e por aí já dá para antecipar o que vem depois, e depois, e depois, e o final (apesar de reconhecer isso, não me impede de achar legais algumas faixas como “You Don´t Remember, I´ll Never Forget”, “Liar” e a própria “Trilogy Suíte Op. 5 - escrevi um parágrafo sobre "Trilogy" aqui). Quanto ao “Close to the Edge”, do Yes, para minha satisfação, o parecer foi totalmente favorável; o cara curtiu as mudanças de andamento, clima, ritmo, enfim a loucurada que é uma música de 23min da banda de Anderson/Bruford/Howe/Squire/Wakeman.
4 comentários:
Não rola mp3 desses ensaios não? Queria ouvir alguma coisa!
Cara, dá uma sacada no myspace (http://www.myspace.com/theosmarband). Das 6 músicas lá disponíveis, eu toco em 4.
Bah, e que barbada que é saber quais! GD style inconfundível!
Hehe. Espero que isso seja uma coisa boa.
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