terça-feira, 13 de outubro de 2009
The Beatles remastered - "Help!" (1965)
Se em "A Hard Day´s Night" as melhores composições eram as cantadas por McCartney, no caso de "Help!" - outra trilha-sonora para um filme do quarteto fabuloso - as coisas se invertem e Lennon é responsável por um punhado respeitável de boas faixas. Duas delas são instantaneamente reconhecíveis como clássicos dos Beatles: a primeira é a faixa-título, que também abre o disco. A música já começa direto ao ponto, exclamando o pedido de ajuda, e desde logo se ouvem mais uma demonstração de virtuosismo dos caras nas harmonizações vocais: acredito que aqui os caras cantem em contraponto; Lennon conduz a melodia principal e os demais fazem as melodias derivadas. De qualquer maneira, a linha de baixo é uma verdadeira aula no instrumento (conduz a música e é ao mesmo tempo melódica). A estrutura é muito simples: são executados 4 vezes os versos, com duas ou três partes diferentes. A segunda música espetacular de Lennon é "Ticket to Ride", e aqui, além da melodia e dos vocais, destaco a bateria de Ringo Starr. Há uns 20 anos ouvi - e convivi com esse senso comum de - que Ringo Starr não é bom baterista, e seria o músico mais fraco dos Beatles; diz-se que Ringo "só sabe marcar, mas não sabe rufar". Nunca entendi o que isso significa. Entretanto, tenho ouvido o epertório da banda e percebo as várias batidas diferentes que Ringo emprega para conduzir as músicas (evidentemente que não tenho, por ora, conhecimento se o baterista criava suas levadas ou era instruído a tocar de tal ou qual jeito - talvez não por acaso, no wikipedia consta que McCartney, de acordo com John, teria sido responsável pela levada de bateria em "Ticket to Ride"). Além disso, as contribuições vocais de Ringo são geralmente agradáveis, e não é diferente o caso em "Act Nacturally". Uma das minhas favoritas, no entanto, é outra de Lennon: "You´ve Got To Hide Your Love Away" é conduzida por violões (com acordes sendo trocados constantemente) e tem um vocal bem rasgado, com uma melodia espetacular. "You´re Gonna Lose That Girl" é outra com vocal assertivo de Lennon, e uma letra verdadeira. De outra banda, não dá para reclamar das composições de McCartney, pois o cara mandou a faixa mais conhecida, gravada e falada dos Beatles: "Yesterday", que é bem bonita mesmo. Paul mandou outras duas muito boas: "The Night Before" e "I´ve Just Seen a Face". Esta última é meio country, com uma levada acelerada nos violões e nos versos longos. A melodia é extremamente familiar, mesmo na primeira audição. Então lembro que parte da melodia foi "homenageada" pelo Guns and Roses em "My Michelle" do "Appetite for Destruction" (aquele "oh, oh, oh, My Michelle"). Felizmente, é o último disco do quarteto a conter um cover ("Dizzy Miss Lizzy"), sem considerar "Maggie Mae" em "Let It Be". É possível que "Help!" seja o último disco da fase inicial dos Beatles, e provavelmente o melhor (ou com maior número de boas composições).
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Um comentário:
Voce fez de fato bons comentários, e esse é mesmo um bom disco, mas sempre tive a impressão de que "HELP" não teve a melhor produção, principalmente no que concerne às diferenças de qualidade entre as canções do "lado A" e as do "lado B" (para os mais novos explico que os discos em vinil continham dois lados - e o primeiro "lado" aqui ia até "Ticket to Ride" -, e a produção tinha que levar em conta essa nuance).
Entendo que há um desnível muito grande entre essas duas partes do disco, e canções como "You Like Me Too Much" e "Tell Me What You See" - ainda que razoáveis - fizeram o disco perder força (sem contar com "Dizzy Miss Lizzy" - em uma versão pior do que eles faziam ao vivo -, que nada tem a ver com o restante das canções).
Enfim, e ainda que o "lado A" tenha canções realmente magníficas, acho que faltou esforço para finalizar melhor esse disco (ainda era o auge da beatlemania, e seus compromissos intermináveis; e ainda não havia a idéia de que a pop music podia produzir um álbum com mais consistência artística, o que os próprios Beatles viriam a criar, alguns meses após "HELP", no extraordinário "RUBBER SOUL").
Abraços,
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