A afinidade com o formato do “Rough Guide” sobre bandas e músicos já se verificou desde a leitura do primeiro volume que encontrei, dedicado ao Pink Floyd. Depois deste, li o do Led Zeppelin, sobre Heavy Metal (ainda não finalizei), dos Stones, e dos Beatles (ainda não finalizei). Em regra, é bom ler esses livros sobre bandas consagradas em relação às quais ainda não tenho conhecimento profundo, pois abrange biografia, resenhas de discos e melhores músicas, fatos pitorescos, projetos paralelos, dentre outras coisas particulares. Então não tive dúvidas de trazer para casa o “Rough Guide” do Jimi Hendrix – que nem sabia da existência – quando localizei na Cultura por menos de 30 pila. E indiscutivelmente é o melhor que já li da série.
Diferentemente do “Rough Guide” do Zeppelin, dos Stones e dos Beatles, a leitura guia sobre Hendrix é bem fluida e pacífica, pois o autor tem estilo simples e direto de escrever. Então, é o melhor de ler de capa-a-capa. Basicamente todas as lendas que já tinha ouvido sobre Hendrix são tratadas no livro (p. ex., a de que se eu encontrasse Hendrix, na época, e dissesse que toco guitarra e componho umas músicas, ele me convidaria para uma jam no Eletric Lady), e ainda há o acréscimo de várias informações relevantes (antes da fama, o cara havia feito parte da banda de apoio de vários artistas, dentre os quais Little Richard).
O autor preza bastante pela formação do Experience, e até faz pouco caso (ainda não sei dizer se acertadamente; provisoriamente, entendo que não) da Band of Gypsies (que só lançou o registro do mesmo nome, ao vivo). Via de regra, esses rough guides se destinam ao grande público, e não exclusivamente a músicos, mas há algumas informações importantes sobre música durante o texto. Além disso, há um notável capítulo dedicado a tentar esclarecer a razão de Hendrix ter sido um espetacular guitarrista: o autor, então, fala das técnicas guitarrísticas (as alavancadas, p. ex.), dos instrumentos e equipamentos (desde a guitarra Fender Stratocaster, até os amplificadores Marshall e os efeitos fuzz, phaser/flanger, univibe, e o clássico wah-wah), e até das mãos de Hendrix (que, por serem grandes – apesar do cara não ter altura acima da média -, facilitariam a execução de técnicas inusitadas ou de outra maneira não possíveis, como utilizar o polegar da mão direita – no meu caso, que sou destro, esquerda - para tocar as cordas mais graves, ou fazer bases e solos simultaneamente). A par disso, há as tradicionais resenhas dos discos, aparentemente adequadas; como Hendrix lançou apenas quatro discos oficiais, o autor se esmerou na garimpagem do sem número de coletâneas e bootlegs, indicando os mais preciosos.
Digno de atenção são os registros dos bastidores dos shows históricos (Monterey, Woodstock, dentre outros). No decorrer do texto aparecem sugestões de algumas pessoas sobre qual caminho Hendrix percorreria não fosse sua morte prematura, e felizmente o autor não se dedica fortemente a esse exercício místico. Tanto quanto outros artistas, entendo que Hendrix teria uma fase de excepcional criatividade (a inicial), seguido de períodos de forte declínio (possivelmente alternaria o lançamento de discos bons), e dependendo do seu estado físico/mental e de seus compromissos empresariais, poderia nos dias atuais ser bem sucedido como Ozzy Osbourne ou os Stones (Keith Richards e Mick Jagger), ou vítima de suas circunstâncias como James Brown. Fui atrás dos CDs do guitarrista (tenho apenas o “Band of Gypsies” e o duplo de “Woodstock”) e incrivelmente não encontrei em lugar algum, e me questiono se esse desaparecimento das prateleiras não quer significar um relançamento portentoso em novas edições remasterizadas, com bônus, e tudo mais (em 2010 completam 40 anos da morte do guitarrista).
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