sábado, 17 de outubro de 2009
The Beatles remastered - "Rubber Soul" (1965)
Pouco depois de lançar "Help!" os Beatles se puseram a compor o que viria a ser "Rubber Soul" (a fim de coincidir com um lançamento natalino) e os resultados não poderiam ser mais expressivos. Trata-se de um álbum só com composições do quarteto e, acima de tudo, representa uma grande evolução da banda em muitos sentidos. Geralmente se diz que é um álbum inovador, no qual foram empregados instrumentos inusitados (cítara em "Norwegian Wood" é o exemplo mais evidente, mas há outras novidades em "Michelle", "Think for Yourself" e "Run For Your Life"), novas influências foram demonstradas, e até as letras ganharam roupagem mais elaborada ("Nowhere Man", por exemplo). A faixa que abre o disco é "Drive My Car" e desde logo se percebe a predominância de riffs e licks - com um punhado de slides e hammer-ons e pull-offs - de guitarra e baixo, desacompanhados das levadas de violão que caracterizavam boa parte do repertório dos discos anteriores. Não que a banda tenha ainda desprezado músicas acústicas, pois a faixa seguinte é conduzida por violões e é daquelas que contam com as fantásticas melodias típicas dos Beatles: "Norwegian Wood" tem aqueles vocais assertivos de Lennon, uma levada de violão muito boa em 12/8, um tema bem melódico executado na cítara e também no violão solo. É a melhor faixa do disco, ao lado de "Nowhere Man", sendo certo que ambas contam com as mesmas qualidades e que "Nowhere Man" tem o acréscimo de um belo solo de guitarra com timbre bem limpo (finalizando com harmônicos), e um tema na guitarra de cinco notas que é executado ao final dos versos antes da ponte para o refrão. "You Won´t See Me" traz de volta as guitarras e o piano, bem como uma linha de baixo pulsante e bem trabalhada, conduzindo a música de maneira diversa dos acordes de guitarra executados com pausas e staccatto; nos vocais aparecem os tradicionais "oooh-lah-lah-lah" em músicas pop. "Think For Yourself", de Harrison, apresenta cada instrumento tocando partes diversas: o baixo dá conta da estrutura sobre a qual são tocados acordes com pausas e staccatto numa guitara e melodias com timbre fuzz na outra guitarra, e tudo fica ainda mais sofisticado se considerarmos que a melodia da voz é igualmente diferente. "The Word" é outra que demonstra a tendência para a adoção de riffs e acordes marcantes de guitarra, especialmente nos versos em que Lennon canta desacompanhado e na base do solo de "harmonium" (conforme o wikipedia, George Martin, o produtor, quem gravou essa parte). McCartney mandou mais uma de suas delicadas e melódicas composições em "Michelle", cheia de violões inspirados e solo de guitarra no qual me parece que o botão de tom foi deixado no zero, produzindo um som bem fechado. Tanto quanto "Act Nacturally" de "Help!", "What Goes On" é mais uma das agradáveis contribuições de Ringo Starr. As guitarras são deixadas de lado e voltam os violões em "Girl" e "I´m Looking Through You". Por outro lado, "In My Life" contém guitarras com timbres limpos e um solo de piano que, conforme descrição do wikipedia, foi composto e executado por George Martin em estilo Bach-barroco, mas como o andamento da faixa era rápido, o cara tocou lentamente e após aplicou reprodução no dobro do tempo, gerando um efeito de cravo. Um exercício interessante é ouvir certas músicas dos Beatles e associar com músicas de bandas que vieram depois deles, sabendo-se como se sabe que os Beatles são influência universal no rock. Nesse sentido, "If I Needed Someone" me lembra o Yes, pela linha de baixo, timbre de guitarra e os vocais harmonizados (é possível que eu esteja pensando em "Yours Is No Disgrace"). "Rubber Soul", não por acaso, é tido como um verdadeiro disco clássico, e se atribui a ele a influência em Brian Wilson dos Beach Boys para compor outro clássico, "Pet Sounds" de 1966.
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