quarta-feira, 21 de outubro de 2009

The Beatles remastered - "Revolver" (1966)

Seguindo a tendência manifestada no "Rubber Soul", os Beatles se dedicaram a compor faixas mais elaboradas em estúdio. Em 1996 os caras fizeram sua última turnê, e a partir daí não fizeram mais shows, embora eu nunca tenha compreendido exatamente o porquê da banda querer se afastar das apresentações ao vivo (se diz que as turnês eram cansativas, que as fãs gritavam tão alto que ninguém ouvia o som dos amplificadores Vox... bem, os Beatles não eram a única banda que fazia shows, e não lembro de ter lido algo similar em relação aos Rolling Stones... além disso, no youtube estão disponíveis vídeos de um show da época, no Shea Stadium, nos quais a banda parecia bem a vontade e tocando muito bem). Em "Revolver" se diz que há maior presença de guitarras elétricas, e isso fica bem marcante na faixa de abertura, "Taxman", de Harrison, que tem uma excelente linha de baixo (um Rickenbacker?), mas os acordes executados sobre "tax-maaan" acabam soando meio repetitivos e comprometem a audição. A composição mais notável é indiscutivelmente "Eleanor Rigby"; todos contribuiram com versos para a letra e melodia de McCartney e George Martin foi responsável pelo arranjo do duplo quarteto de cordas. É a típica faixa que se descobre coisas diferentes a cada audição: primeiro com atenção na melodia dos vocais, depois nas melodias dos instrumentos de cordas. Realmente uma música sem precedentes, e é por aí que McCartney é o meu favorito Beatle. Ainda há espaço para músicas que poderiam ter sobrado das sessões dos discos anteriores, como é o caso de "Here, There and Everywhere" e "I´m Only Sleeping", mas há algo de sofisticado nos solos de guitarra desta última (com efeito inusitado de-trás-para-frente). Particularmente não sou fã dos sons de cítara, a não ser quando usados com moderação; pois Harrison resolveu dedicar uma música inteira para o instrumento - "Love You To" - na qual se percebem influências a serem exercidas sobre as bandas de brit pop dos anos 1990 pelo estilo dos vocais. A minha favorita do disco é "Yellow Submarine", simples com uma meia dúzia de acordes num violão de cordas de aço, uma letra com melodia adequada para o timbre de Ringo Starr, e um refrão muito marcante com vocais harmonizados (parte sobe o tom, parte desce o tom). "She Said She Said" se beneficia das linhas de baixo de McCartney e de uns licks de guitarra elétrica, bem como, finalmente, da levada sofisticada (para esse tipo de música) de bateria, que pontua bem as diferentes partes e pausas (é possível que haja umas mudanças de andamento do tipo 4/4 para 7/8, alguém pode esclarecer melhor). Gosto de identificar músicas dos Beatles "homenageadas" por artistas posteriores, e acho que "Good Day Sunshine" é o caso de composição levada em conta por Freddie Mercury quando escreveu algumas para o Queen, do tipo "Seaside Rendezvous", notadamente pelos versos e partes de piano. Em todo o caso, a faixa de McCartney tem um refrão bem melódico (simplesmente repete o título da faixa, mas de um jeito cativante). "And Your Bird Can Sing", de Lennon, é uma faixa que alia as qualidades dos vocais harmonizados dos primeiros discos e os timbres de guitarra elétrica das composições mais recentes. Os destaques são o baixo de McCartney (mais uma vez, com várias notas e melodia bem diferente da do resto da música), os vocais, e os licks e riffs de guitarra, sobretudo um bem longo que serve de solo ao final da faixa. Trata-se de uma faixa excepcional, e é incrível como uma música tão boa sequer ultrapassa a marca dos 2min. Em "For No One" temos mais uma comovente de McCartney, conduzida por cravo, piano, baixo e instrumentos de sopro (além da bateria, apenas marcando o tempo). "Dr. Robert" até poderia ser uma daquelas dispensáveis, não fosse pela linha de baixo, os vocais, as guitarras elétricas, e uma parada na música que fica suspensa com uns acordes de órgão Hammond. "I Want to Tell You" é popularmente conhecida como uma de Harrison com letra sobre sua dificuldade de se expressar em palavras; é conduzida por baixo e piano bem pontuados, e um riff de guitarra insidioso que abre e fecha a música. "Got to Get Into My Life", de McCartney, é muito boa e tem clima para cima e extenso uso de instrumentos de sopro (mais uma vez a linha de baixo é bem "pontuda"). Se há uma faixa que pode servir para caracterizar os Beatles à época poderia ser "Tomorrow Never Knows": há uso severo de sons inusitados, um loop insistente de bateria e baixo e vocais de Lennon que me lembram os de Don Dokken em "Hole in My Head" do álbum "Dysfunctional". São muito interessantes as descrições de todas as faixas no wikipedia (em inglês) desse clássico da discografia Beatle.

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