Desde o final dos anos 1990, quando começou o esquema de relançar toda a discografia de uma banda remasterizada, nunca consegui me beneficiar completamente pois toda vez que chegou a coleção remasterizada de uma das minhas bandas favoritas, já tinha adquirido todos os CDs em versão simples (afinal, eram minhas bandas favoritas: Kiss, Van Halen, Deep Purple são os casos mais notórios). O caso dos Beatles é bem diferente, pois apesar de cultivar bastante respeito pela banda, jamais achei conveniente gastar 30 pila pelos CDs de álbuns lançados há 40 anos atrás (aliás, minha convicção é a de que os discos dos Beatles deveriam ser vendidos por 10 reais - ou menos -, para facilitar acesso universal). Mas os mesmos caras que não baixam o preço desses clássicos - apesar de já terem rendido o que podiam em 40 anos para várias gerações de executivos - são os caras que resolveram aproveitar a oportunidade para lançar toda a discografia britânica dos Beatles (é sabido que os discos lançados no mercado americano tinham repertório diverso) com novo encarte, documentário bônus e, evidentemente, remasterizado das fitas utilizadas por George Martin quando este viabilizou a primeira prensagem de CDs em 1987. O lançamento foi em 09/09/2009 para coincidir com um trecho repetitivo de "Revolution 9" do "álbum branco", e aproveitei o mês festivo para completar a coleção (já tinha "Abbey Road" e "Let It Be", escolhidos especificamente por ter curiosidade a respeito da fase final da banda), agregado ao fato de que desde o semestre passado estou entretido na leitura do Rough Guide dedicado à banda.
Da fase inicial, de rockinhos e covers, não sou muito fã, mas admito que grande parte das músicas mais significativas de Lennon & McCartney foram registradas nos primeiros discos e singles (especialmente nos singles). "Please Please Me" tem um punhado dessas músicas espetaculares. A música título abre com um dueto de harmônica e guitarra solo, seguindo-se acordes e os versos sempre harmonizados entre Lennon e McCartney, pontuados por uns riffs staccato e licks na parte mais grave da guitarra (à 1:44 aparece um ruído bem impertinente, e talvez seja a inconveniência do registro estereo...). "Love Me Do" é o primeiro single e uma das faixas mais conhecidas; a melodia na harmônica é bem característica, e os vocais harmonizados arrebentam e se alternam em registros alto e baixo. "Twist and Shout" por si já é um clássico, mas o filme de Ferris Bueller serviu para revitalizar uma faixa que tem a interessante história de bastidores de que foi a última a ser gravada nas rápidas e rasteiras sessões de gravação da época, pois era a que mais exigia dos vocais de John Lennon (o resultado é uma interpretação "prejudicada" de Lennon, cuja urgência ajudou a torná-la ainda mais significativa - parece visível o esforço do cara de se manter afinado gritando já com a voz arrebentada, e se tem uma performance arrebatadora). "There´s a Place" é uma que me era obscura, mas curti bastante em conta da harmonização de vocal muito boa nos versos "there´s no time". Notável que nesse primeiro LP mais da metade das faixas foi composta pela prolífica dupla e todos os quatro tiveram chance para mostrar seus competentes vocais, tanto solo como no apoio.
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