Geralmente vou desacompanhado nos shows de rock, por falta de parceria, mas o anúncio do show do Kip Winger em formato acústico me pareceu a oportunidade para levar a Sabrina e a Elenise, além do Christian, que curte um bom hard rock tanto quanto eu. O show estava marcado para 20h no Drakkar Music Hall, na Plínio, em frente ao Zaffari, onde antigamente ficava o Abbey Road. Chegamos por esse horário e encontramos uma cena típica das festas noturnas: fila do lado de fora, uma tática para atrair público. Depois de meia-hora na fila e pegando frio, Kip Winger passou na frente de todos e subiu a rampa acenando e sorrindo. Brincamos muito na fila, sobretudo as gurias que vieram basicamente porque eu pilhei bastante, mas achava que no final todos teriam se divertido e teriam curtido o programa. Quando finalmente entramos, em seguida ingressaram no palco dois caras (vocal e guitar) da Tempestt empunhando violões de corda de aço (um Takamine e outro não identifiquei a marca). Eles mandaram covers clássicos de hard rock: abriram com "Play The Game Tonight" do Kansas (o vocal ficou muito bom e igual ao original), fecharam com "Wanted Dead or Alive" do Bon Jovi, e mandaram uma desconhecida (para mim) do Jeff Scott Soto. Em "Don´t Stop Believin´" o guitar tocou de um jeito legal e diferente no violão, e o Christian deu o toque "não tem como gravar isso?"; estava reservando espaço para a atração principal, mas a versão dos caras para o clássico do Journey parecia valer os Mb de memória. Pois no meio da execução, Kip Winger apareceu para cantar alguns versos, promovendo um dos melhores momentos da apresentação deles. O vocal do Tempestt foi muito bom e o guitar também era competente. A ideia de uma dupla de abertura foi excelente e serviu para aquecer a galera. Só achei que o repertório devia ser exclusivamente de covers consagrados e matadores (além do Bon Jovi e Journey, poderia ter rolado Whitesnake, por exemplo). Finda a apresentação da dupla da Tempestt (que provavelmente servirá para inspirar o Christian e eu a retomar nossa dupla acústica de covers de hard rock), não demorou e Kip Winger com violão de (12) cordas de aço com afinação bem pesada (parece-me que a corda mais grave estava em C, mas vou conferir). O cara se ajeitou e mandou "Cross", uma faixa de um dos seus discos solo, e que sempre abre os seus shows acústicos. Kip emendou "Who´s the One", uma das belas faixas do "Pull", que já tive oportunidade para dizer que é um dos meus álbuns preferidos. Gravei ambas (8min) mas temi pelo espaço da memória comprometido logo no início do show, sendo certo que Kip não perdeu tempo para enumerar as minhas favoritas. "Down Incognito", com refrão magnífico, e mais uma - a terceira - do "Pull" - e a minha favorita do Winger - "Blind Revolution Mad" (achei que o cara não ia tocar essa, pois não é muito fácil encontrar versões acústicas dessa no youtube). A Ellen anunciou que estava achando o cara simpático, e de fato Kip tirou de letra e se mostrou totalmente a vontade, sem apelar para bajulações desnecessárias ("Rock star pose!"). Brincou com o cara que tava com a barriga colada no palco e fazia uma espécie de backing vocal em "Who´s the One" na parte "How loooooong", e pareceu bastante satisfeito com a reação da plateia, cantando as letras das músicas do Winger e da carreira solo do vocalista/baixista. Todos os presentes sabiam que Kip cantaria "Miles Away", mas achei que seria a música de encerramento; pois foi no meio do set, e Kip resolveu chamar um cara ("who is the best singer here?") para acompanhá-lo. Por sorte, Kip não deixou o cara cantando sozinho e interpretou a sua música mais conhecida (que, por sinal, é uma música do tipo que considero perfeita). Até aquele momento já havia reparado três coisas: (a) Kip Winger tem baita voz e não demonstra esforço algum para alcançar as notas altas e baixas; (b) ele executa acordes e dedilhados complicados no violão enquanto canta, o que sabidamente não é tarefa para qualquer um; (c) nunca tinha ouvido tantas notas diferentes soando dos mesmos acordes que estamos acostumados - parecia que qualquer posição de dedos que ele fizesse sobre o braço do violão sairia um acorde legal -, e nunca tinha ouvido tantas melodias (tanto na voz, especialmente nos refrões consagrados, como no violão). Evidentemente que não faltaram outras das obrigatórias do "In the Heart of the Young", como "Rainbow in the Rose" (na qual foi acompanhado do guitar da Tempestt, e contou com o vocalista da banda paulista em alguns versões e no refrão - ficou legal essa improvisação, e Kip estava bem tranquilo com a participação dos caras). Finalmente Kip mandou mais outra das minhas favoritas, "Easy Come Easy Go", que possivelmente fica melhor nesse formato acústico do que na versão original. O set list estava numa pequena anotação colada no violão, mas não é possível saber ao certo quantas músicas ele tinha inicialmente se disposto a tocar, pois na medida em que o tempo passou, a galera ia pedindo - e cantando junto - várias clássicas do cara, e quando terminaram as clássicas, foram pedindo as da carreira solo ("Daniel", dentre outras que não conheço - mas é só ouvir os mp3 dos discos para lembrar). Então rolou "Seventeen" (muito legal com backing vocal da platéia), "Madeleine", "Hungry", "Spell I´m Under", "Can´t Get Enough", "Headed for a Heartbreak" e em todas elas Winger não se tremeu para alcançar os característicos agudos e gritos típicos do hard rock farofa dos anos 1980. Pareceu-me que o set list já tinha ido embora, e o cara estava só se divertindo e valorizando a grana investida pelos presentes, executando todo o seu repertório, inclusive músicas que ele dizia que jamais havia tocado no violão, ou que não tocava há muitos anos. Lembro que rolou "Blue Suede Shoes", uma das grandes faixas do disco de estúdio mais recente do Winger ("IV"), e então o cara mandou uma instrumental na qual demonstrou que domina o violão de 12 cordas de aço (não conhecia, mas ele anunciou que se tratava de "Free", e acabei registrando apenas os últimos acordes - curti muito uns acordes pesados, bem como um truque massa que dava um toque oriental, sendo que essa parte consegui gravar). Admito que já estava satisfeito, e nem sabia mais o que esperar a seguir, então alguém pediu "Under One Condition" e Kip tocou mais uma das minhas favoritas (acho muito boa a letra, especialmente no refrão). Às 23h30min, preocupados com a questão do estacionamento e tudo mais, e, acima de tudo, satisfeito com a performance, fomos embora, mas tenho certeza que o cara ficou no palco por mais um bom tempo e ainda deve ter tirado fotos com todos os presentes. Na saída o consenso foi de que Kip Winger é um grande músico (acho legal como um cara faz uma apresentação boa dessas só com músicas que ele compôs o sofá de casa, cercado de fãs dedicados), e que nos divertimos bastante.
Vídeos a seguir (youtube lento para disponibilizá-los).
2 comentários:
O show foi do caralho!
Boa descrição da noite, cara.
KIP WINGER RULES.
Bahh! Fui na boa, sem esperar muito (além da única música rock farofa que conhecia) e, à exceção do bolinho de queijo rançoso, o show e a companhia estavam maravilhosos! Pode convidar mais vezes, Dieck! A resenha está perfeita. Ellen
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