terça-feira, 20 de outubro de 2009

Shows XXVII - Stratovarius (Bar Opinião, 19.10.2009, 21h)

Stratovarius em Porto Alegre (Bar Opinião, 19.10.2009)
Em 2005 estive no show do Stratovarius no Opinião; à época, a banda estava na turnê de um disco (“Stratovarius”) sem inspiração, decorrência de um tumultuado período no qual foram veiculadas diariamente notícias esdrúxulas sobre a banda (Timo Tolkki teria sofrido um colapso nervoso, hospitalizado com cortes produzidos por ele mesmo, depois o cara divulgou que a banda retornaria sem Timo Kotipelto e com uma vocalista nova, até que em determinado momento a banda teria encerrado atividades... e depois voltou, com a formação inteira, disco novo, e tudo mais... eventualmente perdi a paciência de acompanhar as declarações acaloradas de parte a parte). Agora se sabe, pelas palavras de Tolkki, que tudo aquilo foi orquestrado pela banda e pela gravadora. Seja como for, o show de 2005 em Porto Alegre foi muito bom, conforme escrevi na oportunidade. Não muito tempo depois, porém, Tolkki resolveu sair da banda e num pedaço de papel outorgou aos remanescentes todos os direitos de exploração da marca e do catálogo do Stratovarius, numa manobra que me parece fraca para tentar provar algum ponto (tipo, de que ele, ao contrário de Kotipelto, Jörg Michael e Jens Johansson, não se importa com o dinheiro). Nada disso me importa, no entanto. É indiscutível que o Stratovarius lançou bons discos e compôs boas músicas, então ainda acompanho a banda tanto quanto possível (em Buenos Aires achei o “Infinite” com faixas bônus e preço bom, e na Fnac consegui com bons preços o “Visions” e o “Destiny”). Pois para continuar a banda e para a vaga de Tolkki foi recrutado Matias Kupiainen, um guitarrista finlandês de 25 anos, e recentemente foi lançado um disco inédito com a nova formação, “Polaris”.

Com as coisas mais favoráveis particularmente nesse segundo semestre, fui ao Opinião pouco antes do horário agendado para o início do show (21h) e encontrei uma grande fila do lado de fora (pena que deu desencontro com a Elenise para levar umas cervejas e animar um pouco a espera). Menos de meia-hora depois, já estava me posicionando à esquerda de frente para o palco, e consegui um lugar bom para me apoiar e registrar alguma coisa.

Os roadies fizeram uma espécie de passagem de som na frente de todos, e lá pelas 21h30min ouviu-se a introdução de “Destiny”. Johansson está com a fisionomia de sempre (o cara parece não envelhecer), ao contrário de Michael (com cabelos brancos e mais barrigudo – e com menor técnica na bateria...); Kotipelto me lembrou o tempo todo o grande Dioberto (parabéns pela participação no Huck), tanto nos vocais como nos trejeitos e na presença de palco; lembrava que o baixista Lauri Porra era magro, mas não que era um cara tão novo; e o novo guitarrista Kupiainen é do tipo rechonchudo, como era o Tolkki.

Destiny



Independentemente disso, Matias mostrou que está com a técnica na guitarra em dia, pois o cara mandou ver nos arpejos com “sweep picking”, bem como nas palhetadas rápidas de músicas difíceis como “Speed of Light”. Lembro que no show de 2005, Tolkki dava uma enganada forte naquelas pausas da banda nas quais ele tocava frases rápidas (e muito legais) na guitarra; Kupiainen, de pé, executou tão bem quanto possível esses padrões que são difíceis de tocar mesmo sentado com a guitarra bem próxima do pescoço (acho que só em estúdio para alguém tocar esses trechos que, em si, não parecem difíceis, mas da maneira como se posicionam na música demandam muita precisão – um vacilo e já era o momento). Antes dessa, porém, os caras tocaram uma das minhas favoritas, “Hunting High and Low”; apesar disso, achei que a interpretação não foi memorável (ou então já não me empolgo tanto com algumas músicas que já ouvi tanto e por tanto tempo).

Hunting High and Low & Speed of Light



Em seguida os caras emendaram outra das boas, “The Kiss of Judas”, com direito a final estendido, bem como a solos personalizados de guitarra.

The Kiss of Judas.



Era inevitável a execução de músicas do disco novo, “Polaris”, sendo certo que eu não conhecia nenhuma das faixas. Kotipelto anunciou e os caras tocaram “Deep Unknown”, que contém riffs claramente não-Tolkki (o riff dos versos tem um groove que Tolkki jamais empregou no Stratovarius).

Deep Unknown



Kotipelto anunciou, então, que a música seguinte aparentemente nos seria muito familiar, pois a melodia lembraria alguma música de criança ou algo do tipo; na verdade lembro que o Valmor/Bruce costumava brincar que o riff de teclado inicial de “A Million Light Years Away” era igual à melodia de “Amigo” do Roberto Carlos, então é possível que seja essa a referência de Kotipelto. Em todo o caso, gosto dessa faixa de “Infinite”, pelo menos a versão de estúdio; ao vivo ficou clara a dificuldade do vocalista de cantar o refrão, o que é plenamente admissível (essa faixa foi gravada há quase 8 anos e a banda não baixou a afinação para facilitar as coisas para o vocalista) e não prejudicou significativamente a performance.

A Million Light Years Away



Então seguiu-se um dueto de solo de baixo e teclado, e depois um solo de teclado (Johansson empregou apenas um Yamaha DX-7). Ao final, a banda executou uma faixa lenta do disco novo, “Winter Skies”, e aproveitei a oportunidade para tirar fotos.

Lauri Porra & Jens Johanson – dueto e solo de teclado


Gosto de shows com set list surpreendente, ou com faixas obscuras, e a banda tocou uma composição de Johansson para o álbum “Infinite”; “Phoenix” tem estrutura bem convencional para a banda e ficou muito bem ao vivo.

Phoenix



A banda cedeu espaço para os solos de guitarra e baixo. Inicialmente, Matias Kupiainen e Porra duelaram, e depois Porra ficou sozinho no palco e assim como 2005 se aproveitou do fato dos brasileiros gostarem bastante do seu nome e tocou uns riffs e solos bem legais no baixo, com umas pausas para gritar “que Porra!”, e a galera prontamente aderiu. Indiscutivelmente foi um grande momento da apresentação da banda, e Porra demonstrou saber comandar uma plateia.

Matias Kupiainen & Lauri Porra – duelo e solo de baixo



Matias fez seu solo de guitarra com muitos arpejos e sweep picking, e então Porra se juntou a ele para tocarem parte de uma instrumental de um disco antigo (“Stratosphere”?).

Matias Kupiainen & Lauri Porra – solo de guitarra e “Stratosphere”?



Kotipelto anunciou que a seguinte seria uma faixa do “Fourth Dimension”, e aqui seria a oportunidade para tocarem uma das minhas favoritas (“Distant Skies”), mas os caras optaram por uma das consagradas, “Twilight Symphony”, que, inobstante, tem realmente um bom refrão e gosto do riff ascendente executado antes dos versos, sem contar ainda os trechos eruditos com guitarra/baixo/teclado.

Twilight Symphony


Mais uma do disco novo. Evidentemente que não consegui identificar, e nem ia registrá-la, mas reparei que o riff inicial de guitarra era interessante a ponto de inspirar alguma coisa própria (com a 4.ª corda solta e depois a 5.ª corda solta), então resolvi ir adiante.

Forever is Today



Os roadies trocaram o amplificador de baixo (embora eu não tenha reparado em defeito algum), mas logo no começo de “Eagleheart” o problema foi com o som da guitarra (que não saiu). A banda não parou e tocou até o final; Matias voltou para parte do solo de guitarra e para o término da música, que assim teve a execução prejudicada (embora tenha valido a experiência dos caras de se manterem sossegados e tocarem a faixa na íntegra).

Eagleheart



A banda se despediu e saiu do palco, mas voltaram em seguida para o bis/encore. E mandaram três das melhores composições da banda. “Forever” é a melhor balada composta por Tolkki, e conta com versão matadora no duplo ao vivo “Visions of Europe”.

Forever



Durante muito tempo a minha música favorita do Stratovarius era a faixa de abertura de “Episode”, e essa formação de 2009 executou uma bela versão de “Father Time”, possivelmente a melhor música do show.

Father Time


Para encerrar as atividades, sabia-se que “Black Diamond” seria a última música. Foi a que mais empolgou a galera. Ao final, os caras permaneceram no palco e fizeram a tradicional brincadeira com o público de gritar “um, dois, três, quatro” em finlandês (“yksi”, “kaksi”, “kolme” e “neljä”), oportunidade na qual eles aproveitaram para alimentar a saudável rivalidade entre plateias de cidades e países vizinhos.

Black Diamond


O show foi bom, mas não muito bom, e no meu caso deve ter sido devido ao repertório: no show de 2005 sobraram músicas do “Episode” como “Will the Sun Rise?”, e do “Visions” como “Paradise”, “Coming Home” e “Legions”, sendo certo que pelo menos esta última deveria ter sido revisitada. É positivo o fato da banda não repetir o repertório (seria despiciendo); senti falta, no entanto, de outras músicas do “Fourth Dimension”, ou dos próprios discos posteriores. Valeu, porém, por ver os caras de volta em ação, com formação competente para os shows.

4 comentários:

Anônimo disse...

Buenos videos!! ya los esperamos en Lima este sabado 24!! STRATOVARIUS EN PERU!!!

Unknown disse...

Queria muito ter ido nesse show. Não deu, mas foi legal ver os vídeos aqui. Obrigada!
Excelente resenha também!

Unknown disse...

Uma pergunta: vi no Flicker que você tirou as fotos com uma Panasonic automática (DMC-LX2. Foi isso mesmo? Achei a qualidade excelente, mais do que o comum para uma câmera assim.

Guilherme disse...

Utilizei a LX2 para as fotos e vídeos. É uma excelente câmera. Dá uma olhada nas resenhas pela internet. Recomendo fortemente essas Lumix mais incrementadas.

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