domingo, 28 de dezembro de 2008

14.º show da Burnin´ Boat: 21.11.2004 - Coruja de Minerva

A mim parece que o Nilton já não estava mais na banda quando surgiu a oportunidade para mais um show, dessa vez no Coruja de Minerva, uma espécie de Guion (sem os cinemas) perto do Estádio Olímpico. Tocaríamos no Kant Bar. O Bruce se encarregou de fazer a divulgação, inclusive com um press release divulgado em site e no Whiplash, mas não houve cartazes pela cidade, nem flyers, nem inserção de qualquer espécie, de modo que tendo o show sido realizado no final de tarde de um domingo ensolarado, num local desconhecido, não houve condições de reunir público significativo.
Os contatos com o Vinícius estavam mais fortes, e dessa vez o cara, além de tocar uma música conosco, se apresentaria com a sua banda Hileia, da qual sabíamos que podíamos esperar muita técnica nos instrumentos. A nossa apresentação na Croco certamente teve algum efeito positivo sobre certas pessoas, dentre as quais o próprio Vinicius que revelou ao Bruce a vontade de tocar uma das nossas composições próprias; mas num incrível erro de comunicação, o Bruce entendeu que a música que o Vinícius curtira era “Hidden”, quando na verdade se tratava de “Ace´s High”.
Sem o Nilton, portanto, contaríamos mais uma vez com o Luis Carlos, o que era bom de certa maneira pois o cara é tão divertido quanto, e toca baixo com competência. Realmente fiquei muito satisfeito com a disponibilidade dele, e a sua vontade de tocar, além dos constantes elogios que ele fazia ao nosso som próprio (certa vez ele disse que o riff de “Heal My Soul” era viciante, e isso me alegrou imensamente). O Luis Carlos também tinha uma formação bem diferente; o cara era fã de hard rock farofa, e tinha bons conhecimentos sobre heavy metal tradicional, de modo que naturalmente tocamos e incorporamos “For Whom the Bell Tolls”, do Metallica, ao set list, além de “Crazy Train” do Ozzy Osbourne.

A resenha que eu fiz na época para o meu blog é a que segue:

“O local do show tem nome inusitado, mas se trata de um centro comercial no estilo do Guion (mal comparando), com vários bares com sinuca, salas de musculação, tatuagem e até uma com parede para prática de "alpinismo". O lugar é decente, perto do Estádio Olímpico, e tem uma parada de ônibus bem na frente (vimos várias linhas de ônibus e lotação passando por ali). Mas o horário, o belo tempo que fez neste domingo, e a distância em relação ao Centro e ao Bom Fim, afugentaram o público. De minha parte, fiquei honrado pelas presenças qualificadas do André e do Dieter.

Encontramo-nos diretamente no local às 16h (o show estava previsto para 18h). Como a nossa seria a primeira banda, fizemos a passagem de som por último. Tocamos apenas a metade de HIDDEN com o Vinícius. Rolou, após, uma pequena jam (alguns riffs nossos) entre eu, Bruce e Márcio (guitarrista da Hiléia). O show começou pouco depois das 19h.

O set-list foi tacitamente determinado por mim, em atenção às trocas de afinações e à participação do Vinícius: ACE´S HIGH, BLACK DRESSING SOUL, NOISE GARDEN, HEAL MY SOUL, CRAZY TRAIN, FOR WHOM THE BELL TOLLS, HIDDEN e PERFECT STRANGERS - e SPECTREMAN. De modo geral, a execução das músicas foi boa. Rolou alguma empolgação em ACE´S HIGH (por ser a primeira, e por ser boa). Aparentemente, segundo o Bruce ao final do show, era essa que o Vinícius havia pedido para tocar; mas, em razão de uma falha na comunicação entre os dois, acabou tocando em HIDDEN. CRAZY TRAIN, como era de se esperar, foi outra que empolgou (um dos presentes posicionou-se bem a frente do Cláudio na hora do solo).

A participação do Vinícius, mais uma vez, foi muito boa. Ele, efetivamente, tirou os riffs de HIDDEN e ainda solou naquela parte lenta da versão de estúdio, que não tocávamos há bastante tempo, e que foi resgatada exclusivamente para esse show. PERFECT STRANGERS foi perfeita - é daquelas extremamente chatas de tocar nos ensaios, só com as guitarras, mas altamente compensadoras quando executadas ao vivo, com o acréscimo dos teclados.

Em seguida subiu ao palco a Hiléia. Todos os integrantes possuem invejável técnica. Abriram com ANOTHER DIMENSION do Liquid Tension Experiment, tocaram um pouco do riff de AS I AM do Dream Theater e emendaram com uma composição própria (THE WORST DAY OF YOUR LIFE), se não estou enganado. Mas o melhor momento da noite, para mim, foi quando eles tocaram EROTOMANIA do Dream Theater. É, seguramente, o melhor instrumental do DT, que exige muito do guitarrista. E o Márcio, que confidenciou que a banda não havia ensaiado para o show, desempenhou brilhantemente o papel de John Petrucci - o cara tem uma palhetada muito boa, e é muito ágil na mão esquerda. Sem contar que alcançou timbres decentes da pedaleira Digitech 7 (eu tenho a 6, e não uso mais). Rolou um cover de MASTER OF PUPPETS. Quando deram por encerrado o show, exigimos que tocassem um Rush. Luke sugeriu YYZ, que foi perfeitamente executada.

A Silent Storm fechou com vários covers de clássicos do metal e uma composição própria (bem melhor que Gamma Ray). Abriram com KILL THE KING do Megadeth (bela música). Em geral as execuções foram bem aceleradas - mas não vejo nada de errado nisso, pois acabou até sendo positivo, uma vez que reprisaram FOR WHOM THE BELL TOLLS e MASTER OF PUPPETS. Tocaram um Iced Earth que é muito bom (não lembro o nome da música), um Iron (TRANSYLVANIA), outro Metallica (SEEK AND DESTROY), e outro Megadeth (SYMPHONY OF DESTRUCTION). O guitarrista solo tem boa técnica, mas o timbre não ajudou. O Luke mandou bem no baixo e nos vocais (é afinado, e compensa alguma falta de alcance da voz com uma presença de palco altamente carismática - o lance do "Concurso garota Silent Storm" foi hilário).

De modo geral, considerei positivo o show, pois não houve problemas com o som (que muitas vezes esteve bem alto) e nem com a organização. A falta de público é mesmo um problema crônico, que só será resolvido quando se fizer propaganda mais agressiva, como cartazes nas ruas, inserções nas rádios e até apresentação em programas tipo Radar e aquele da TV COM, além de consolidar o Coruja de Minerva (que nome!) como local para shows de som pesado.”


Pouco depois desse show, fizemos mais três ensaios no final de 2004, todos eles com o Luis Carlos no baixo, e apenas o primeiro com o Cláudio na guitarra. Resolvemos baixar a afinação das guitarras em um tom, que era uma tendência já revelada há algum tempo. Esses ensaios foram totalmente descompromissados, e no segundo deles tivemos a oportunidade de fazer um dos mais divertidos de todos os tempos, no qual o Bruce, eu, o Luis Carlos e o Luciano (além do Sebastian, dono do estúdio), fizemos covers de uma porção de músicas de várias bandas diferentes. Após o terceiro ensaio, resolvi não agendar o próximo encontro, pois não queria me vincular naquele final de ano. Mal sabia eu que aquele seria o nosso último encontro antes de tocarmos mais uma vez um ano depois, em janeiro de 2006.

Em 2005, cada um foi para um lado. O Cláudio arranjou um belo trabalho na Finlândia, e assim passaria 2006 fora do Brasil. Em janeiro de 2006 resolvemos fazer um ensaio de despedida, e assim nos reunimos com o Gilberto e o Luciano nos vocais, além do Nilton no baixo.

Apenas em março de 2007 o Bruce e eu voltamos a nos reunir para uma sessão de gravações, na qual registramos algumas músicas há tempo compostas (“Sluts of Justice”, “Heal my Soul”), revitalizamos um bom riff (“Oblivious”) e ainda juntamos idéias em torno de um dedilhado estilo Opeth que havia criado no final de 2004 (que o Bruce denominou de “Hollow”). De todas a melhor é essa última, e a sua criação foi bastante inusitada e o resultado foi bem satisfatório. Apesar do meu plano de fazer esse tipo de sessão uma atividade mensal, acabei sucumbindo a outros afazeres inadiáveis, de modo que mais uma vez a banda ficou inativa.

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