Em agosto/setembro de 1994 o Kiss embarcou para a América do Sul para uma memorável turnê, pois os caras no áuge da forma com uma formação espetacular: além de Paul Stanley (cantando muito) e Gene Simmons (já não muito bom no vocal), havia o excepcional Eric Singer na batera e o sempre eficiente Bruce Kulick. O interesse pelo Kiss havia sido renovado após o lançamento de um ótimo disco de estúdio em 1992 ("Revenge") e de mais um "Alive" (o III), em 1993, sendo que o set list foi radicalmente alterado em comparação com o das outras turnês para privilegiar o material dos anos 70 em desfavor da produção dos anos 80 (numa tentativa de voltar aos bons tempos de "hottest band of the world"),
A banda foi a atração principal do Monsters of Rock daquele ano em São Paulo, que foi um evento que durou um sábado inteiro e reuniu um monte de bandas boas: as que lembro agora são Dr. Sin, Angra, Suicidal Tendencies, Black Sabbath (com Iommi, Butler, Ward e Tony Martin). A MTV exibiu flashes durante todo o dia, e transmitiu ao vivo o exato instante que o Kiss entrou no palco e a primeira música, a minha favorita de todas, "Creatures of the Night". Alguns meses depois eles passaram os melhores momentos de todos os shows, e pude acompanhar parte do set list e a performance dos caras; o som das guitarras não era tão bom quanto o do "Alive III", mas Eric Singer mandava muito na batera, e as músicas foram muito bem escolhidas. Por problemas de logística, a banda se apresentou com o palco da turnê anterior (do "Hot in the Shade"), com a esfinge atrás da bateria, e se efeitos pirotécnicos (quando muito, Gene cospe fogo ao final de "Firehouse" e Paul quebra uma guitarra barata ao final de "Heavens on Fire"). Inexplicavelmente não foi executada "Rock and Roll All Nite" - não tenho notícia e outro show que os caras tenham deixado de tocar a sua música mais famosa.
Em 1995, o Giulia e eu vimos na Stoned e na Boca do Disco dois bootlegs que nos deixaram eletrizados: "Alive IV" e "Alive V", correspondentes a dois shows gravados em Buenos Aires, no Estádio Monumental de Nuñez, em dois dias consecutivos. Na Stoned o preço era extorsivo, mas na Boca dava pra fazer, ou melhor, o Giulia tinha condições de adquirir o disco na época. O repertório dos dois discos duplos era praticamente o mesmo, com a diferença única de que o "Alive V" tinha uma música a mais ("Got to Choose"), então esse foi o critério para a escolha. O Giulia conseguiu gravar os discos em duas fitas C-60, e as ouvi todos os dias durante vários meses. Afinal, esse "Alive V" continha boa parte das minhas músicas favoritas do Kiss como "Creatures of the Night", "I Stole Your Love", "I Love it Loud", entre tantas outras.
Característico desse bootleg é o registro da platéia argentina durante o show do Kiss. Ficamos impressionados com a interação dos argentinos nas pausas entre as músicas, além do fato de que os caras cantaram todos os versos, os riffs e até alguns solos. Conhecemos aí os gritos das torcidas de futebol (consagrados na Bombonera e no Monumental de Nuñez), adaptados para homenagear o Kiss. E Paul ainda falava com o público em espanhol: "no hablo en español muy bien pero comprendo tus sentimientos y tus corazones. E mi corazón es suyo" (sic).
Com tudo isso não havia como querer mais de um disco ao vivo - não conheço registro mais preciso de como estar num Estádio durante um show.
Anos mais tarde, o Bruce adquiriu os dois "Alive" gravados em Buenos Aires no balaio da Stoned, e posteriormente veio a me confiar a guarda dessas preciosidades, em atenção ao fato de que ele não seria mais tão fã da banda quanto eu.
2 comentários:
olá, catando info sobre a volta dos mascarados, acabei neste site...
por acaso ainda tem os registros desse vinilos (ou eram CDs?)
Abraços,
OMAR
Tenho outros CDs sim, vou fazer as resenhas respectivas tão logo quanto possível.
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