Como colecionador de cds, nada mais irônico e frustrante do que, após investir tempo e dinheiro para completar a discografia de alguma banda, ver serem relançados os discos remasterizados, ou ainda com a adição de "bonus tracks". Foi com essa sensação que vi o lançamento de "Made In Japan" em versão remasterizada e com cd duplo (no disco 2 tem os "encores": "Black Night", "Speed King" e "Lucille"). Mas somente havia disponível importado e com preço exorbitante, então nem perdi o sono por causa dele. Numa das recentes visitas rápidas ao Centro passei pela House of Metal e no balaio do cara gente-fina que atende lá tinha essa "Remastered Edition" por 30 pila. Nada mal para um disco duplo nacional (muitos discos simples custam mais caro que isso). E assim, a minha coleção de discos do Deep Purple engrossa (mas ainda falta coisa...).
Em data bem recente escrevi sobre o original "Made in Japan". E assim me reporto a tudo o que escrevi ali, sobretudo porque ainda acredito que se trata do melhor disco ao vivo de rock de todos os tempos.
As diferenças da versão remasterizada para a original ficam mais fáceis de perceber com o auxílio de headphones - esse exercício farei em outra oportunidade - ou de um som potente.
As "encores" são não menos que clássicos dos primórdios do Mark II, sendo que "Speed King" e "Black Night", quase quarenta anos depois, ainda fazem parte do repertório da banda, com maior ou menor persistência. Já sabia, por bootlegs da época do "In Rock", que "Black Night" era tocada em versão "full-throttle", totalmente incendiária e enérgica, e o mesmo se repete aqui. A levada da bateria é muito empolgante e a faixa ganha uma dimensão incrível se comparada com o original de estúdio. Alguns erros antes e depois dos solos, mas a música segue - em todo o caso se entende porque foi preterida no disco, o mesmo podendo ser dito de "Speed King". Nesse último caso é bem difícil ouvir alguma coisa, pois os caras parecem estar arrebentando os instrumentos, e aí seria uma espécie de "bis in idem" diante dos quase 20min de "Space Truckin´" - que acabou ficando no disco. Por fim, "Lucille" demora um monte para começar; trata-se de uma versão bastante particular desse clássico do blues, que vai ficando cada vez mais demente até o final absolutamente insano. Então esse cd de "encores" é para quem realmente ainda tem um pouco de ouvido, pois a barulheira é incomparável - solos de Lord e de Blackmore especialmente.
O booklet é tranqüilo de ler (ao contrário de outros, muito longos, como o da edição de 25 anos de "In Rock"), e traz condensadas todas as informações que já conhecia de forma dispersa: a gravação dos shows se deu por iniciativa e sugestão da representação da gravadora no Japão, e a idéia era apenas lançar lá o disco, evoluindo depois para lançamento também na Inglaterra após "Who Do We Think We Are", ao contrário do resto do mundo que viu o lançamento de "Made in Japan" antes do último disco de estúdio do Mark II até o retorno em 1984; o lançamento do triplo "Live in Japan", que o Tiago tem (o cara comprou em 1998, numa das primeiras aquisições pela internet por alguém conhecido que tenho notícia), e que traz quase a íntegra das três apresentações do Purple em solo japonês (duas em Osaka e uma em Tóquio); o esclarecimento sobre onde cada faixa do disco foi registrada, e as razões da escolha de cada qual (o repertório permaneceu praticamente invariável nos três shows, mudando só os "encores", e a escolha das versões para o disco seguiram mais ou menos o seguinte: a melhor performance foi a da terceira noite, no Budokan em Tóquio, mas a acústica não era favorável, e dali saíram "The Mule" e "Lazy" (além de "Black Night" e "Speed King"); na primeira noite em Osaka a banda estava cansada pela longa viagem e tocou timidamente, e dali saiu apenas "Smoke on the Water" (conforme o booklet do "Live in Japan", só o foi porque se tratou da única noite em que Blackmore não arruinou a introdução); sobrou, então, a performance da segunda noite em Osaka, a mais aceitável, e dali sairam "Highway Star", "Child in Time", "Strange Kind of Woman", "Space Truckin´" e a encore "Lucille". Os caras tiveram o cuidado de não fazer coincidirem as versões bônus desta "rematered edition" com aquelas que já constavam do "Live in Japan", de maneira que, conforme o booklet, apenas a versão de "Black Night da segunda noite em Osaka permanece não lançada - provavelmente aguardando o próximo lançamento de "Made in Japan - definitive edition".
2 comentários:
cara, não vou comentar o post primeiro porque não li. segundo porque realmente o DP não é uma das minhas coisas favoritas.
mas vim aqui pra fazer propaganda, já que faz tempo que eu não te vejo num show meu (normalmente eu te via porque tu também ia tocar heheuhe).
vai lá amanhã (sexta)? curte faith no more?
Do Faith no More achei um que reúne o "Angel Dust" e o "Real Thing" pelo preço de um cd.
Mas não deu para comparecer. Cheguei tarde de NH e ainda fiz várias coisas para então me preparar para a viagem de sábado de manhã. Acho que agora que tu estás desonerado do trabalho de conclusão, e que estou mais perto de casa, as oportunidades vão ser mais freqüentes.
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