Categorias da melhor revista de guitarra do mundo: Guitar World.
Hall of Fame: Eric Clapton
MVP of 2009: Jerry Cantrell (Alice in Chains)
Best new talent: n/a
Best rock guitarist: Tony Iommi (Heaven and Hell)
Best metal guitarist: Mark Morton/Willie Adler (Lamb of God)
Best shredder: Chris Brodderick (Megadeth)
Metal album of the year: "Wrath" Lamb of God
Extreme Metal album of the year: n/a
Alternative Rock album of the year: n/a
Rock album of the year: "Black Gives Way to Blue" Alice in Chains
Comeback of the year: Alice in Chains & Kiss
Best riff: "Bible Black" Heaven and Hell; "Set to Fail" Lamb of God; "Divinations" Mastodon; "Check My Brain" Alice in Chains.
Melhor DVD: n/a
Melhor show: Kip Winger
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Kiss "Gods of Thunder" (1993 bootleg)
Bruce Kulick ingressou efetivamente na banda para a turnê europeia do disco "Animalize", em 1984, ocupando a vaga de Mark St. John (RIP), e é notável como a substituição pouco se fez notar ou sentir, pois a banda parece tão bem ensaiada como se Kulick fosse o guitarrista solo há anos. É exatamente dessa época o bootleg "Gods of Thunder", que traz parte do show de 11.10.1984 em Ipswich, com excelente qualidade de som (soundboard), aparentemente transmitido por rádio FM na oportunidade. Particularmente, entendo que caberia um "Alive III" para registrar essa época, conquanto admita que as músicas estão com andamento bem mais rápido devido à levada forte de Eric Carr. O bootleg em questão é valioso por conter uma das poucas versões ao vivo de "I´ve Had Enough": é a minha favorita de "Animalize" e não entendo a razão pela qual essa música foi abandonada dos set lists, apesar de que "Under the Gun" é muito boa também. As 10 faixas coincidentemente estão bem distribuídas, pois há as antigas ("Detroit Rock City", "Cold Gin" e "Strutter"), as recentes ("Fits Like a Glove", "Heavens on Fire", "Under the Gun", "I´ve Had Enough") e as últimas da fase mascarada ("I Still Love You", "I Love It Loud", "Creatures of the Night").
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Jimi Hendrix "Axis: Bold as Love" (1967)
Nesse sábado, 26.12, ouvi na íntegra "Axis: Bold as Love" cinco vezes, quatro no caminho de volta da praia, e em cada uma delas fiquei impressionado positivamente com a beleza de "Little Wing". Baita timbre de Fender Stratocaster, uma introdução matadora, e o andamento de balada estilo Hendrix bem característico; para completar, há uma bela melodia no solo, que é cortado pelo fade out prematuramente. Conhecia "Spanish Castle Magic" desde a versão ao vivo de Yngwie Malmsteen com Joe Lynn Turner ("Live in Leningrad"), mas agora reuni as condições para apreciar Hendrix com um belo riff de guitarra. "If 6 Was 9" é uma boa composição, com riff de notas soltas e pausas; aqui sobrou o espaço para jams e solo de bateria que faltaram em "Little Wing". "You Got Me Floatin´" parece uma música genérica do guitarrista, mas é inegável que o riff principal é muito bom, assim como o andamento da faixa. Parece-me que "Castles Made of Sand" antecipa em décadas o som que o Red Hot Chilli Peppers viria a perseguir com John Frusciante nos anos 2000. Entendo, ainda, que "Axis: Bold As Love" não é tão bom quanto o primeiro álbum de Hendrix, mas é provável que não lhe esteja fazendo justiça e que com mais audições reveja essa posição, sendo certo que em todo caso se trata de um disco clássico de rock.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
CDs do Kiss - Parte VIII "Ace Frehley" (1978)
Em 1978 a maior banda de rock dos EUA era o Kiss, e os caras se julgaram tão bem sucedidos que resolveram lançar simultaneamente quatro discos solo, i. é, Ace, Gene, Paul e Peter lançaram discos solo na mesma data. Pelo que se sabe, cada um reivindicava para si a razão do sucesso do grupo, e isso agregado aos excessos que acompanham a fama (bebida e drogas) levou Peter e Ace a cogitarem a ideia de sair da banda; como medida de urgência, optou-se pelo lançamento dos discos solo. Em termos de som, quem se deu melhor foi Ace Frehley, o único que emplacou um single (“New York Groove”). Ace chamou o lendário Eddie Kramer (além de ser produtor de Jimi Hendrix, o cara também trabalhou em “Alive!”, “Alive II” e “Love Gun”), e contou com Anton Fig na bateria (o cara eventualmente substituiu Peter Criss nas sessões de “Dynasty” e “Unmasked”, formou a Frehley´s Comet e há muitos anos é o baterista da banda de apoio do Paul Schaffer no programa do David Letterman).
No Natal quente de 1993 já estava familiarizado com o som do Kiss nos anos 1970 e tinha curiosidade por esse CD solo de Ace, de maneira que foi por aí que pedi para os caras de uma loja de CDs importados e bootlegs para gravar uma fita K7 com o álbum. E o resultado foi altamente satisfatório. Eventualmente, adquiri o disco na Mad Sound em janeiro 1996 (junto com o “Images and Words” do Dream Theater), naturalmente importado, mas com preço pagável (não sabia que algum tempo depois a loja fecharia as portas).
Ace já tinha demonstrado aptidão para compor bons rocks (“Parasite”, “Shock Me” e “Rocket Ride”). E o cara mandou mais do mesmo no seu disco solo. Em TODAS as faixas os solos de guitarra são brilhantes demonstrações de como são legais as pentatônicas numa Gibson Les Paul. Muitas contêm riffs marcantes (“Rip It Out” é o melhor exemplo). Mais relevante, no entanto, é a diversidade do material: há músicas aceleradas (“Rip It Out”), cadenciadas (“Ozone”), rock (“Speeding Back to My Baby”). Além disso, Ace demonstrou capacidade para registrar camadas de guitarras, como na instrumental “Fractured Mirror” e em “Ozone”. Enfim, tanto quanto os solos de guitarra, TODAS as faixas desse álbum são muito boas.
Indiscutivelmente é o melhor dos discos solo de 1978 e seria um dos melhores da discografia do Kiss se tivesse contado com a contribuição do quarteto.
No Natal quente de 1993 já estava familiarizado com o som do Kiss nos anos 1970 e tinha curiosidade por esse CD solo de Ace, de maneira que foi por aí que pedi para os caras de uma loja de CDs importados e bootlegs para gravar uma fita K7 com o álbum. E o resultado foi altamente satisfatório. Eventualmente, adquiri o disco na Mad Sound em janeiro 1996 (junto com o “Images and Words” do Dream Theater), naturalmente importado, mas com preço pagável (não sabia que algum tempo depois a loja fecharia as portas).
Ace já tinha demonstrado aptidão para compor bons rocks (“Parasite”, “Shock Me” e “Rocket Ride”). E o cara mandou mais do mesmo no seu disco solo. Em TODAS as faixas os solos de guitarra são brilhantes demonstrações de como são legais as pentatônicas numa Gibson Les Paul. Muitas contêm riffs marcantes (“Rip It Out” é o melhor exemplo). Mais relevante, no entanto, é a diversidade do material: há músicas aceleradas (“Rip It Out”), cadenciadas (“Ozone”), rock (“Speeding Back to My Baby”). Além disso, Ace demonstrou capacidade para registrar camadas de guitarras, como na instrumental “Fractured Mirror” e em “Ozone”. Enfim, tanto quanto os solos de guitarra, TODAS as faixas desse álbum são muito boas.
Indiscutivelmente é o melhor dos discos solo de 1978 e seria um dos melhores da discografia do Kiss se tivesse contado com a contribuição do quarteto.
Resenha de CD - Helloween "Live in the UK" (1989)
Sabe-se que a fase clássica do Helloween é aquela dos discos "Keeper of the Seven Keys", tanto pelas músicas formadoras do gênero que se convencionou chamar "power metal" (ou metal melódico, ou, para mim, heavy melódico), como pela formação com Michael Kiske e Kai Hansen, sendo certo que para mim Kiske é o vocalista definitivo do gênero. "Live in the UK" é um excelente registro ao vivo dessa formação, apesar do repertório curto - apenas 7 músicas. Duas das melhores mais conhecidas da banda estão presentes, "Future World" e "Dr. Stein". Além disso, "A Little Time", "Rise and Fall", "We Got the Right" (nessa Kiske justifica o que um vendedor da extinta Banana Records do Iguatemi me falou certa vez, que o vocalista canta alto o tempo todo até não poder mais... e quando achamos que cara não consegue cantar mais alto, ele canta assim mesmo; admito que achei um pouco cansativa essa versão ao vivo do cara se rasgando o tempo todo). Constam, ainda, duas clássicas da era Kai Hansen: "I Want Out" (nunca tinha reparado que uma parte lá pelos solos tem um riff muito parecido com o riff de "Road to Hell" do Bruce Dickinson) e "How Many Tears". O som de todos os instrumentos é espetacular, com destaque para a bateria (belo som de caixa) de Ingo Schwartzenberg, sem prejuízo do baixo cheio de notas pulantes de Markus Grosskopf, as guitarras precisas e com bom timbre de Kai Hansen e Michael Weikath, e os vocais magníficos de Michael Kiske, que além disso é um baita frontman (em todos os intervalos entre as músicas, o cara brinca com a plateia e é acompanhado pelos colegas de palco com inúmeras gozações). Lamento apenas o rumo que a carreira do vocalista seguiu após a saída do Helloween, pois foi Kiske quem perdeu mais.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Jimi Hendrix "Blues" (1994)
Para mim sempre foi claro que Hendrix tinha bases sólidas no blues, mas pareceu conveniente para alguém lançar uma coletânea póstuma exclusivamente dedicada ao blues do guitarrista. Esse álbum contém composições próprias e covers, jams e gravações de 11 faixas, prevalecendo alguns dos mais fantásticos licks de blues com bends, hammer-ons e pull-offs, dentre outros tantos truques de Hendrix, com o timbre matador da Fender Stratocaster, que tanto tenho cultuado ultimamente. Está me parecendo que o passo seguinte para realmente admirar a obra de Hendrix é tentar tocar na guitarra alguns desses riffs e licks e incorporar alguma coisa ao meu já defasado e genérico vocabulário guitarrístico. Nesse sentido, coisas muito boas são ouvidas durante "Red House", "Catfish Blues" (o início é bem clássico e o solo é furioso e o timbre de Strato é matador - cumpre notar as alavancadas expressivas durante os solos), "Jelly 292" (os turnarounds) dentre todas as demais.
Resenha de CD - Jimi Hendrix "Blue Wild Angel: Live at the Isle of Wight" (2002)
Admito que às vezes é preciso um pouco de dedicação para ouvir os álbuns ao vivo de Hendrix, pois frequentemente as músicas tomam o rumo de extensas jams, as quais perdem a novidade a partir de um par de audições. Se esse CD contém apenas parte do lendário show na Ilha de Wight em 31/08/1970, pelo menos o set list é bem representado por algumas das melhores e mais (então) recentes composições do guitarrista. Não me abri para a faixa de abertura, uma rendição do hino britânico, ao contrário do que particularmente achei do cover para "Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band" dos Beatles, imediatamente emendado com uma arrasadora versão de "Spanish Castle Magic". Uma pequena pausa e então vem o espetacular cover para "All Along the Watchtower" de Bob Dylan (é comum dizer-se que a versão de Hendrix é a definitiva para essa faixa, superando o original). Gosto bastante do timbre da guitara de Hendrix na introdução e nos solos. Gosto mais da "Machine Gun" que aparece em "Band of Gypsies" (sobretudo em razão da introdução bem mais marcante dessa última), mas é interessante ouvi-la com outro baterista e em outro ambiente - e realmente dá pra ouvir o som do rádio da polícia vazar para os amplificadores pouco antes de Hendrix cantar os primeiros versos. Duas das minhas favoritas mais recentes seguem de "Lover Man" e de "Red House", respectivamente: "Freedom" e "Dolly Dagger". Nesta última fica mais evidente que na versão de estúdio a estrutura dessa faixa que começa com uma brilhante introdução, segue o refrão, volta para o riff inicial, finalmente aparecem os versos, novamente o refrão, o riff introdutório e o solo de guitarra sobre a base dos versos. Lamentavelmente não conto com a íntegra desse show realizado poucas semanas antes de 18.09.1970.
Resenha de CD - Jimi Hendrix "First Rays of the New Rising Sun" (1997)
Nesses últimos dias tenho me interessado mais de perto pelo timbre da Fender Stratocaster, então veio em boa hora uma promoção da Saraiva com CDs relançados da Universal, sobretudo porque tive a oportunidade de aumentar a coleção com discos do Cream, Clapton e, fundamentalmente, Hendrix. Já estou familiarizado com a noção de que "First Rays of the New Rising Sun" é uma espécie de tentativa de antecipar o que eventualmente seria o quarto disco de Jimi Hendrix, com base no material que o cara gravou e/ou executou ao vivo até setembro de 1970. Com os ouvidos um pouco mais treinados, estou curtindo algumas das boas faixas desse disco, que ao meu sentir não é tão bom quanto poderia ser o quarto álbum de Hendrix, se fosse o caso. Já conhecia "Freedom" em versão de Glenn Hughes, mas o original é muito superior, notadamente pelo fantástico timbre de Stratocaster que desde logo abre a faixa. "Izabella" é muito boa, ressalvado o refrão, e admito que o solo de guitarra, que conta com um timbre bem característico e expressivo na hora dos bends nas casas mais agudas, acaba se tornando um pouco abusivo por conta, justamente, de um monte de bends nas casas mais agudas. Particularmente, minha favorita é "Dolly Dagger", em razão de sua introdução ameaçadora, que me lembra menos rock do que jazz fusion ou algo que o valha. Além disso, a linha de baixo é muito legal e também vale a pena prestar atenção nas bases das guitarras. Lembro de quando o Barboza me mostrou uma música do Hendrix e dizia que Lenny Kravitz havia roubado um lick de tal faixa para criar o espetacular riff de "Are You Gonna Go My Way"; entendo que ele se referiu erroneamente a "Lover Man", pois particularmente acho que um riff que aparece no meio (i. é, logo após o solo de guitarra) de "Ezy Rider" é exatamente os primeiros compassos do riff da música clássica de Kravitz. Se "Drifting" é mais uma balada bonita de Hendrix (convém reparar na beleza dos timbres limpos da Stratocaster), "Stepping Stone" tem uns licks com pedal wah que serviram como inspiração imediata para muitos dos licks de Steve Vai e Joe Satriani. "Hey Baby (New Rising Sun)" é majestosa demonstração da capacidade de Hendrix preencher o som com base e solo simultaneamente, algo que só Eddie Van Halen conseguiu repetir satisfatoriamente. Já percebi que se impõe dedicar atenção aos discos de Hendrix mediante repetidas audições com ouvidos pesquisadores para bases, solos, timbres, efeitos, etc.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Jimi Hendrix "Live at Berkeley" (2003)
Há uns 15 anos atrás, quando quis conhecer o som de Hendrix, não tolerava os CDs ao vivo, pois queria ouvir as composições do guitarrista, e ao invés disso ouvia o cara solando quase o tempo todo. Agora já consigo apreciar a loucura que essa lenda provocava nos shows. Entretanto, os CDs de Hendrix desapareceram das prateleiras das lojas. Confio numa reedição remasterizada da discografia para 2010, face aos 40 anos da perda do guitarrista. A venda de usados da Espaço Vídeo veio me socorrer: trouxe para casa, dentre outros, o "Live at Berkeley", com parte do repertório de 30.05.1970, quando Hendrix voltava a se apresentar com o Experience, formado agora por Mitch Mitchell e Billy Cox. Se as versões de "Machine Gun" e de "Star Spangled Banner" não são tão fortes quanto às que apareceram em "Band of Gypsies" e "Woodstock", pelo menos esse bom CD tem uma excepcional versão para "Hey Joe", além de outras muito boas para "Stone Free", "Foxey Lady", "Purple Haze" e "Voodoo Child (Slight Return)", sem contar "Lover Man" e "I Don´t Live Today". O timbre da Fender Stratocaster e os múltiplos efeitos empregados por Hendrix (wah-wah, notadamente) estão dignamente representados nesse CD, e é aqui que centro minhas pesquisas.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Iron Maiden "The Eternal Flame" (1996, bootleg)
Talvez maior que a curiosidade de saber como seria o Iron Maiden com o vocalista novo (Blaze Bailey) era saber como seriam as músicas antigas com o vocalista novo. Afinal, Bruce Dickinson é um espetacular frontman, totalmente identificado com a banda, e Bailey, desde o lançamento de "The X Factor", tem estilo completamente diferente. Quais músicas do repertório antigo seriam eleitas para combinar com a voz de Bailey e como o cara mandaria esses clássicos? Lembro bem de todas essas inquietações em 1995, e me recordo da surpresa de ver na TV3 um bootleg com parte dos shows da banda em 01 e 05 de novembro de 1995 em Gothenburg e Glasgow, respectivamente. Boa parte do set list era das músicas do disco novo ("Man on the Edge", "Lord of the Flies", "The Aftermath", "Sign of the Cross", "Fortunes of War"), em relação ao qual houve pouca alteração em relação à versão original (entretanto, fica mais evidente o limitado alcance de Bailey, que repete sempre a mesma melodia no refrão, pouco mudando as notas para dar um novo colorido, além do fato de que o cara parece murmurar a letra - por tê-la esquecido - antes dos solos de "The Aftermath"); das antigas, "Wrathchild", "Heaven Can Wait", "Afraid to Shoot Strangers", "The Evil That Men Do", e "Iron Maiden". Em boa parte delas, Bailey desafina, mas tenta manter a animação durante os shows. O som, em geral, é bom para o padrão bootleg, e é da distribuidora que colocava na contracapa uma etiqueta informando a fonte ("source: soundboard digital recording") e a qualidade da gravação (quatro sinais de positivo). A guitarra de Dave Murray é mais evidente na mixagem. Seja como for, a banda estava bem ensaiada e tocando com perfeição.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
CDs do Kiss - Parte VII "Alive II" (1977)
Em 1977 o sucesso do Kiss em sua terra natal era tão forte que os caras e a gravadora se sentiram à vontade para lançar mais um disco ao vivo, almejando repetir o êxito de “Alive!”. Se este contava com o repertório baseado nos três primeiros discos, para “Alive II” a banda utilizou os três discos lançados desde então, e ainda agregou faixas novas gravadas em estúdio. Ainda que não tenha se tornado tão bem sucedido quanto o primeiro, o segundo disco duplo ao vivo é ainda considerado um clássico da banda. Sabe-se que o Kiss gravou shows no Japão da turnê de “Rock and Roll Over” para o lançamento de um disco ao vivo, mas eventualmente se optou pelo arquivamento do projeto e o ingresso em estúdio para a gravação de mais um disco de inéditas em 1977, que viria a ser o “Love Gun”.
As lojas de CDs costumavam prestar um grande serviço em época pré-internet: mediante encomenda, os caras gravavam de um dia para o outro numa fita k7 os CDs disponibilizados para venda. Era um excelente recurso para quem não podia comprar todos os CDs que quisesse, e mesmo servia para conhecer álbuns só lançados no exterior, sobretudo os importados e os bootlegs. Assim, pedi para uma loja que ficava na R. Fernando Machado e agora está na Gal. Chaves o “Alive II” e o “Ace Frehley”, no Natal quente de 1993. E lembro que gostei bastante dos dois discos. Eventualmente, comprei numa loja de CDs de uma grande rede local que ficava perto do supermercado do Praia de Belas em 1996 por um bom preço para um importado (pouco mais que um disco simples – jamais vi o disco lançado em CD nacional).
No caso do “Alive II”, já estava familiarizado com parte do repertório. Entre conhecidas e desconhecidas, curti muito “Makin´ Love” pelo riff, pela levada faceira da bateria, e pelo refrão. Acredito que essa é a versão definitiva dessa faixa do “Rock and Roll Over”.
Ace Frehley manda muito bem em “Shock Me”, e ao final há espaço para o seu solo de guitarra. Mesmo não contando com os elementos visuais da apresentação ao vivo (fumaça pelo captador da guitarra, além dos “tiros” a partir do braço do instrumento), o solo de guitarra é memorável por conter uma série de licks posicionados de forma início-meio-fim. Trata-se do melhor registro de solo de guitarra de Ace e parâmetro para aferição dos demais.
Peter Criss canta em duas faixas: “Hard Luck Woman”, uma das minhas favoritas, ganha uma versão decente e muito parecida com a de estúdio; e “Beth”, que é sua marca registrada. O baterista se destaca, no entanto, pela excelente performance na maior parte das faixas; o cara realmente estava no ápice da forma musical, e isso fica evidente logo na abertura com a levada rápida de "Detroit Rock City".
Algumas faixas me parecem fracas, apesar de ser bom tê-las em versão ao vivo em todo o caso: “Ladies Room”, de Gene, “Tomorrow and Tonight” e “King of the Nighttime World”, de Paul. De outro lado, uma das minhas favoritas é “I Stole Your Love”, e jamais ouvi versão ao vivo que superasse a de estúdio, notadamente pelos vocais e pelo próprio destaque do som das guitarras. “God of Thunder” tem espaço para o “solo” de Gene Simmons (no qual cospe “sangue” e é elevado para uma estrutura bem alta no palco) e a banda executa a música em alta velocidade (mais parece a versão demo original de Paul do que a original de “Destroyer”).
O chamado “lado quatro”, ou lado B do disco 2 (na época do vinil) é composto por músicas registradas em estúdio: um cover (“Anyway You Want It”) e quatro originais. Para fins de Kisstory esse registro é importante, pois deu andamento ao início do fim da formação original. Afinal, Ace Frehley só contribuiu com suas guitarras na faixa de sua composição (a excelente “Rocket Ride”, com belo riff, vocal competente, solos de guitarra muito legais, e até um acelerado solo de bateria de Peter Criss); em todas as demais, os solos de guitarra foram gravados por Bob Kulick. Das inéditas remanescentes, a melhor é "All American Man", por todos os riffs de guitarra, e pelo solo de Kulick, no qual há um lick com um truque que permite guitarras com ponte fixa soarem como guitarras com ponte móvel (alavanca): o cara faz repetidos hammer-ons e pull-offs nas casas 12 e 15 da 2.ª corda (B) e com a outra mão pressiona a corda perto das tarraxas, simulando uma alavancada para cima, elevando a altura das notas.
“Alive II” é um bom registro de uma banda no auge da fama e marca o início da transição para a fase seguinte, de dissolução da formação original.
As lojas de CDs costumavam prestar um grande serviço em época pré-internet: mediante encomenda, os caras gravavam de um dia para o outro numa fita k7 os CDs disponibilizados para venda. Era um excelente recurso para quem não podia comprar todos os CDs que quisesse, e mesmo servia para conhecer álbuns só lançados no exterior, sobretudo os importados e os bootlegs. Assim, pedi para uma loja que ficava na R. Fernando Machado e agora está na Gal. Chaves o “Alive II” e o “Ace Frehley”, no Natal quente de 1993. E lembro que gostei bastante dos dois discos. Eventualmente, comprei numa loja de CDs de uma grande rede local que ficava perto do supermercado do Praia de Belas em 1996 por um bom preço para um importado (pouco mais que um disco simples – jamais vi o disco lançado em CD nacional).
No caso do “Alive II”, já estava familiarizado com parte do repertório. Entre conhecidas e desconhecidas, curti muito “Makin´ Love” pelo riff, pela levada faceira da bateria, e pelo refrão. Acredito que essa é a versão definitiva dessa faixa do “Rock and Roll Over”.
Ace Frehley manda muito bem em “Shock Me”, e ao final há espaço para o seu solo de guitarra. Mesmo não contando com os elementos visuais da apresentação ao vivo (fumaça pelo captador da guitarra, além dos “tiros” a partir do braço do instrumento), o solo de guitarra é memorável por conter uma série de licks posicionados de forma início-meio-fim. Trata-se do melhor registro de solo de guitarra de Ace e parâmetro para aferição dos demais.
Peter Criss canta em duas faixas: “Hard Luck Woman”, uma das minhas favoritas, ganha uma versão decente e muito parecida com a de estúdio; e “Beth”, que é sua marca registrada. O baterista se destaca, no entanto, pela excelente performance na maior parte das faixas; o cara realmente estava no ápice da forma musical, e isso fica evidente logo na abertura com a levada rápida de "Detroit Rock City".
Algumas faixas me parecem fracas, apesar de ser bom tê-las em versão ao vivo em todo o caso: “Ladies Room”, de Gene, “Tomorrow and Tonight” e “King of the Nighttime World”, de Paul. De outro lado, uma das minhas favoritas é “I Stole Your Love”, e jamais ouvi versão ao vivo que superasse a de estúdio, notadamente pelos vocais e pelo próprio destaque do som das guitarras. “God of Thunder” tem espaço para o “solo” de Gene Simmons (no qual cospe “sangue” e é elevado para uma estrutura bem alta no palco) e a banda executa a música em alta velocidade (mais parece a versão demo original de Paul do que a original de “Destroyer”).
O chamado “lado quatro”, ou lado B do disco 2 (na época do vinil) é composto por músicas registradas em estúdio: um cover (“Anyway You Want It”) e quatro originais. Para fins de Kisstory esse registro é importante, pois deu andamento ao início do fim da formação original. Afinal, Ace Frehley só contribuiu com suas guitarras na faixa de sua composição (a excelente “Rocket Ride”, com belo riff, vocal competente, solos de guitarra muito legais, e até um acelerado solo de bateria de Peter Criss); em todas as demais, os solos de guitarra foram gravados por Bob Kulick. Das inéditas remanescentes, a melhor é "All American Man", por todos os riffs de guitarra, e pelo solo de Kulick, no qual há um lick com um truque que permite guitarras com ponte fixa soarem como guitarras com ponte móvel (alavanca): o cara faz repetidos hammer-ons e pull-offs nas casas 12 e 15 da 2.ª corda (B) e com a outra mão pressiona a corda perto das tarraxas, simulando uma alavancada para cima, elevando a altura das notas.
“Alive II” é um bom registro de uma banda no auge da fama e marca o início da transição para a fase seguinte, de dissolução da formação original.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Eric Clapton "Slowhand" (1977)
A capa, mostrando apenas a mão esquerda de Eric Clapton no braço de uma Fender Stratocaster das antigas (digitando um perfeito acorde sol maior), o título "Slowhand" (referente ao apelido dado por um bluesman a Clapton sobre o modo como suas mãos se moviam apesar da quantidade de notas tocadas), e o fato de abrir com "Cocaine" davam os indícios de que se trataria de um disco espetacular do guitarrista. Posso dizer, no entanto, que ainda estou pesquisando as razões pelas quais se considera Clapton um dos maiores guitarristas de todos os tempos; diria, ainda, que se houvesse mais uma ou duas músicas nesse álbum como "Cocaine", o disco seria um dos meus favoritos. No entanto, não consegui apreciar adequadamente boa parte do repertório de "Slowhand", de maneira que fico ouvindo repetidamente "Cocaine", que é a mais familiar, particularmente, pois o riff magnífico de abertura é conhecido desde a minha infância. A música tem estrutura muito simples, apenas duas partes, mas o riff utilizando apenas os power chords E e D é muito ouro, valorizado pelo timbre cortante da Fender Stratocaster. O primeiro solo de guitarra também é marcante, pela escolha das notas iniciais.
sábado, 19 de dezembro de 2009
Ensaio The Osmar Band - "Neunundzwanzig" 15.12.2009
Todos ficamos empolgados com o som que rolou do ensaio passado, embora o Alemão tenha identificado que as músicas estavam muito parecidas umas com as outras. É provável que isso seja correto, mas o mesmo talvez se possa dizer de outros tantos ensaios, e no geral não há grandes problemas quando nos deparamos com grandes mega hits. Depois de muita negociação, conseguimos nos reunir para o último ensaio de 2009. Estávamos, no entanto, mais cansados do que o de costume, por diversas razões, e talvez tenha contribuído a frutífera concentração antes de descermos com os instrumentos. De qualquer maneira, fizemos umas 3 ou 4 jams e compusemos uma música nova, cujo título é dedicado ao meu novo pedal de efeitos (o qual ainda adestrando). Essa nova foi motivada a partir de um padrão de bateria eletrônica do Triton, sobre o qual toquei um riff com escala do tipo menor melódica, ou coisa que o valha. Ficou bem diferente do que costumamos tocar, quase um hip hop (pela batida e pelo vocal) e tentei empregar o pedal no refrão. O Alemão tocou uns acordes muito bons na nossa primeira jam, e lembrou-me das músicas que tocavam durante os episódios do Snoopy (talvez a referência esteja errada, pois ninguém concordou na hora). Das antigas, tocamos aquela sobre um sério problema masculino, e uma outra das favoritas que é com sotaque do centro do país. Em regra o Marcelo entrou nos momentos certos com a harmônica, de modo que estão cada vez menos frequentes os espaços nos quais ficamos apenas repetindo a base da música, i. é, sem alguém solando ou cantando; além disso, o encerramento das músicas está cada vez mais aprimorado. 2010 continuamos. "Iiiissa!".
Resenha de CD – Slayer “World Painted Blood” (2009)
Há um ano atrás aproveitei o balaio de uma grande rede gaúcha de eletrodomésticos e comprei por aproximadamente 14 pila cada quase toda a discografia do Slayer (dispensei o disco de covers de bandas de punk). Trata-se de uma banda que dispensa apresentações – é uma das fundadoras do thrash metal, com Metallica, Anthrax e Megadeth – e lança discos com regularidade, mantendo cativo público fiel. Caracteriza-se pela velocidade das músicas que aproxima o Slayer do punk. Particularmente, nunca acompanhei a banda de São Francisco e durante muito tempo não curti o som dos caras (sobretudo em meados dos anos 1990, quando passavam os clipes da banda no Fúria Metal). Hoje em dia acho graça de uma noção que vi na internet, segundo a qual não há melodia nos vocais de Tom Araya. Realmente, o cara só grita as letras. O que me interessa no entanto, e o que efetivamente comecei a reparar a partir da audição desses álbuns todos do Slayer, é o trabalho das guitarras e os riffs de Kerry King e Jeff Hannemann.
Com as bandas de heavy metal em renovada evidência neste final dos anos 2000 (uma das causas é o Guitar Hero), o Slayer experimentou uma grande fase a partir de “Christ Illusion”, o álbum anterior, que marcou a volta de Dave Lombardo nas baquetas, apareceu bem no Top 200 da Billboard e valeu indicação para o Grammy daquele ano. Com a proximidade da data do lançamento do novo álbum “World Painted Blood” aumentou o interesse geral sobre a banda, conforme notícias dos sites especializados (a melhor revista de guitarra – Guitar World – em uma de suas edições teve uma sessão com depoimentos de várias bandas de heavy metal, novas e velhas, sobre a expectativa em relação ao disco novo do Slayer). Particularmente, ouvi uma vez as faixas disponibilizadas no MySpace e aguardei a chegada do disco na Cultura, por preço nada atrativo.
Está me parecendo que Dave Lombardo, além de excepcional baterista de thrash metal, exerce uma influência positiva sobre os demais músicos, pois geralmente os discos que ele participa soam bastante inspirados. O melhor disco do Testament, por exemplo, contou com Lombardo nas baquetas (“The Gathering”). “Christ Illusion”, o disco anterior do Slayer, marcou espécie de retorno à forma, e agora “World Painted Blood” parece um Slayer revigorado. As correrias estão todas lá, então é despiciendo descrevê-las. O que me importa são os riffs de guitarra. E há um punhado de bons deles nesse álbum. A faixa-título é muito boa (a melhor do disco, com várias partes), sobretudo pela alternância entre riffs rápidos e cadenciados. Se "Unit 731" é uma correria típica do Slayer, achei legal as pausas que Dave Lombardo enfiou durante o refrão no final de determinado número par de compassos, criando um efeito stop-start bem tenso. "Beauty Through Order" tem um interessante riff melódico. "Human Strain" é das mais diferentes do disco, tanto quanto "Playing With Dolls", e por essa razão se destacam na audição. "Americon" tem o melhor riff do disco, perfeito para headbanging.
No CD não constou uma faixa que havia sido resenhada pela própria banda para a melhor revista de guitarra do mundo, a Guitar World, numa entrevista que teve um dos momentos mais engraçados que já li. a música é "Atrocity Vendor" e sobre ela Kerry King disse o seguinte: "This one was built around two phrases I took from my notebook: 'atrocity vendor', and 'equal-opportunity offender'. The first line is 'You´re staring at the atrocity vendor, f*cking equal-opportunity offender'. When I got to the third verse, which repeated that line, I realized I was singing about being an offender but I hadn´t written anything offensive yet. So I wrote the most offensive thing I could think of: 'I´ll introduce you to my own morbid charm, and fist-f*ck you with your own severed arm'". É realmente impressionante o raciocínio e todo o trabalho intelectual por trás da composição de letras desse tipo (risos).
Com as bandas de heavy metal em renovada evidência neste final dos anos 2000 (uma das causas é o Guitar Hero), o Slayer experimentou uma grande fase a partir de “Christ Illusion”, o álbum anterior, que marcou a volta de Dave Lombardo nas baquetas, apareceu bem no Top 200 da Billboard e valeu indicação para o Grammy daquele ano. Com a proximidade da data do lançamento do novo álbum “World Painted Blood” aumentou o interesse geral sobre a banda, conforme notícias dos sites especializados (a melhor revista de guitarra – Guitar World – em uma de suas edições teve uma sessão com depoimentos de várias bandas de heavy metal, novas e velhas, sobre a expectativa em relação ao disco novo do Slayer). Particularmente, ouvi uma vez as faixas disponibilizadas no MySpace e aguardei a chegada do disco na Cultura, por preço nada atrativo.
Está me parecendo que Dave Lombardo, além de excepcional baterista de thrash metal, exerce uma influência positiva sobre os demais músicos, pois geralmente os discos que ele participa soam bastante inspirados. O melhor disco do Testament, por exemplo, contou com Lombardo nas baquetas (“The Gathering”). “Christ Illusion”, o disco anterior do Slayer, marcou espécie de retorno à forma, e agora “World Painted Blood” parece um Slayer revigorado. As correrias estão todas lá, então é despiciendo descrevê-las. O que me importa são os riffs de guitarra. E há um punhado de bons deles nesse álbum. A faixa-título é muito boa (a melhor do disco, com várias partes), sobretudo pela alternância entre riffs rápidos e cadenciados. Se "Unit 731" é uma correria típica do Slayer, achei legal as pausas que Dave Lombardo enfiou durante o refrão no final de determinado número par de compassos, criando um efeito stop-start bem tenso. "Beauty Through Order" tem um interessante riff melódico. "Human Strain" é das mais diferentes do disco, tanto quanto "Playing With Dolls", e por essa razão se destacam na audição. "Americon" tem o melhor riff do disco, perfeito para headbanging.
No CD não constou uma faixa que havia sido resenhada pela própria banda para a melhor revista de guitarra do mundo, a Guitar World, numa entrevista que teve um dos momentos mais engraçados que já li. a música é "Atrocity Vendor" e sobre ela Kerry King disse o seguinte: "This one was built around two phrases I took from my notebook: 'atrocity vendor', and 'equal-opportunity offender'. The first line is 'You´re staring at the atrocity vendor, f*cking equal-opportunity offender'. When I got to the third verse, which repeated that line, I realized I was singing about being an offender but I hadn´t written anything offensive yet. So I wrote the most offensive thing I could think of: 'I´ll introduce you to my own morbid charm, and fist-f*ck you with your own severed arm'". É realmente impressionante o raciocínio e todo o trabalho intelectual por trás da composição de letras desse tipo (risos).
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Resenha de CD - AC/DC "Black Ice" (2008)
Geralmente o lançamento dos discos do AC/DC somente são aguardados pelos fãs mais ardorosos, entendidos como aqueles que seguem a banda há anos, diferentemente do resto público em geral que consome música. De minha parte, ouço a banda australiana desde 1993 e ouvi todos os seus discos desde então. Como o AC/DC é o tipo de banda que lança dois discos a cada 10 anos, pude notar que jamais houve muito estardalhaço em volta dos lançamentos de "Ballbreaker" e "Stiff Upper Lip". Então foi com surpresa que acompanhei as notícias prévias, contemporâneas e posteriores à edição de "Black Ice". De fato, esse disco foi bastante antecipado e desde sempre se divulgou a noção de que se trataria do melhor disco desde "Back in Black". Pois o disco ganhou espaço generoso nas prateleiras das lojas (desde o lançamento e até hoje encontro com facilidade o disco na Saraiva ou na Cultura, sendo que até em Buenos Aires, em abril - meses após o lançamento do disco - ainda há um grande cartaz de "Black Ice" em uma das lojas da Musimundo, suplantando discos que chegaram ao mercado mais recentemente, como o último do U2), além de destaque no noticiário musical. As resenhas seguiram esse espírito "melhor desde 'Back in Black'" e as vendas foram excelentes, despachando outros discos talvez mais aguardados como o do Metallica e o do Guns´n´Roses.
Não precisei ouvir nenhuma música para trazer o disco para casa e para isso ajudou bastante o preço acessível (pelo menos em comparação com o de outros cds). Esperava um disco com guitarras mais pesadas, pois o álbum anterior ("Stiff Upper Lip") tinha uma levada bem mais sossegada de blues. Entretanto, as 15 faixas de "Black Ice" soam parecidas (todas as músicas do AC/DC são familiares e isso faz parte do estilo dos caras, e não há dúvidas de que as coisas devem permanecer assim; eles só usam acordes abertos e maiores, e ninguém está esperando que eles resolvam agregar novos sons), e o tom das composições é no blues e no soft rock. Só por isso já dá para discordar de quem disse que seria o melhor disco desde "Back in Black", pois a banda lançou discos excelentes nesse período, nomeadamente "The Razor´s Edge" (um dos meus favoritos) e "Flick of the Switch" (um dos meus favoritos de todos os tempos), sendo certo que recentemente descobri o quão divertida é a audição de "Fly on the Wall" (disco que considerava o pior da banda, mas, bem vistas as coisas, está longe de ser um disco ruim, antes pelo contrário).
"Black Ice" fez parte da trilha sonora para as viagens a Rio Grande ano passado, e tive oportunidade para reparar que "Rock and Roll Train", a faixa de abertura e música-de-trabalho, é do tipo clássico, com tudo perfeitamente encaixado, inclusive o solo típico de Angus Young, com bends, double-stops, entre outros recursos e licks ouvidos em tantas outras músicas da banda. As primeiras músicas soam boas e tal, mas depois de uns 25min de audição tudo começa a parecer igual, com o mesmo andamento e as mesmas partes. Mas há destaques, como "Anything Goes", bem melódica e com refrão muito legal de Brian Johnson, talvez uma das novidades marcantes em termos de AC/DC.
Aliás, o vocalista está em excelente forma, e em "Black Ice" é provável que os caras tenham conseguido os melhores registros de toda a fase da banda com Brian Johnson. A voz dele está excelente - o cara está mandando ver tão bem quanto no início da década de 1980 (são poucos os vocalistas que não perdem a voz com o passar dos anos).
No final de novembro desse ano, o AC/DC veio ao Brasil para apresentação única em São Paulo. Achei que ia rolar pacotes e tudo mais, mas não vi nada e na última hora as coisas eram caras demais, inclusive assistir o show em Buenos Aires, onde teve show extra. O evento foi espetacular, conforme descrições, sobretudo pelo fato de que a banda veio fazer o show completo, com todos os sinos, trens, canhões e a Rosie de costume.
Não precisei ouvir nenhuma música para trazer o disco para casa e para isso ajudou bastante o preço acessível (pelo menos em comparação com o de outros cds). Esperava um disco com guitarras mais pesadas, pois o álbum anterior ("Stiff Upper Lip") tinha uma levada bem mais sossegada de blues. Entretanto, as 15 faixas de "Black Ice" soam parecidas (todas as músicas do AC/DC são familiares e isso faz parte do estilo dos caras, e não há dúvidas de que as coisas devem permanecer assim; eles só usam acordes abertos e maiores, e ninguém está esperando que eles resolvam agregar novos sons), e o tom das composições é no blues e no soft rock. Só por isso já dá para discordar de quem disse que seria o melhor disco desde "Back in Black", pois a banda lançou discos excelentes nesse período, nomeadamente "The Razor´s Edge" (um dos meus favoritos) e "Flick of the Switch" (um dos meus favoritos de todos os tempos), sendo certo que recentemente descobri o quão divertida é a audição de "Fly on the Wall" (disco que considerava o pior da banda, mas, bem vistas as coisas, está longe de ser um disco ruim, antes pelo contrário).
"Black Ice" fez parte da trilha sonora para as viagens a Rio Grande ano passado, e tive oportunidade para reparar que "Rock and Roll Train", a faixa de abertura e música-de-trabalho, é do tipo clássico, com tudo perfeitamente encaixado, inclusive o solo típico de Angus Young, com bends, double-stops, entre outros recursos e licks ouvidos em tantas outras músicas da banda. As primeiras músicas soam boas e tal, mas depois de uns 25min de audição tudo começa a parecer igual, com o mesmo andamento e as mesmas partes. Mas há destaques, como "Anything Goes", bem melódica e com refrão muito legal de Brian Johnson, talvez uma das novidades marcantes em termos de AC/DC.
Aliás, o vocalista está em excelente forma, e em "Black Ice" é provável que os caras tenham conseguido os melhores registros de toda a fase da banda com Brian Johnson. A voz dele está excelente - o cara está mandando ver tão bem quanto no início da década de 1980 (são poucos os vocalistas que não perdem a voz com o passar dos anos).
No final de novembro desse ano, o AC/DC veio ao Brasil para apresentação única em São Paulo. Achei que ia rolar pacotes e tudo mais, mas não vi nada e na última hora as coisas eram caras demais, inclusive assistir o show em Buenos Aires, onde teve show extra. O evento foi espetacular, conforme descrições, sobretudo pelo fato de que a banda veio fazer o show completo, com todos os sinos, trens, canhões e a Rosie de costume.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Resenha de CD – Mastodon “Crack the Skye” (2009)
Para um ouvido acostumado com as grandes bandas de heavy metal dos anos 1970 e 1980, é difícil acompanhar o som das bandas novas que surgiram a partir de 2000. Quase passei batido pelo nu-metal, e desde o último par de anos comecei a dar atenção às bandas que formam a nova onda do heavy metal americano. Nesse sentido, a melhor revista de guitarra do mundo, a Guitar World, tem dado um auxílio inestimável: recentemente, joguei no youbute os nomes das bandas citadas na revista para conhecer o som e, enfim, ver qual é dos caras. A grande maioria, no entanto, não impressiona. Seja como for, das bandas que já conhecia de nome, notei um certo padrão, além do fato de que nenhuma dessas bandas teve, até recentemente, CDs lançados no Brasil: os primeiros discos foram muito bem recebidos, mas para mim são duros de ouvir, em razão do peso das guitarras e dos vocais do início ao fim. Há que ter balanço e diversidade num álbum, sob pena de comprometer a audição, embora alguém possa argumentar que se trata de coesão do material composto. Enfim, o que me importa é que os discos mais recentes dessas bandas caracterizam-se por uma espécie de evolução: a banda deixa de lado alguns de seus elementos primitivos e parte para a agregação de outros, tornando o som menos duro. O Slipknot, por exemplo, incorporou solos de guitarras e adotou vocais mais melódicos. O Lamb of God, por sua vez, está fazendo músicas com os riffs.
O Mastodon é das bandas novas que tive grande curiosidade devido às descrições de que os caras tocavam heavy metal com toques de progressivo, jazz e fusion, com andamentos quebrados e bateria ocupada o tempo inteiro. No papel isso é muito interessante, mas as audições dos mp3 não agradaram. Recentemente a banda lançou, então, um disco que os próprios caras admitem terem dado uma maneirada no som, adicionando melodias e tudo mais, sem prejuízo do peso das guitarras. Pelo só fato de “Crack the Skye” ter sido lançado no Brasil em CD – apesar do preço extorsivo – trouxe para casa da Cultura.
A primeira noção é a de que, de fato, Mastodon não é uma banda comum de heavy metal. Há peso nas guitarras, e as guitarras fazem coisas complicadas e diferentes uma da outra, mas não há riffs convencionais (ou melhor, custam para aparecer riffs convencionais no decorrer das faixas). Em “Crack the Skye” há uns 4 ou 5 riffs que poderiam ser chamados de tradicionais, do tipo que eu poderia tirar na guitarra em casa. O resto todo são dedilhados inusitados, notas rápidas, acordes atípicos, sob os quais a bateria quebra o andamento com frequência. Particularmente, serve-me para abrir a cabeça e procurar ideias criativas e sem precedentes.
Além dos trabalhos da guitarra e da bateria, acrescente-se o fato de que em “Crack the Skye” os vocais são divididos entre um guitarrista, o baixista e o baterista. As letras são do tipo “viajantes”, e aparentemente os caras seguem um tema a cada disco (ar, água, fogo e terra).
Todas as faixas têm bons momentos, e me parece que a audição da íntegra do álbum, conquanto não totalmente pacífica, é recompensadora. Costumo ouvir as primeiras três faixas, e estou curtindo esse disco com o passar do tempo, à medida que me familiarizo com as diversas partes das diversas músicas. Uma coisa, porém, é certa: o riff dos versos de "Divinations" é espetacular.
O Mastodon é das bandas novas que tive grande curiosidade devido às descrições de que os caras tocavam heavy metal com toques de progressivo, jazz e fusion, com andamentos quebrados e bateria ocupada o tempo inteiro. No papel isso é muito interessante, mas as audições dos mp3 não agradaram. Recentemente a banda lançou, então, um disco que os próprios caras admitem terem dado uma maneirada no som, adicionando melodias e tudo mais, sem prejuízo do peso das guitarras. Pelo só fato de “Crack the Skye” ter sido lançado no Brasil em CD – apesar do preço extorsivo – trouxe para casa da Cultura.
A primeira noção é a de que, de fato, Mastodon não é uma banda comum de heavy metal. Há peso nas guitarras, e as guitarras fazem coisas complicadas e diferentes uma da outra, mas não há riffs convencionais (ou melhor, custam para aparecer riffs convencionais no decorrer das faixas). Em “Crack the Skye” há uns 4 ou 5 riffs que poderiam ser chamados de tradicionais, do tipo que eu poderia tirar na guitarra em casa. O resto todo são dedilhados inusitados, notas rápidas, acordes atípicos, sob os quais a bateria quebra o andamento com frequência. Particularmente, serve-me para abrir a cabeça e procurar ideias criativas e sem precedentes.
Além dos trabalhos da guitarra e da bateria, acrescente-se o fato de que em “Crack the Skye” os vocais são divididos entre um guitarrista, o baixista e o baterista. As letras são do tipo “viajantes”, e aparentemente os caras seguem um tema a cada disco (ar, água, fogo e terra).
Todas as faixas têm bons momentos, e me parece que a audição da íntegra do álbum, conquanto não totalmente pacífica, é recompensadora. Costumo ouvir as primeiras três faixas, e estou curtindo esse disco com o passar do tempo, à medida que me familiarizo com as diversas partes das diversas músicas. Uma coisa, porém, é certa: o riff dos versos de "Divinations" é espetacular.
Resultado da enquete "melhor guitarrista de todos os tempos"
Talvez devesse ter feito como um blog de um grande jornal local que, depois de eu ter lançado a enquete sobre o melhor guitarrista de todos os tempos, fez uma enquete igual, com a diferença de ter excluído desde já Jimi Hendrix. De qualquer maneira, serviu para confirmar minha noção particular de que Hendrix é o melhor guitarrista de todos os tempos, independentemente de suas músicas serem ou não as melhores de todos os tempos. Afinal, dos 21 votos durante os 30 dias disponibilizados, Hendrix recebeu 11 indicações. Curiosamente, três guitarristas ficaram empatados com 4 votos: Jimmy Page, Eric Clapton e David Gilmour. Em último lugar, com apenas 2 votos, ficou Eddie Van Halen. Entretanto, caso essa votação tivesse lugar nos EUA, é possível que o resultado fosse diferente. Afinal, a julgar pelas capas da melhor revista de guitarra do mundo, a Guitar World, Eddie Van Halen deve ser garantia de altas vendagens. Eddie é capa da edição mais recente (acompanhado de Tony Iommi), comemorativa de 30 anos do lançamento da revista, apesar de (a) não ter lançado nada novo nos últimos anos, e (b) sequer ter feito turnê com a banda que leva o seu nome. Das 27 edições disponíveis no google livros, Eddie é capa de 4 (Hendrix e Kirk Hammett, no mesmo período, têm dedicadas apenas 2 capas). Embora essas edições com Van Halen não tragam nada de novo a não ser descrições de novos equipamentos com o nome do guitarrista (amplificadores, guitarras, efeitos, etc.), parece-me que é certo que uma capa com Eddie Van Halen é certeza de vendas expressivas, pois deve haver muito interesse sobre o que o cara tem a dizer. Devo dizer que não votei na enquete, pois teria dificuldades de fazê-lo. O meu favorito, dentre os 5, é o próprio Eddie Van Halen, mas me parece impróprio defini-lo como melhor guitarrista de todos os tempos. Esse título é merecidamente de Jimi Hendrix, pois é o único que se pode dizer que sem ele a guitarra não seria tocada do mesmo jeito pelos outros 4 e por todos nós guitarristas.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Shows XVIII - Absence Of (12.12.2009, Eclipse Studio Bar)
Desde sempre tive curiosidade de assistir a um show da Absence Of; afinal, o tecladista Vinicius Möller é conhecido de longa data e já tivemos oportunidades de dividir o palco em uma trinca de bons shows da Burnin´ Boat (no Arsenal, na Croco e no Coruja de Minerva). Entretanto, por uma razão ou outra, jamais estive disponível; desta feita, os planetas se alinharam e pude comparecer no Eclipse Studio Bar, quase em frente ao Opinião, para assistir ao show dos caras no último sábado, 12.12.2009 (na verdade, entramos depois da meia-noite, então o show foi na madrugada de 13.12.2009). Admito que não estava familiarizado com grande parte do material, vez que apenas ouvi um par de vezes umas duas ou três faixas disponibilizadas pela banda no seu sítio no MySpace. Os caras se propõem a um prog metal, mas minhas deficiências impedem de identificar o tipo de prog metal (nesse estilo fiquei apenas no âmbito do Dream Theater, Symphony X, Fates Warning e OSI; em outras palavras, não avancei para bandas mais novas como Porcupine Tree e Pain of Salvation, dentre outras).
A Absence Of dividiu a noite com outra banda, e sabiamente se posicionou para iniciar as atividades (nos liberando do compromisso com antecedência). O repertório, no qual todas as músicas tinham mais de 5min (no mínimo), teve duração ideal, o que permitiu até - como bem observou a Cris - que a galera se empolgasse novamente para a última música do set list (pois a música era, de fato, empolgante). Em contrapartida, o microfone para backing vocal do baixista Daniel Ruschel estava com volume bem melhor do que o microfone disponibilizado para o vocalista Arthur Ávila, mas talvez a posição dos cabos não permitisse a troca definitiva. Além disso, o Valmor concordou com a minha percepção de que o volume e o timbre distorcido da guitarra do Orontes Mariani ficaram a desejar (nas partes mais pesadas não consegui ouvir a guitarra, embora percebesse que o cara tocava coisas legais olhando para o que ele digitava com a mão esquerda na guitarra). O Valmor e a Cris ponderaram que o batera Chantos Mariani demorou um punhado de músicas para se soltar; de minha parte, achei que o cara mandou bem o tempo todo. Realmente achei que esse baterista tem um estilo muito legal de tocar, mantendo os braços ocupados o tempo todo, ocasionalmente utilizando eficientemente o pedal duplo (com som bem alto, em prejuízo da guitarra); em vários momentos, achei que o baterista era o MVP da banda. O Vinícius, por seu lado, teve oportunidade para executar uns 3 ou 4 solos de teclado do tipo arrasa-quarteirão, com timbres bem pegados.
Particularmente, entendo que o show se dividiu em duas partes: antes e depois das assim anunciadas músicas novas. Na primeira parte, os meus ouvidos de guitarrista de heavy metal sentiram falta de riffs de guitarra com utilização da 6.ª corda solta (independentemente de afinação, riffs bons geralmente utilizam a 6.ª corda solta, sendo certo que há riffs que utilizam exclusivamente a 6.ª corda solta, como "Kill the King" do Megadeth, dentre outras). A banda abriu com "I´m Coming" e seguiu com "Blank", ambas com alta rotação no MySpace dos caras. "I´m Coming" tem um riff pesado lá pelas tantas que parece meio retão (face aos acentos), mas os caras resolvem com uma melodia muito legal com um acorde numa região mais aguda da guitarra. "Blank" me serviu para mostrar como é possível que a guitarra silencie durante os versos, desde que se conte com um qualificado timbre de teclado para fazer a base, o que foi exatamente o caso. Além disso, achei interessante os acordes de guitarra que apareceram antes do solo. O Arthur anunciou um cover de música e banda sobre os quais ainda não pesquisei: "Incommunicado" do Marillion/Fish. É possível que a escolha tenha feito sentido, desde que se saiba o tipo de prog metal que a Abscence Of se dedica. "Goodbye Bunker Hill" é possivelmente a faixa mais conhecida dos caras - ou pelo menos o público assim me fez entender - e encerrou essa que eu chamo de primeira parte do show. Desde o início percebi que a banda estava perfeitamente ensaiada, e acho sensacional que assim o seja pois acredito que ensaios frutíferos são três quartos do caminho para um bom show; em "Goodbye Bunker Hill" os caras mostraram que estavam afiados, sobretudo num trecho em que a banda executou em uníssono com teclado, baixo e guitarra, no melhor estilo Dream Theater/Rush.
O Arthur anunciou, então, que seriam executadas duas músicas inéditas. E aí o show ficou ainda mais interessante, pois essas músicas são muito boas. "The Greatest End" e "Ennui". A primeira tem melodias grandiosas nos vocais, lembrou-me de alguma coisa do Iron Maiden na época do "The X-Factor" (admito que a referência deve ser só uma lembrança pessoal minha). "Ennui" tem partes de guitarra mais marcantes, com o riff inicial cheio de pausas (acho legal quando penso "bem que podiam botar a 6.ª corda solta nessas pausas" e lá pelas tantas o guitarrista faz exatamente isso - as vezes o meu ouvido não se engana). Achei muito legal um trecho em uníssono com teclado, guitarra, baixo e bateria, quase fusion. O solo de guitarra foi de debulhação, mas na hora não ouvi quase nada - acompanhei só pelos movimentos das mãos. A música que me era mais familiar foi o cover de Porcupine Tree, "Open Car" e a banda executou uma versão que me pareceu fiel à original - e foi boa a eleição de um cover com guitarras destacadas. "Herd" é uma bela composição, curti a agressividade até o início dos versos (e eventual retorno mais adiante), bem como o pequeno solo de teclado lá pelos 5:30 (notas legais e timbre massa). A prova da eleição coerente de um bom set list se deu quando a Abscence Of mandou a última música: "One Warm Day", com um riff dinâmico e empolgante com drop D, injetou ânimo na galera que agitou apesar do cansaço pelo horário avançado. A música é muito boa, e curti bastante a seção instrumental do meio da faixa, bem como mais um solo de teclado arrebatador e com timbre legal.
Mais do que tudo, foi inspirador assistir a uma banda bem ensaiada com músicos competentes executando um bom prog metal.
A Absence Of dividiu a noite com outra banda, e sabiamente se posicionou para iniciar as atividades (nos liberando do compromisso com antecedência). O repertório, no qual todas as músicas tinham mais de 5min (no mínimo), teve duração ideal, o que permitiu até - como bem observou a Cris - que a galera se empolgasse novamente para a última música do set list (pois a música era, de fato, empolgante). Em contrapartida, o microfone para backing vocal do baixista Daniel Ruschel estava com volume bem melhor do que o microfone disponibilizado para o vocalista Arthur Ávila, mas talvez a posição dos cabos não permitisse a troca definitiva. Além disso, o Valmor concordou com a minha percepção de que o volume e o timbre distorcido da guitarra do Orontes Mariani ficaram a desejar (nas partes mais pesadas não consegui ouvir a guitarra, embora percebesse que o cara tocava coisas legais olhando para o que ele digitava com a mão esquerda na guitarra). O Valmor e a Cris ponderaram que o batera Chantos Mariani demorou um punhado de músicas para se soltar; de minha parte, achei que o cara mandou bem o tempo todo. Realmente achei que esse baterista tem um estilo muito legal de tocar, mantendo os braços ocupados o tempo todo, ocasionalmente utilizando eficientemente o pedal duplo (com som bem alto, em prejuízo da guitarra); em vários momentos, achei que o baterista era o MVP da banda. O Vinícius, por seu lado, teve oportunidade para executar uns 3 ou 4 solos de teclado do tipo arrasa-quarteirão, com timbres bem pegados.
Particularmente, entendo que o show se dividiu em duas partes: antes e depois das assim anunciadas músicas novas. Na primeira parte, os meus ouvidos de guitarrista de heavy metal sentiram falta de riffs de guitarra com utilização da 6.ª corda solta (independentemente de afinação, riffs bons geralmente utilizam a 6.ª corda solta, sendo certo que há riffs que utilizam exclusivamente a 6.ª corda solta, como "Kill the King" do Megadeth, dentre outras). A banda abriu com "I´m Coming" e seguiu com "Blank", ambas com alta rotação no MySpace dos caras. "I´m Coming" tem um riff pesado lá pelas tantas que parece meio retão (face aos acentos), mas os caras resolvem com uma melodia muito legal com um acorde numa região mais aguda da guitarra. "Blank" me serviu para mostrar como é possível que a guitarra silencie durante os versos, desde que se conte com um qualificado timbre de teclado para fazer a base, o que foi exatamente o caso. Além disso, achei interessante os acordes de guitarra que apareceram antes do solo. O Arthur anunciou um cover de música e banda sobre os quais ainda não pesquisei: "Incommunicado" do Marillion/Fish. É possível que a escolha tenha feito sentido, desde que se saiba o tipo de prog metal que a Abscence Of se dedica. "Goodbye Bunker Hill" é possivelmente a faixa mais conhecida dos caras - ou pelo menos o público assim me fez entender - e encerrou essa que eu chamo de primeira parte do show. Desde o início percebi que a banda estava perfeitamente ensaiada, e acho sensacional que assim o seja pois acredito que ensaios frutíferos são três quartos do caminho para um bom show; em "Goodbye Bunker Hill" os caras mostraram que estavam afiados, sobretudo num trecho em que a banda executou em uníssono com teclado, baixo e guitarra, no melhor estilo Dream Theater/Rush.
O Arthur anunciou, então, que seriam executadas duas músicas inéditas. E aí o show ficou ainda mais interessante, pois essas músicas são muito boas. "The Greatest End" e "Ennui". A primeira tem melodias grandiosas nos vocais, lembrou-me de alguma coisa do Iron Maiden na época do "The X-Factor" (admito que a referência deve ser só uma lembrança pessoal minha). "Ennui" tem partes de guitarra mais marcantes, com o riff inicial cheio de pausas (acho legal quando penso "bem que podiam botar a 6.ª corda solta nessas pausas" e lá pelas tantas o guitarrista faz exatamente isso - as vezes o meu ouvido não se engana). Achei muito legal um trecho em uníssono com teclado, guitarra, baixo e bateria, quase fusion. O solo de guitarra foi de debulhação, mas na hora não ouvi quase nada - acompanhei só pelos movimentos das mãos. A música que me era mais familiar foi o cover de Porcupine Tree, "Open Car" e a banda executou uma versão que me pareceu fiel à original - e foi boa a eleição de um cover com guitarras destacadas. "Herd" é uma bela composição, curti a agressividade até o início dos versos (e eventual retorno mais adiante), bem como o pequeno solo de teclado lá pelos 5:30 (notas legais e timbre massa). A prova da eleição coerente de um bom set list se deu quando a Abscence Of mandou a última música: "One Warm Day", com um riff dinâmico e empolgante com drop D, injetou ânimo na galera que agitou apesar do cansaço pelo horário avançado. A música é muito boa, e curti bastante a seção instrumental do meio da faixa, bem como mais um solo de teclado arrebatador e com timbre legal.
Mais do que tudo, foi inspirador assistir a uma banda bem ensaiada com músicos competentes executando um bom prog metal.
Resenha de CD - Ratt "Detonator" (1990)
Talvez o grunge não seja o único culpado pelo encerramento (por quase uma década) de atividades de muitas das bandas de hard rock farofa dos anos 1980 (hair metal, ou glam metal). Afinal, no início dos anos 1990, na iminência do novo movimento que, dentre outras coisas, preconizava guitarras com distorção e algum peso executando riffs e melodias simples, as bandas que faziam sucesso na década anterior se colocaram numa situação de eleger entre (a) continuar fazendo o mesmo som de antes, ou (b) tentar se reinventar e fazer outra coisa, ou (c) tentar acompanhar o som do momento. O Ratt foi uma das bandas que continuou fazendo hair metal no seu disco "Detonator" de 1990. Se as coisas parecem promissoras em "Intro to Shame", na qual Warren DeMartini e cia. executam nas guitarras algo que lembra o início de "Shine On You Crazy Diamond" do Pink Floyd, e "Shame Shame Shame" que é uma música razoável, o restante do disco é bastante genérico e fraco. Particularmente, gostei de ouvir timbres de Fender Stratocaster com distorção em ambiente hard rock, mas admito que é pouco para fazer um bom disco.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Pantera "Reinventing Hell"
Para quem tem a discografia completa do Pantera, como é o meu caso, essa coletânea interessa exclusivamente por um par de faixas inéditas e, fundamentalmente, pelo DVD bônus com os vídeoclipes da banda. Um dos meus vídeos favoritos de todos os tempos é o de "Five Minutes Alone": a música é espetacular, sobretudo em razão do riff de guitarra, e alguém teve a genial ideia de fazer closes em slow motion dos instrumentos. Assim, as cordas abafadas e as palhetadas, os slides, os hammer-ons e pull-offs na guitarra e no baixo ficam ainda mais expressivos com esse recurso visual. Lembro do tempo em que o vídeo de "I´m Broken" era lider do Disk MTV. E estando os vídeos em ordem cronológica, é possível acompanhar a evolução da banda e do som dos caras até o último álbum, "Reinventing the Steel".
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
CDs do Kiss - Parte VI "Creatures of the Night" (1982)
Sobre “Creatures of the Night” já tive oportunidade para escrever, nos primórdios deste blog, incluindo apreciação do momento histórico do seu lançamento no início dos anos 1980, bem como algumas memórias pessoais. A versão em CD apareceu em meados dos anos 1990, com capa diferente (sem máscaras e com Bruce Kulick) e ordem alterada das faixas; tive essa versão até que comprei em 1998 o CD remasterizado e importado (com a sensacional capa original) de um amigo (Humberto) que tinha uma locadora (e acesso à distribuidora de discos importados a preço bem abaixo das lojas convencionais). Cabe dizer que o som do remasterizado é MUITO melhor que o da versão original, sobretudo o som da bateria (o que já é um baita ganho, sabendo-se como se sabe que o registro de bateria nesse disco é um dos melhores de todos os tempos). Comentários atualizados estão entre []'s.
“23.07.2003 - Creatures of the Night – trata-se do meu disco favorito de todos os tempos; faço questão de ressaltar isso de início. Lançado em 1982, após o fracasso de Music from the Elder, Creatures retomou a idéia de lançar um disco de rock pesado (hard rock), numa tentativa de mostrar aos fãs que o Kiss ainda era capaz de produzir bons discos como no passado (anos 70). Mas a essas alturas, boa parte dos fãs já havia abandonado a banda [sobretudo pelo som suave de "Unmasked" e "Dynasty e] diante do surgimento de novas bandas de heavy metal e hard rock no início dos anos 80. Iron Maiden, Judas Priest, Motorhead, Saxon, Def Leppard, Diamond Head, entre muitas outras bandas inglesas ganharam notoriedade quando o movimento punk foi perdendo espaço.
Desse modo, Creatures não gozou do sucesso esperado. Injustamente, devo dizer. Trata-se de um grande disco de hard rock, composto de 9 músicas comprometidas com o estilo. Em Creatures ouvem-se riffs pesados e rápidos. O baixo também se destaca em algumas músicas. E a bateria de Eric Carr se beneficiou tremendamente com a mixagem, alcançando um dos melhores registros da história do rock. Entendo que nesse processo de mixagem, as guitarras não levaram a melhor, ficando às vezes difícil de ouvir alguns riffs (notadamente em Saint and Sinner e Danger). Mas isso não compromete o álbum, e é daquelas imperfeições que compõem as grandes obras.
O disco inicia com a faixa título, e uma abertura fenomenal de Eric Carr. A edição remasterizada do cd realça ainda mais esses detalhes. Cabe referir, neste passo, que uma das grandes belezas desse disco é que o lead guitar Ace Frehley não participou das gravações. Todos os solos foram gravados por outros guitarristas: e a tarefa de adivinhar que guitarrista gravou qual solo é bastante divertida (na minha opinião). No caso da música Creatures of the Night, o solo principal (um dos melhores que eu já ouvi) foi gravado por Steve Ferris. Como curiosidade, vale lembrar que Eddie Van Halen chegou a comparecer às gravações para gravar o solo da faixa-título, cogitando-se até que seria o guitarrista substituto de Ace. Os demais mini-solos (fills entre os versos) foram obra de Adam Mitchell (que compôs essa música com Paul Stanley). Bela música, belos versos, fantástico solo, e brilhante de bateria de Eric Carr.
Saint and Sinner é a primeira faixa de Gene Simmons. Tem um andamento mais cadenciado. Sobressai aqui a bateria muito criativa de Eric Carr, que acompanha os versos de maneira bem inusitada; no refrão Eric acompanha as guitarras criando um belo efeito com os vocais. O solo (memorável), tudo indica, foi patrocinado por Vinnie Vincent (então Vincent Cusano), que compôs várias músicas nesse álbum e viria a ser o substituto de Ace na turnê e no álbum seguinte.
Keep me Coming é de Paul, e tem um bom refrão que repete o título da música várias vezes. O riff principal tem uma característica de Paul, apresentada também em outras músicas como The Oath (do Elder) e Get all you can take (do Animalize). Outra característica do Paul em muitas músicas é um trecho antes e depois do solo (ver Under the Gun do Animalize). Gosto muito do pre-chorus “Sweet little innocent girl...”. Seguramente o solo foi gravado por Vinnie.
Rock and roll hell foi composta por Gene, Jim Vallance (que compôs muitas outras com o Kiss) e Bryan Adams (o cantor canadense aquele) [na verdade, aparentemente a faixa foi composta exclusivamente por Vallance e Adams], e é calcada basicamente no baixo de Gene. Bastante marcante e até representativa do ânimo do baixista/vocalista naquela época. “Get me out of this rock and roll hell”. Eric é bastante criativo nessa música (acompanha os versos com o tom, e ajuda a construir a ‘tensão’ que termina com o refrão). Nessa e em todas as músicas Eric produz belos ‘rolos’ na bateria (acho que essa é a melhor característica dele, e nesse disco particularmente – todos os rolos são brilhantes; o modo como ele insere na música, marcando o fim de um trecho e o início de outro). Não estou muito seguro, mas parece que o solo é de Vinnie também.
Danger é uma música bem rápida, composta por Paul e Adam Mitchell (a dupla da faixa título). Aqui acho que a mixagem prejudicou as guitarras. Bom refrão. Solos de Vinnie, com certeza. Eric dá mais um show na bateria – há um overdub no hi-hat. E os rolos são soberbos. Talvez seja a melhor contribuição de Eric no álbum. Repare na tensão criada no pre-chorus que vem depois do solo – Paul cantando com muita emoção. [O baixista do Yellowjackets Jimmy Haslip foi chamado por Michael James Jackson, o produtor, para colaborar nas sessões e acabou registrando o baixo dessa música].
I love it loud é hino da banda nos anos 80. A música é inconfundível, todo mundo conhece. O bumbo de Eric está com afinação bem mais pesada (como nas outras músicas). O solo é extremamente simples – pode ter sido tocado por qualquer um; não tem como identificar nenhum estilo [Gene já contou a história de que Vinnie Vincent queria fazer um solo acrobático de guitarra, mas o baixista fez prevalecer um solo bem simples]. Ao final, há uma utilização do recurso fade out – fade in – fade out (a música parece que termina, mas volta pra, aí sim, terminar).
I still love you é a balada de Paul. É tão triste e comovente que eu nao costumo ouvir regularmente. Destaque todo especial pra letra, realmente tocante. Já é de conhecimento público, mas não custa lembrar que Eric foi quem gravou o baixo. O solo, com muito feeling, ao que parece foi gravado por Robben Ford.
Killer até hoje eu a vejo como a música dispensável do disco. O riff lembra Led Zeppelin na fase hard (primeiros discos). Não é ruim a música, mas não é nada memorável. Solos de Vinnie Vincent, seguramente.
War Machine encerra o disco com um peso nunca visto em um álbum do Kiss. Composta pelo trio Gene/Vallance/Bryan Adams, tem uma boa letra e um belo riff, bem heavy mesmo. O solo tem todo o jeito de ser de Vinnie.
Concluindo: é o meu disco favorito de todos os tempos, e minha ligação com ele vai além da questão musical: visualizo nele algumas lembranças de infância – lembro da época em que foi lançado, do poster do disco nas lojas Breno Rossi, e da turnê promocional no Brasil (e do programa especial que foi ao ar pela TV Globo). Mas foi um disco excelente lançado numa época desfavorável para a banda, pois os fãs, após 3 discos desacertados, já haviam abandonado a banda. Sabe-se que os shows no Brasil foram os últimos com máscara – e para a banda retomar o seu lugar dentre as grandes bandas de rock, não bastava lançar apenas bons discos: era preciso mais. Desligar-se do passado de excessos e excentricidades era medida que se impunha e isso passava por tirar as tradicionais máscaras e mostrar que a banda não estava mais para brincadeira.”
“23.07.2003 - Creatures of the Night – trata-se do meu disco favorito de todos os tempos; faço questão de ressaltar isso de início. Lançado em 1982, após o fracasso de Music from the Elder, Creatures retomou a idéia de lançar um disco de rock pesado (hard rock), numa tentativa de mostrar aos fãs que o Kiss ainda era capaz de produzir bons discos como no passado (anos 70). Mas a essas alturas, boa parte dos fãs já havia abandonado a banda [sobretudo pelo som suave de "Unmasked" e "Dynasty e] diante do surgimento de novas bandas de heavy metal e hard rock no início dos anos 80. Iron Maiden, Judas Priest, Motorhead, Saxon, Def Leppard, Diamond Head, entre muitas outras bandas inglesas ganharam notoriedade quando o movimento punk foi perdendo espaço.
Desse modo, Creatures não gozou do sucesso esperado. Injustamente, devo dizer. Trata-se de um grande disco de hard rock, composto de 9 músicas comprometidas com o estilo. Em Creatures ouvem-se riffs pesados e rápidos. O baixo também se destaca em algumas músicas. E a bateria de Eric Carr se beneficiou tremendamente com a mixagem, alcançando um dos melhores registros da história do rock. Entendo que nesse processo de mixagem, as guitarras não levaram a melhor, ficando às vezes difícil de ouvir alguns riffs (notadamente em Saint and Sinner e Danger). Mas isso não compromete o álbum, e é daquelas imperfeições que compõem as grandes obras.
O disco inicia com a faixa título, e uma abertura fenomenal de Eric Carr. A edição remasterizada do cd realça ainda mais esses detalhes. Cabe referir, neste passo, que uma das grandes belezas desse disco é que o lead guitar Ace Frehley não participou das gravações. Todos os solos foram gravados por outros guitarristas: e a tarefa de adivinhar que guitarrista gravou qual solo é bastante divertida (na minha opinião). No caso da música Creatures of the Night, o solo principal (um dos melhores que eu já ouvi) foi gravado por Steve Ferris. Como curiosidade, vale lembrar que Eddie Van Halen chegou a comparecer às gravações para gravar o solo da faixa-título, cogitando-se até que seria o guitarrista substituto de Ace. Os demais mini-solos (fills entre os versos) foram obra de Adam Mitchell (que compôs essa música com Paul Stanley). Bela música, belos versos, fantástico solo, e brilhante de bateria de Eric Carr.
Saint and Sinner é a primeira faixa de Gene Simmons. Tem um andamento mais cadenciado. Sobressai aqui a bateria muito criativa de Eric Carr, que acompanha os versos de maneira bem inusitada; no refrão Eric acompanha as guitarras criando um belo efeito com os vocais. O solo (memorável), tudo indica, foi patrocinado por Vinnie Vincent (então Vincent Cusano), que compôs várias músicas nesse álbum e viria a ser o substituto de Ace na turnê e no álbum seguinte.
Keep me Coming é de Paul, e tem um bom refrão que repete o título da música várias vezes. O riff principal tem uma característica de Paul, apresentada também em outras músicas como The Oath (do Elder) e Get all you can take (do Animalize). Outra característica do Paul em muitas músicas é um trecho antes e depois do solo (ver Under the Gun do Animalize). Gosto muito do pre-chorus “Sweet little innocent girl...”. Seguramente o solo foi gravado por Vinnie.
Rock and roll hell foi composta por Gene, Jim Vallance (que compôs muitas outras com o Kiss) e Bryan Adams (o cantor canadense aquele) [na verdade, aparentemente a faixa foi composta exclusivamente por Vallance e Adams], e é calcada basicamente no baixo de Gene. Bastante marcante e até representativa do ânimo do baixista/vocalista naquela época. “Get me out of this rock and roll hell”. Eric é bastante criativo nessa música (acompanha os versos com o tom, e ajuda a construir a ‘tensão’ que termina com o refrão). Nessa e em todas as músicas Eric produz belos ‘rolos’ na bateria (acho que essa é a melhor característica dele, e nesse disco particularmente – todos os rolos são brilhantes; o modo como ele insere na música, marcando o fim de um trecho e o início de outro). Não estou muito seguro, mas parece que o solo é de Vinnie também.
Danger é uma música bem rápida, composta por Paul e Adam Mitchell (a dupla da faixa título). Aqui acho que a mixagem prejudicou as guitarras. Bom refrão. Solos de Vinnie, com certeza. Eric dá mais um show na bateria – há um overdub no hi-hat. E os rolos são soberbos. Talvez seja a melhor contribuição de Eric no álbum. Repare na tensão criada no pre-chorus que vem depois do solo – Paul cantando com muita emoção. [O baixista do Yellowjackets Jimmy Haslip foi chamado por Michael James Jackson, o produtor, para colaborar nas sessões e acabou registrando o baixo dessa música].
I love it loud é hino da banda nos anos 80. A música é inconfundível, todo mundo conhece. O bumbo de Eric está com afinação bem mais pesada (como nas outras músicas). O solo é extremamente simples – pode ter sido tocado por qualquer um; não tem como identificar nenhum estilo [Gene já contou a história de que Vinnie Vincent queria fazer um solo acrobático de guitarra, mas o baixista fez prevalecer um solo bem simples]. Ao final, há uma utilização do recurso fade out – fade in – fade out (a música parece que termina, mas volta pra, aí sim, terminar).
I still love you é a balada de Paul. É tão triste e comovente que eu nao costumo ouvir regularmente. Destaque todo especial pra letra, realmente tocante. Já é de conhecimento público, mas não custa lembrar que Eric foi quem gravou o baixo. O solo, com muito feeling, ao que parece foi gravado por Robben Ford.
Killer até hoje eu a vejo como a música dispensável do disco. O riff lembra Led Zeppelin na fase hard (primeiros discos). Não é ruim a música, mas não é nada memorável. Solos de Vinnie Vincent, seguramente.
War Machine encerra o disco com um peso nunca visto em um álbum do Kiss. Composta pelo trio Gene/Vallance/Bryan Adams, tem uma boa letra e um belo riff, bem heavy mesmo. O solo tem todo o jeito de ser de Vinnie.
Concluindo: é o meu disco favorito de todos os tempos, e minha ligação com ele vai além da questão musical: visualizo nele algumas lembranças de infância – lembro da época em que foi lançado, do poster do disco nas lojas Breno Rossi, e da turnê promocional no Brasil (e do programa especial que foi ao ar pela TV Globo). Mas foi um disco excelente lançado numa época desfavorável para a banda, pois os fãs, após 3 discos desacertados, já haviam abandonado a banda. Sabe-se que os shows no Brasil foram os últimos com máscara – e para a banda retomar o seu lugar dentre as grandes bandas de rock, não bastava lançar apenas bons discos: era preciso mais. Desligar-se do passado de excessos e excentricidades era medida que se impunha e isso passava por tirar as tradicionais máscaras e mostrar que a banda não estava mais para brincadeira.”
domingo, 13 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Rammstein "Rosenrot" (2005)
Durante os últimos 12 meses convivi com a noção de que as melhores músicas de "Rosenrot" não são melhores do que as melhores músicas de "Reise, Reise", e que por essa razão este último seria melhor que o primeiro. Pois há um mês ouço os três álbuns mais recentes do Rammstein e estou revendo essa ideia: "Rosenrot" é melhor disco no geral, em comparação com "Reise, Reise". Há mais espaço para melodias ("Spring", "Wo bist Du", "Stirb nicht vor mir"), e a interação entre teclados e guitarras é inspirada e inspiradora (como de costume). As melhores faixas são "Benzin", "Mann gegen Mann", "Rosenrot", "Zerstören", "Te Quiero Puta", e "Ein Lied".
"Benzin" abre o disco com uma letra fácil de acompanhar. Talvez o melhor riff do disco seja o de "Mann gegen Mann", uma porrada típica do Rammstein (como bônus, o solo de teclado tem um timbre muito legal). Tenho me esforçado para decorar a letra de "Rosenrot", pois é uma das mais fáceis para cantar e tocar na guitarra, se for o caso. Trata-se de uma música perfeita, com suas partes muito bem encadeadas; destaque para um riff que serve de interlúdio e aparece também ao final. "Zerstören" é a mais pesada do disco, tem bons riffs de guitarra e um excelente timbre de teclado estilo Melotron sobre o riff principal. "Te Quiero Puta" é a música de gozação que os caras costumam lançar a cada disco: há instrumentos de sopro estilo mariachi, a letra hispânica de duplo sentido, e um baita riff de guitarra no refrão. "Ein Lied" conta apenas com um dedilhado no violão, voz e teclados com timbres variados, incluindo um de Theremin.
Tanto "Rosenrot" quanto "Reise, Reise" foram lançados no Brasil, mas com preços exorbitantes; encontrei esses álbuns na Musimundo em Buenos Aires por aproximadamente 30 pesos, o que em reais é bem mais atraente.
"Benzin" abre o disco com uma letra fácil de acompanhar. Talvez o melhor riff do disco seja o de "Mann gegen Mann", uma porrada típica do Rammstein (como bônus, o solo de teclado tem um timbre muito legal). Tenho me esforçado para decorar a letra de "Rosenrot", pois é uma das mais fáceis para cantar e tocar na guitarra, se for o caso. Trata-se de uma música perfeita, com suas partes muito bem encadeadas; destaque para um riff que serve de interlúdio e aparece também ao final. "Zerstören" é a mais pesada do disco, tem bons riffs de guitarra e um excelente timbre de teclado estilo Melotron sobre o riff principal. "Te Quiero Puta" é a música de gozação que os caras costumam lançar a cada disco: há instrumentos de sopro estilo mariachi, a letra hispânica de duplo sentido, e um baita riff de guitarra no refrão. "Ein Lied" conta apenas com um dedilhado no violão, voz e teclados com timbres variados, incluindo um de Theremin.
Tanto "Rosenrot" quanto "Reise, Reise" foram lançados no Brasil, mas com preços exorbitantes; encontrei esses álbuns na Musimundo em Buenos Aires por aproximadamente 30 pesos, o que em reais é bem mais atraente.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Resenha de CD – Rammstein “Liebe ist Für Alle Da” (2009)
Hoje em dia já consigo ouvir pacificamente os discos mais recentes do Rammstein e curto os riffs repetitivos e precisos de guitarra do grupo alemão (os caras são muito bons nisso). A respeito do disco novo, apenas li notícias sobre o título das faixas, nada que se referisse ao som das novas composições. Pouco antes do lançamento, no entanto, vi o vídeo do single “Pussy” hospedado em site pornográfico, bem de acordo com o conteúdo; isso me valeu um diálogo atípico com a moça do caixa da Cultura, onde adquiri por preço exorbitante o “Liebe ist Für Alle Da”.
Rammstein é uma das bandas que não me preocupo em ficar imaginando o que os caras vão mostrar em dado disco novo, pois o resultado será sempre um heavy metal com bateria bem marcada (influência Techno ou dance, como eles gostam de divulgar), e invariavelmente conterá bons riffs de guitarra, e o timbre das guitarras será sempre majestoso e sinfônico (como se 100 guitarras estivessem tocando o mesmo acorde simultaneamente). Então não há como se decepcionar com “Liebe ist Für Alle Da”. Admito que temi perder essa convicção quando ouvi/assisti “Pussy”, que tem uma letra com rimas rasteiras e riffs pedestres (na verdade, são acordes com um monumental timbre de distorção de guitarra) . Como se sabe, porém, nada mais injusto que julgar um livro pela capa ou um disco pelo single. Além disso, os discos mais recentes do Rammstein contêm pelo menos uma música do tipo gozação (“Te Quiero Puta” e “Amerika”, por exemplo).
Fiquei intrigado com a faixa de abertura, "Rammlied": é uma música ou uma vinheta? Afinal, o refrão é apenas um coro teutônico com o nome da banda gritado, do qual gostei a partir da segunda audição: "RAMM - STEIN". As coisas ficam verdadeiramente boas em "Ich Tu Dir Wen", que tem um baita riff de guitarra do estilo Rammstein. "Waidmanns Heil" tem andamento mais acelerado e lá pelas tantas, depois do refrão, aparece apenas uma guitarra desacompanhada tocando o riff, dando um efeito devastador de peso. "B**********" tem um ruído legal no último compasso do riff de entrada. Gostei bastante da balada "Früling in Paris", tanto do dedilhado no violão como a melodia dos vocais (no refrão, especialmente), e é legal o timbre de teclado durante o respectivo solo. "Wiener Blut" é ótima para acompanhar a letra perfeitamente soletrada por Till Lindemann. A faixa-título é das melhores, com andamento acelerado e bons riffs. Rammstein é a banda que melhor se vale de sons de sintetizadores em ambiente heavy metal, e isso fica patente em "Mehr", que inicia com um hipnótico som de teclado que, após os versos, dá lugar a um pesado riff de guitarra enquanto Lindemann cospe o nome da faixa.
Talvez não tenha individualmente faixas melhores do que as melhores faixas de "Reise, Reise", mas a audição de "Liebe is Für Alle Da" é tão ou mais divertida que "Rosenrot". E a capa, encarte e embalagem são de excelente qualidade. No país de origem chegou a ser vetado por órgãos públicos, que é o tipo de polêmica que a banda costuma se meter.
Rammstein é uma das bandas que não me preocupo em ficar imaginando o que os caras vão mostrar em dado disco novo, pois o resultado será sempre um heavy metal com bateria bem marcada (influência Techno ou dance, como eles gostam de divulgar), e invariavelmente conterá bons riffs de guitarra, e o timbre das guitarras será sempre majestoso e sinfônico (como se 100 guitarras estivessem tocando o mesmo acorde simultaneamente). Então não há como se decepcionar com “Liebe ist Für Alle Da”. Admito que temi perder essa convicção quando ouvi/assisti “Pussy”, que tem uma letra com rimas rasteiras e riffs pedestres (na verdade, são acordes com um monumental timbre de distorção de guitarra) . Como se sabe, porém, nada mais injusto que julgar um livro pela capa ou um disco pelo single. Além disso, os discos mais recentes do Rammstein contêm pelo menos uma música do tipo gozação (“Te Quiero Puta” e “Amerika”, por exemplo).
Fiquei intrigado com a faixa de abertura, "Rammlied": é uma música ou uma vinheta? Afinal, o refrão é apenas um coro teutônico com o nome da banda gritado, do qual gostei a partir da segunda audição: "RAMM - STEIN". As coisas ficam verdadeiramente boas em "Ich Tu Dir Wen", que tem um baita riff de guitarra do estilo Rammstein. "Waidmanns Heil" tem andamento mais acelerado e lá pelas tantas, depois do refrão, aparece apenas uma guitarra desacompanhada tocando o riff, dando um efeito devastador de peso. "B**********" tem um ruído legal no último compasso do riff de entrada. Gostei bastante da balada "Früling in Paris", tanto do dedilhado no violão como a melodia dos vocais (no refrão, especialmente), e é legal o timbre de teclado durante o respectivo solo. "Wiener Blut" é ótima para acompanhar a letra perfeitamente soletrada por Till Lindemann. A faixa-título é das melhores, com andamento acelerado e bons riffs. Rammstein é a banda que melhor se vale de sons de sintetizadores em ambiente heavy metal, e isso fica patente em "Mehr", que inicia com um hipnótico som de teclado que, após os versos, dá lugar a um pesado riff de guitarra enquanto Lindemann cospe o nome da faixa.
Talvez não tenha individualmente faixas melhores do que as melhores faixas de "Reise, Reise", mas a audição de "Liebe is Für Alle Da" é tão ou mais divertida que "Rosenrot". E a capa, encarte e embalagem são de excelente qualidade. No país de origem chegou a ser vetado por órgãos públicos, que é o tipo de polêmica que a banda costuma se meter.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Rammstein "Reise, Reise" (2002)
Uma das coisas que jamais vou esquecer é o show infame do Rammstein na abertura para o Kiss no Jockey Club em 1999. Na época não conhecia nada do som dos caras, e aquele show, apesar de ter curtido um punhado de riffs das guitarras distorcidas e pesadas (executados com bastante repetição), acabou sendo marcado pelas performances de palco, digamos, bizarras dos alemães (aqui estou referindo especialmente a um episódio de interação entre o tecladista e o vocalista, que motivou reações de hostilidade com humor por parte da platéia...). Desde aquele show, apesar de um tempo depois o Bruce ter dito que os caras tocavam algumas boas músicas, jamais me interessei pelo som do Rammstein.
Isso mudou há um par de anos, quando vi no balaio da Multisom o disco "Mutter", que trouxe para casa pela curiosidade e pelo preço barato. Tive a surpresa, então, de que havia, de fato, músicas muito boas e riffs bem legais. A isso somava o fato de que o encarte com as letras em alemão poderia facilitar a aprendizagem da língua, quando resolvesse retomar os estudos. Naturalmente que, a partir daí, pesquisei a banda e baixei mp3 de alguns discos, notadamente "Reise, Reise" (o "Rosenrot" aluguei na Espaço Vídeo).
De todos, o disco que achei com o melhor conjunto de composições foi esse "Reise, Reise". A banda tem uma característica muito forte de riffs de guitarra arrasa-quarteirão conduzidos por uma bateria marcante, e o resultado é curioso, meio "dance metal" como já li em algum lugar. Sobre tudo isso há ainda uns bons sons com sintetizadores, com umas melodias legais sobre os riffs e acordes. Acaba sendo inspirador, pois.
Ainda não cheguei no estádio de compreender grande parte das letras - e geralmente isso é dispensável quando se está diante de boas faixas de guitarras. A faixa-título traduz o método de composição da banda: um riff poderoso de guitara, versos sobre uma base mais tranquila para enfatizar os vocais, refrão majestoso sobre o riff, e timbres excelentes de sintetizadores. Além desta, as melhores músicas de "Reise, Reise" são "Los", "Keine Lust", "Amerika", "Mein Teil". Demais músicas, como "Dalai Lama" e "Stein Um Stein" (que tem bonitas melodias), também são muito boas.
"Los" é uma faixa com violões e bateria; mas não é balada, é um heavy metal típico da banda. O violão manda ver num riff valoroso e simples, sobre o qual Till Lindemann canta a maior parte dos versos e do refrão. Percorre a faixa solos de uma espécie de harmônica desafinada. É a minha música favorita da banda.
"Keine Lust" é legal pela interação dos vocais com as guitaras nos versos. Ademais, o teclado complementa o riff principal de guitarra.
Aparentemente a letra de "Amerika" é uma gozação/crítica com símbolos tradicionais americanófilos; independentemente disso, o refrão é muito bom "We´re all live in Amerika, Amerika ist Wunderbar", tanto quanto as guitarras e as melodias.
"Mein Teil" é outra demonstração do tipo de inspiração que os caras trazem: um riff estupidamente pesado sobre o qual paira uma melodia de sintetizador. Além disso, os versos trazem a conhecida expressão "Du bist was du isst".
Se há apenas um disco para gostar de Rammstein, provavelmente esse disco é "Reise, Reise".
Isso mudou há um par de anos, quando vi no balaio da Multisom o disco "Mutter", que trouxe para casa pela curiosidade e pelo preço barato. Tive a surpresa, então, de que havia, de fato, músicas muito boas e riffs bem legais. A isso somava o fato de que o encarte com as letras em alemão poderia facilitar a aprendizagem da língua, quando resolvesse retomar os estudos. Naturalmente que, a partir daí, pesquisei a banda e baixei mp3 de alguns discos, notadamente "Reise, Reise" (o "Rosenrot" aluguei na Espaço Vídeo).
De todos, o disco que achei com o melhor conjunto de composições foi esse "Reise, Reise". A banda tem uma característica muito forte de riffs de guitarra arrasa-quarteirão conduzidos por uma bateria marcante, e o resultado é curioso, meio "dance metal" como já li em algum lugar. Sobre tudo isso há ainda uns bons sons com sintetizadores, com umas melodias legais sobre os riffs e acordes. Acaba sendo inspirador, pois.
Ainda não cheguei no estádio de compreender grande parte das letras - e geralmente isso é dispensável quando se está diante de boas faixas de guitarras. A faixa-título traduz o método de composição da banda: um riff poderoso de guitara, versos sobre uma base mais tranquila para enfatizar os vocais, refrão majestoso sobre o riff, e timbres excelentes de sintetizadores. Além desta, as melhores músicas de "Reise, Reise" são "Los", "Keine Lust", "Amerika", "Mein Teil". Demais músicas, como "Dalai Lama" e "Stein Um Stein" (que tem bonitas melodias), também são muito boas.
"Los" é uma faixa com violões e bateria; mas não é balada, é um heavy metal típico da banda. O violão manda ver num riff valoroso e simples, sobre o qual Till Lindemann canta a maior parte dos versos e do refrão. Percorre a faixa solos de uma espécie de harmônica desafinada. É a minha música favorita da banda.
"Keine Lust" é legal pela interação dos vocais com as guitaras nos versos. Ademais, o teclado complementa o riff principal de guitarra.
Aparentemente a letra de "Amerika" é uma gozação/crítica com símbolos tradicionais americanófilos; independentemente disso, o refrão é muito bom "We´re all live in Amerika, Amerika ist Wunderbar", tanto quanto as guitarras e as melodias.
"Mein Teil" é outra demonstração do tipo de inspiração que os caras trazem: um riff estupidamente pesado sobre o qual paira uma melodia de sintetizador. Além disso, os versos trazem a conhecida expressão "Du bist was du isst".
Se há apenas um disco para gostar de Rammstein, provavelmente esse disco é "Reise, Reise".
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Mötley Crüe "Red, White and Crüe" (2005)
No acervo da Espaço Vídeo achei a melhor coletânea do Mötley Crüe, e a razão é uma só: além de reunir os clássicos da banda até 1989 (do tipo "Live Wire", "Looks That Kill", "Shout At The Devil", "Girls, Girls, Girls", "Kickstart My Heart", "Dr. Feelgood" e "Home Sweet Home") e conter uma das excelentes faixas da época com John Corabi ("Hooligan´s Holiday"), "Red, White and Crüe" conta com a minha música favorita da banda. Curti muito "Hell On High Heels" desde a primeira vez que ouvi, na MTV com o clip que passava no Fúria. O riff é muito bom e bem bolado, com vários acordes rock´n´roll posicionados entre pausas certeiras. O refrão é matador (a melhor parte da música), e o solo de Mick Mars incorpora vários licks clássicos de pentatônicas com bends inspirados. "Hell On High Heels", então, é uma música do tipo perfeita. Tirante essa, das particularmente melhores estão "Looks That Kill" (que demonstra como os caras têm talento para compor riffs de gutiarra muito bons com as mesmas notas e recursos que todos utilizamos, no entanto sem soar parecido com ninguém, ou genérico em excesso), "Girls, Girls, Girls" (guitarras com peso bom, embora a faixa seja típica de hard rock), "Kickstart My Heart" (músicas rápidas nesse estilo são geralmente boas, sobretudo com um bom riff), "Bitter Pill" (é legal a palhetada no riff principal).
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Mötley Crüe "Generation Swine" (1997)
Logo após um álbum excepcional, é comum que as bandas lancem discos medíocres. Metallica e Rolling Stones são exemplos, e o Mötley Crüe não é exceção com "Generation Swine", lançado em 1997 após o excelente "Mötley Crüe" de 1994. Conforme wikipedia, a banda ainda contava com John Corabi, e boa parte do disco foi composta com o vocalista/guitarrista; entretanto, após negociações prolongadas, optou-se pelo retorno de Vince Neil. "Generation Swine", propriamente, é muito fraco, pelo menos em comparação com o alto padrão do disco anterior. Os caras resolveram incorporar sons eletrônicos e mais afinados com o rock alternativo. Não encontrei os riffs inspirados, a não ser em "Let Us Prey", que tem um riff bem pesado com pausas cortantes. No mais, os caras parecem com a cabeça em outro lugar: Nikki Sixx e Tommy Lee não são tão mestres assim; o primeiro, embasbacado por estar com a espetacular Donna D´Errico (quando vão lançar as caixas de DVD com o Baywatch?), e o segundo, embasbacado por ter um filho com a Pamela Anderson. Tanto uma quanto outro foram "inspiração" para músicas bem fracas: "Rocketship" e "Brandon". Sobrou tempo no estúdio para uma regravação de "Shout at the Devil '97".
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Resenha de CD - Mötley Crüe "Mötley Crüe" (1994)
Tanto quanto muitas bandas de hair metal, ou hard rock farofa dos anos 1980, jamais dei bola para o Motley Crue; achava que os caras não tocavam nada, que eram apenas posers, e o visual era repugnante. Há alguns anos, no entanto, aluguei uma coletânea na Espaço Vídeo e descobri que os caras fazem algumas músicas bem boas, com riffs de guitarra muito legais. Lembro, ainda, que o Valmor/Bruce tinha certo apreço por um disco particular do Motley Crue, no qual o vocalista era John Corabi e o som era um pouco diferente do que a banda costumava fazer. Pois foi esse álbum, chamado "Mötley Crüe" que encontrei na Espaço Vídeo para venda por menos de 10 pila. E de fato é um bom disco. A primeira música, "Power to the Music" é massa, com um riffão de guitarra em dropped D. O timbre das guitarras no álbum inteiro é uma cavalice, o vocal de Corabi é bom e adequado para todas as músicas, e a batera de Tommy Lee é bem espancada (a caixa e os pratos estalam para valer). Mick Mars fez um excelente trabalho, utilizando wah-wah em vários solos, e com vários riffs bons: durante o solo de guitarra em "Holligan´s Holiday", "Hammered" (paulada na orelha), "Smoke the Sky" (outra cacetada com riff matador e levada de bateria mais rápida, estilo Crüe, possivelmente a melhor do disco, junto com "Power to the Music"). Encontrar discos excelentes como esse, ao acaso, não tem preço (candidato a disco essencial daqui a algumas audições).
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
CDs do Kiss - Parte V "Revenge" (1992)
É curioso como todas as melhores bandas de hard rock e heavy metal (Metallica, Judas Priest, Slayer) lançaram discos excelentes no início dos anos 1990, pouco antes ou concomitantemente com o surgimento do que se convencionou chamar de grunge. O caso do Kiss não foi diferente, pois em 1992 lançou “Revenge”, um belo disco que marcou uma espécie de retorno ao grande som de álbuns como “Creatures of the Night” e “Lick It Up”. Foi o ápice de uma evolução percebida a partir de “Hot in the Shade”: com efeito, após a retirada das máscaras a banda entrou em processo degenerativo de imagem, som e mesmo condução dos destinos da banda. Veja-se que após “Lick It Up” a banda lançou “Animalize”, com bom sucesso, “Asylum”, com mudança de visual já indiciada no disco anterior para participar do “glam metal” ou “hair metal” acompanhada de pasteurização do som, atingindo-se o fundo do poço com “Crazy Nights” e “Smashes, Trashes and Hits” (ainda terei oportunidade para defender que, apesar de tudo, esses discos têm músicas muito boas, mas agora não é o momento). No início dos anos 1990, o Kiss livrou-se dos excessos (roupas multicoloridas e sonoridade convencional) e partiu para composições mais maduras e sólidas em “Hot in the Shade”. Os caras provocaram os fãs no vídeo de “Rise To It”, no qual Gene Simmons e Paul Stanley apareciam num camarim maquiando-se e vestindo-se como se fosse 1975, alimentando esperanças de uma eventual reativação das consagradas máscaras. Além disso, acredito que por volta dessa época todas as bandas de todos os estilos de hard rock e heavy metal passaram a admitir em entrevistas que tiveram o Kiss como grande influência, e que começaram a tocar seus instrumentos e a formar suas bandas por causa do quarteto de New York. Havia, pois, um momento bastante favorável para o Kiss fazer algo relevante e com boa aceitação. Mesmo com o falecimento precoce de Eric Carr em novembro de 1991, a banda já estava no caminho certo para fazer um excelente disco de som pesado.
Lembro de ver o CD nas lojas do Praia de Belas na época em que nem tínhamos CD-Player em casa no início dos anos 1990. E me intrigava a contracapa do CD, com a foto da formação Stanley, Simmons, Kulick e Eric Singer com roupas de couro preto, e o baterista (então, para mim, ignorado) parecia mais um surfista com cabelos compridos loiros (“esse disco deve ser ruim”). O “Alive III”, que ouvi em julho de 1993, serviu para desmistificar esses pré-conceitos, pois essa formação era muito boa e competente para a execução de qualquer música da discografia do Kiss. Então, juntamente com o “Alive III”, adquiri o “Revenge” no segundo semestre de 1993, numa loja da Gal. Chaves, térreo.
Por conhecer o “Alive III”, já estava familiarizado com “Unholy”, “Take It Off”, “I Just Wanna”, “Domino” e “God Gave Rock´n´Roll To You II”. Surpreendeu-me o fato de que as versões de estúdio não eram tão boas quanto às ao vivo: estas soavam mais vivas e dinâmicas, ao contrário daquelas, lentas e um tanto burocráticas. Bob Ezrin foi chamado para ser o produtor, mais de uma década após o último trabalho com a banda (“Music From the Elder”, que apesar da fraca receptividade na época, e da rejeição de Paul em todas as entrevistas, é um disco com músicas muito boas). Independentemente disso, “Revenge” contém os melhores registros da carreira de Bruce Kulick: o guitarrista simplesmente arrebentou em todos os solos e todos os riffs. Não por acaso, Kulick – em entrevista à Guitar World com Angus Young na capa em 1993 – enfatizava o quanto achava legal que Singer era o tipo de baterista que sabia de cor os solos de guitarra a ponto de assobiá-los nos corredores do estúdio. Efetivamente, tratam-se de solos de guitarra marcantes, e agora tenho o interesse renovado para pesquisar a utilização do lendário wah-wah.
“Unholy” não é a música mais pesada do disco, mas é a melhor e mais representativa dessa nova fase do Kiss. É o primeiro single de Gene Simmons desde “I Love It Loud”, e, além do baixista, a autoria é creditada a Vinnie Vincent, o que para mim até hoje não está bem esclarecido (afinal, Vinnie foi demitido duas vezes da banda em 1983 e 1984 conforma amplamente divulgado por Gene e Paul durante todos esses anos, sendo certo que no período houve diversas aços judiciais por parte de VV... por que, então, os caras chamariam um guitarrista tão repudiado para compor novas músicas?). Seja como for, o riff é estupendo (bem sofisticado, começando com slides e partindo para notas na 5.ª e na 4.ª cordas); além disso, toda a parte de guitarra (versos, pré-chorus, chorus, base do solo) é muito bem trabalhada, não havendo nada óbvio ou repetitivo ou fora de lugar. Destaque para o espetacular solo de guitarra de Kulick (talvez só perca em qualidade para o de “Tears Are Falling”, do “Asylum”).
Gosto do fato de que em “Revenge” foram utilizadas outras afinações diferentes da convencional, ou da convencional meio-tom abaixo. Muitas das faixas estão com afinação um tom abaixo, dentre as quais “Take It Off” e o legal é aferir que a afinação mais pesada não traduz, necessariamente, numa música mais pesada. Assim, “Take It Off” é em G, ao invés de A, o que provavelmente serve para facilitar a tarefa de Paul Stanley nos vocais. Trata-se de uma música que funciona muito bem ao vivo, e Paul se aproveita da parada no meio (apenas se ouve a guitarra de Kulick, tocando com os dedos uma parte que lembra a melodia da música) para entreter o público. Novamente, destaco os solos de guitarra. Faço a menor ideia da razão pela qual se atribui nos sites a Kevin Valentine o registro da bateria nessa faixa – de qualquer maneira, não consigo diferenciar a levada nessa música das demais conduzidas por Eric Singer.
A banda já havia gravado “God Gave Rock´n´Roll To You II” para uma trilha-sonora de um filme que já passou várias vezes na Sessão da Tarde, mas que jamais assisti (“Bill & Ted Bogus Journey”). Ainda não sei dizer com certeza essa música foi gravada duas vezes (uma para cada disco), ou apenas se a versão do “Revenge” é uma remixagem da que apareceu na trilha-sonora. Também não sei dizer ao certo se os vocais de apoio de Eric Carr aparecem em “Revenge”. A história, porém, é que Eric Singer gravou a bateria pois Carr estava inapto para tanto, conquanto tenha contribuído com os backing vocals. Eventualmente, Carr reuniu condições para a filmagem do vídeo para a música, que foi o primeiro que vi da banda na MTV e serviu para despertar o interesse sobre o Kiss (que já tinha desde a infância, quando os caras vieram pela primeira vez ao Brasil em 1983). Evidentemente que a música é muito boa: o instrumental é muito bom, e Gene e Paul foram muito competentes na alternância das vozes nos versos.
Paul fez uma letra muito boa para “I Just Wanna”, e o refrão tem parte perfeita para participação do público nos shows. Além disso, há uma parte a capella depois do solo de guitarra que enriquece a composição. Trata-se de uma característica de “Revenge” a diversidade de partes dentro das músicas, e a perfeita execução nos instrumentos (é possível que Bruce Kulick tenha registrado grande parte das guitarras e mesmo do baixo das faixas, fato que é certo em “Carnival of Souls”).
“Domino” é uma das boas composições de Simmons (bons versos e bom refrão), com partes faladas que lembram “Christine Sixteen”. Outra que tem bom solo de Kulick, e é muito bom ouvir a versão demo no “The Box Set”. Além da versão do “Alive III”, os caras mandaram uma versão acústica muito surpreendente para o “MTV Unplugged” (inclusive com solo de Kulick fiel à versão original, o que, convenhamos, é um grande feito em se tratando de violão de cordas de aço sem pedais de distorção).
“Every Time I Look At You” é a balada de Paul, e é uma das melhores da banda, e que teria feito muito sucesso nas rádios, caso o Kiss tivesse espaço na época (que não era mais favorável ao rock farofa). Até hoje tenho dificuldade para encontrar um jeito de tocar adequadamente a magnífica introdução, e acho muito bons os acordes dos versos. Os caras fizeram bem ao incluí-la no “MTV Unplugged”, mesmo em prejuízo de “Forever”, que seria a escolha mais óbvia.
“Revenge” tem um punhado de boas e obscuras composições: na verdade, não há música fraca nesse disco. Nessas condições têm-se “Tough Love”, “Heart of Chrome”, “Thou Shalt Not”, “Paralyzed”, “Spit” e, principalmente, “Carr Jam 1981”. Vejamos. As duas primeiras são de Paul (com coautores), contam com afinação mais pesada (um tom abaixo, acredito), várias partes legais de guitarra, e backing vocals marcantes e afinados. No solo de guitarra de “Tough Love”, Kulick utiliza bastante o wah-wah com alavancadas da mesma forma que veio a desenvolver com mais intensidade em “Carnival of Souls” (1996). “Heart of Chrome” é talvez a faixa com as mais complexas partes de guitarra, além de ter um refrão marcante com vocais sobrepostos. “Thou Shalt Not” é possivelmente a faixa mais pesada do disco (devido ao riff inicial que aparece no refrão), tem letra pessoal muito boa de Gene (sobretudo pelas rimas nos versos) e é mais uma com solo competente com wah-wah de Kulick. “Paralyzed” não é tão marcante, ainda mais por aparecer quase no final de um disco tão bom. “Spit” tem partes excepcionais de guitarra, com várias notas e pausas, e a letra é cantada ao estilo “rap”, digamos assim. No solo de gutiarra, Kulick executa as primeiras notas do “Star Spangled Banner”. Os caras tocavam essa em formato acústico nas convenções, e é uma pena que não aproveitaram para registrá-la no “Unplugged MTV” (no lugar de, por exemplo, “Domino” – no volume 3 do Kissology aparece os caras tocando “Spit” – até o solo de guitarra, quando Kulick pára e dá risada - enquanto o pessoal da MTV providenciava as alterações no cenário para acomodar Ace Frehley e Peter Criss no palco – e os presentes cantam junto).
Indiscutivelmente é um grande disco do Kiss, com as melhores guitarras já registradas pela banda, e os méritos são todos de Bruce Kulick, sem prejuízo da participação excelente de Eric Singer. Acredito que seja algum problema de produção ou mixagem, pois o som das músicas é um pouco travado em comparação com as versões ao vivo; admito, no entanto, que essa é uma característica de todos os discos do Kiss (à exceção de “Animalize”, “Asylum”, “Crazy Nights”, “Carnival of Souls” e, mais recentemente, “Sonic Boom”).
Lembro de ver o CD nas lojas do Praia de Belas na época em que nem tínhamos CD-Player em casa no início dos anos 1990. E me intrigava a contracapa do CD, com a foto da formação Stanley, Simmons, Kulick e Eric Singer com roupas de couro preto, e o baterista (então, para mim, ignorado) parecia mais um surfista com cabelos compridos loiros (“esse disco deve ser ruim”). O “Alive III”, que ouvi em julho de 1993, serviu para desmistificar esses pré-conceitos, pois essa formação era muito boa e competente para a execução de qualquer música da discografia do Kiss. Então, juntamente com o “Alive III”, adquiri o “Revenge” no segundo semestre de 1993, numa loja da Gal. Chaves, térreo.
Por conhecer o “Alive III”, já estava familiarizado com “Unholy”, “Take It Off”, “I Just Wanna”, “Domino” e “God Gave Rock´n´Roll To You II”. Surpreendeu-me o fato de que as versões de estúdio não eram tão boas quanto às ao vivo: estas soavam mais vivas e dinâmicas, ao contrário daquelas, lentas e um tanto burocráticas. Bob Ezrin foi chamado para ser o produtor, mais de uma década após o último trabalho com a banda (“Music From the Elder”, que apesar da fraca receptividade na época, e da rejeição de Paul em todas as entrevistas, é um disco com músicas muito boas). Independentemente disso, “Revenge” contém os melhores registros da carreira de Bruce Kulick: o guitarrista simplesmente arrebentou em todos os solos e todos os riffs. Não por acaso, Kulick – em entrevista à Guitar World com Angus Young na capa em 1993 – enfatizava o quanto achava legal que Singer era o tipo de baterista que sabia de cor os solos de guitarra a ponto de assobiá-los nos corredores do estúdio. Efetivamente, tratam-se de solos de guitarra marcantes, e agora tenho o interesse renovado para pesquisar a utilização do lendário wah-wah.
“Unholy” não é a música mais pesada do disco, mas é a melhor e mais representativa dessa nova fase do Kiss. É o primeiro single de Gene Simmons desde “I Love It Loud”, e, além do baixista, a autoria é creditada a Vinnie Vincent, o que para mim até hoje não está bem esclarecido (afinal, Vinnie foi demitido duas vezes da banda em 1983 e 1984 conforma amplamente divulgado por Gene e Paul durante todos esses anos, sendo certo que no período houve diversas aços judiciais por parte de VV... por que, então, os caras chamariam um guitarrista tão repudiado para compor novas músicas?). Seja como for, o riff é estupendo (bem sofisticado, começando com slides e partindo para notas na 5.ª e na 4.ª cordas); além disso, toda a parte de guitarra (versos, pré-chorus, chorus, base do solo) é muito bem trabalhada, não havendo nada óbvio ou repetitivo ou fora de lugar. Destaque para o espetacular solo de guitarra de Kulick (talvez só perca em qualidade para o de “Tears Are Falling”, do “Asylum”).
Gosto do fato de que em “Revenge” foram utilizadas outras afinações diferentes da convencional, ou da convencional meio-tom abaixo. Muitas das faixas estão com afinação um tom abaixo, dentre as quais “Take It Off” e o legal é aferir que a afinação mais pesada não traduz, necessariamente, numa música mais pesada. Assim, “Take It Off” é em G, ao invés de A, o que provavelmente serve para facilitar a tarefa de Paul Stanley nos vocais. Trata-se de uma música que funciona muito bem ao vivo, e Paul se aproveita da parada no meio (apenas se ouve a guitarra de Kulick, tocando com os dedos uma parte que lembra a melodia da música) para entreter o público. Novamente, destaco os solos de guitarra. Faço a menor ideia da razão pela qual se atribui nos sites a Kevin Valentine o registro da bateria nessa faixa – de qualquer maneira, não consigo diferenciar a levada nessa música das demais conduzidas por Eric Singer.
A banda já havia gravado “God Gave Rock´n´Roll To You II” para uma trilha-sonora de um filme que já passou várias vezes na Sessão da Tarde, mas que jamais assisti (“Bill & Ted Bogus Journey”). Ainda não sei dizer com certeza essa música foi gravada duas vezes (uma para cada disco), ou apenas se a versão do “Revenge” é uma remixagem da que apareceu na trilha-sonora. Também não sei dizer ao certo se os vocais de apoio de Eric Carr aparecem em “Revenge”. A história, porém, é que Eric Singer gravou a bateria pois Carr estava inapto para tanto, conquanto tenha contribuído com os backing vocals. Eventualmente, Carr reuniu condições para a filmagem do vídeo para a música, que foi o primeiro que vi da banda na MTV e serviu para despertar o interesse sobre o Kiss (que já tinha desde a infância, quando os caras vieram pela primeira vez ao Brasil em 1983). Evidentemente que a música é muito boa: o instrumental é muito bom, e Gene e Paul foram muito competentes na alternância das vozes nos versos.
Paul fez uma letra muito boa para “I Just Wanna”, e o refrão tem parte perfeita para participação do público nos shows. Além disso, há uma parte a capella depois do solo de guitarra que enriquece a composição. Trata-se de uma característica de “Revenge” a diversidade de partes dentro das músicas, e a perfeita execução nos instrumentos (é possível que Bruce Kulick tenha registrado grande parte das guitarras e mesmo do baixo das faixas, fato que é certo em “Carnival of Souls”).
“Domino” é uma das boas composições de Simmons (bons versos e bom refrão), com partes faladas que lembram “Christine Sixteen”. Outra que tem bom solo de Kulick, e é muito bom ouvir a versão demo no “The Box Set”. Além da versão do “Alive III”, os caras mandaram uma versão acústica muito surpreendente para o “MTV Unplugged” (inclusive com solo de Kulick fiel à versão original, o que, convenhamos, é um grande feito em se tratando de violão de cordas de aço sem pedais de distorção).
“Every Time I Look At You” é a balada de Paul, e é uma das melhores da banda, e que teria feito muito sucesso nas rádios, caso o Kiss tivesse espaço na época (que não era mais favorável ao rock farofa). Até hoje tenho dificuldade para encontrar um jeito de tocar adequadamente a magnífica introdução, e acho muito bons os acordes dos versos. Os caras fizeram bem ao incluí-la no “MTV Unplugged”, mesmo em prejuízo de “Forever”, que seria a escolha mais óbvia.
“Revenge” tem um punhado de boas e obscuras composições: na verdade, não há música fraca nesse disco. Nessas condições têm-se “Tough Love”, “Heart of Chrome”, “Thou Shalt Not”, “Paralyzed”, “Spit” e, principalmente, “Carr Jam 1981”. Vejamos. As duas primeiras são de Paul (com coautores), contam com afinação mais pesada (um tom abaixo, acredito), várias partes legais de guitarra, e backing vocals marcantes e afinados. No solo de guitarra de “Tough Love”, Kulick utiliza bastante o wah-wah com alavancadas da mesma forma que veio a desenvolver com mais intensidade em “Carnival of Souls” (1996). “Heart of Chrome” é talvez a faixa com as mais complexas partes de guitarra, além de ter um refrão marcante com vocais sobrepostos. “Thou Shalt Not” é possivelmente a faixa mais pesada do disco (devido ao riff inicial que aparece no refrão), tem letra pessoal muito boa de Gene (sobretudo pelas rimas nos versos) e é mais uma com solo competente com wah-wah de Kulick. “Paralyzed” não é tão marcante, ainda mais por aparecer quase no final de um disco tão bom. “Spit” tem partes excepcionais de guitarra, com várias notas e pausas, e a letra é cantada ao estilo “rap”, digamos assim. No solo de gutiarra, Kulick executa as primeiras notas do “Star Spangled Banner”. Os caras tocavam essa em formato acústico nas convenções, e é uma pena que não aproveitaram para registrá-la no “Unplugged MTV” (no lugar de, por exemplo, “Domino” – no volume 3 do Kissology aparece os caras tocando “Spit” – até o solo de guitarra, quando Kulick pára e dá risada - enquanto o pessoal da MTV providenciava as alterações no cenário para acomodar Ace Frehley e Peter Criss no palco – e os presentes cantam junto).
Indiscutivelmente é um grande disco do Kiss, com as melhores guitarras já registradas pela banda, e os méritos são todos de Bruce Kulick, sem prejuízo da participação excelente de Eric Singer. Acredito que seja algum problema de produção ou mixagem, pois o som das músicas é um pouco travado em comparação com as versões ao vivo; admito, no entanto, que essa é uma característica de todos os discos do Kiss (à exceção de “Animalize”, “Asylum”, “Crazy Nights”, “Carnival of Souls” e, mais recentemente, “Sonic Boom”).
Ensaio The Osmar Band - "Achtundzwanzig" 01.12.2009
Há coisas inevitáveis para as quais não somos devidamente preparados, e em relação às quais a pouco o que dizer. Resta seguir em frente. Voltamos aos ensaios e o Marcelo trouxe vários reforços da sua recente viagem de férias. Toquei na PRS Custom do Alemão e basicamente deixei o botão de tom entre 0 e 3 (ao invés do costumeiro 10), e acho que em algumas músicas consegui alcançar o timbre que ele geralmente emprega. Temos utilizado a mesma música para iniciar as atividades, pois é fácil, tem uma estrutura já conhecida, e é rápida nos acordes Bm-A-G-F# e letra infame, quase romântica não fosse o refrão (o Marcão contribui com backing vocals e o Marcelo cantou a plenos pulmões). O vocalista estava com o notebook afiado, então ele enfileirava os pedidos de músicas com algumas letras de antigos hits em estoque que iam sendo desencavadas. Das recentes, uma com letra excelente sobre escândalos políticos (versos em B e A, refrão em E e G). O Alemão utilizou-se bastante dos acordes F# e Em nas jams, o que me facilitou a vida, pois conheço apenas uma escala que vai bem nesses acordes. Apesar disso, tive desempenho abaixo da média numa dessas jams que contou com vocais, pois alternei timbre Brian May e depois outro de violão, o que não funcionou. O Marcão e o Alemão fizeram umas jams e eles se acharam nos andamentos tipo baião; tentei acompanhar os acordes, mas não acabei não percebendo a sutileza do ritmo. Durante meu período em Rio Grande, no último trimestre de 2008, os caras compuseram um punhado de excelentes músicas; uma delas foi resgatada nesse ensaio: ouvimos uma vez, e toquei algo que se parecia com o que o Alemão havia composto na guitarra na época (A e D). O Marcão deu show na bateria nessa, com vários rolos e viradas legais, sendo certo que o timbre da batera ficou legal também, especialmente na caixa. Teve uma com letra que não estou certo se é nova ou não, mas o Alemão utilizou um belo timbre de Hammond; lamentavelmente, a versão que ficou registrada não foi tão boa quanto a de ensaio, na qual o Alemão fez um baita solo de teclado. A última do ensaio foi um clássico rock I-IV-V com letra do ano passado sobre a loteria. Nesta e em várias outras o Marcelo fez solos de harmônica.
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