Desde sempre tive curiosidade de assistir a um show da Absence Of; afinal, o tecladista Vinicius Möller é conhecido de longa data e já tivemos oportunidades de dividir o palco em uma trinca de bons shows da Burnin´ Boat (no Arsenal, na Croco e no Coruja de Minerva). Entretanto, por uma razão ou outra, jamais estive disponível; desta feita, os planetas se alinharam e pude comparecer no Eclipse Studio Bar, quase em frente ao Opinião, para assistir ao show dos caras no último sábado, 12.12.2009 (na verdade, entramos depois da meia-noite, então o show foi na madrugada de 13.12.2009). Admito que não estava familiarizado com grande parte do material, vez que apenas ouvi um par de vezes umas duas ou três faixas disponibilizadas pela banda no seu sítio no MySpace. Os caras se propõem a um prog metal, mas minhas deficiências impedem de identificar o tipo de prog metal (nesse estilo fiquei apenas no âmbito do Dream Theater, Symphony X, Fates Warning e OSI; em outras palavras, não avancei para bandas mais novas como Porcupine Tree e Pain of Salvation, dentre outras).
A Absence Of dividiu a noite com outra banda, e sabiamente se posicionou para iniciar as atividades (nos liberando do compromisso com antecedência). O repertório, no qual todas as músicas tinham mais de 5min (no mínimo), teve duração ideal, o que permitiu até - como bem observou a Cris - que a galera se empolgasse novamente para a última música do set list (pois a música era, de fato, empolgante). Em contrapartida, o microfone para backing vocal do baixista Daniel Ruschel estava com volume bem melhor do que o microfone disponibilizado para o vocalista Arthur Ávila, mas talvez a posição dos cabos não permitisse a troca definitiva. Além disso, o Valmor concordou com a minha percepção de que o volume e o timbre distorcido da guitarra do Orontes Mariani ficaram a desejar (nas partes mais pesadas não consegui ouvir a guitarra, embora percebesse que o cara tocava coisas legais olhando para o que ele digitava com a mão esquerda na guitarra). O Valmor e a Cris ponderaram que o batera Chantos Mariani demorou um punhado de músicas para se soltar; de minha parte, achei que o cara mandou bem o tempo todo. Realmente achei que esse baterista tem um estilo muito legal de tocar, mantendo os braços ocupados o tempo todo, ocasionalmente utilizando eficientemente o pedal duplo (com som bem alto, em prejuízo da guitarra); em vários momentos, achei que o baterista era o MVP da banda. O Vinícius, por seu lado, teve oportunidade para executar uns 3 ou 4 solos de teclado do tipo arrasa-quarteirão, com timbres bem pegados.
Particularmente, entendo que o show se dividiu em duas partes: antes e depois das assim anunciadas músicas novas. Na primeira parte, os meus ouvidos de guitarrista de heavy metal sentiram falta de riffs de guitarra com utilização da 6.ª corda solta (independentemente de afinação, riffs bons geralmente utilizam a 6.ª corda solta, sendo certo que há riffs que utilizam exclusivamente a 6.ª corda solta, como "Kill the King" do Megadeth, dentre outras). A banda abriu com "I´m Coming" e seguiu com "Blank", ambas com alta rotação no MySpace dos caras. "I´m Coming" tem um riff pesado lá pelas tantas que parece meio retão (face aos acentos), mas os caras resolvem com uma melodia muito legal com um acorde numa região mais aguda da guitarra. "Blank" me serviu para mostrar como é possível que a guitarra silencie durante os versos, desde que se conte com um qualificado timbre de teclado para fazer a base, o que foi exatamente o caso. Além disso, achei interessante os acordes de guitarra que apareceram antes do solo. O Arthur anunciou um cover de música e banda sobre os quais ainda não pesquisei: "Incommunicado" do Marillion/Fish. É possível que a escolha tenha feito sentido, desde que se saiba o tipo de prog metal que a Abscence Of se dedica. "Goodbye Bunker Hill" é possivelmente a faixa mais conhecida dos caras - ou pelo menos o público assim me fez entender - e encerrou essa que eu chamo de primeira parte do show. Desde o início percebi que a banda estava perfeitamente ensaiada, e acho sensacional que assim o seja pois acredito que ensaios frutíferos são três quartos do caminho para um bom show; em "Goodbye Bunker Hill" os caras mostraram que estavam afiados, sobretudo num trecho em que a banda executou em uníssono com teclado, baixo e guitarra, no melhor estilo Dream Theater/Rush.
O Arthur anunciou, então, que seriam executadas duas músicas inéditas. E aí o show ficou ainda mais interessante, pois essas músicas são muito boas. "The Greatest End" e "Ennui". A primeira tem melodias grandiosas nos vocais, lembrou-me de alguma coisa do Iron Maiden na época do "The X-Factor" (admito que a referência deve ser só uma lembrança pessoal minha). "Ennui" tem partes de guitarra mais marcantes, com o riff inicial cheio de pausas (acho legal quando penso "bem que podiam botar a 6.ª corda solta nessas pausas" e lá pelas tantas o guitarrista faz exatamente isso - as vezes o meu ouvido não se engana). Achei muito legal um trecho em uníssono com teclado, guitarra, baixo e bateria, quase fusion. O solo de guitarra foi de debulhação, mas na hora não ouvi quase nada - acompanhei só pelos movimentos das mãos. A música que me era mais familiar foi o cover de Porcupine Tree, "Open Car" e a banda executou uma versão que me pareceu fiel à original - e foi boa a eleição de um cover com guitarras destacadas. "Herd" é uma bela composição, curti a agressividade até o início dos versos (e eventual retorno mais adiante), bem como o pequeno solo de teclado lá pelos 5:30 (notas legais e timbre massa). A prova da eleição coerente de um bom set list se deu quando a Abscence Of mandou a última música: "One Warm Day", com um riff dinâmico e empolgante com drop D, injetou ânimo na galera que agitou apesar do cansaço pelo horário avançado. A música é muito boa, e curti bastante a seção instrumental do meio da faixa, bem como mais um solo de teclado arrebatador e com timbre legal.
Mais do que tudo, foi inspirador assistir a uma banda bem ensaiada com músicos competentes executando um bom prog metal.
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