sábado, 19 de dezembro de 2009

Resenha de CD – Slayer “World Painted Blood” (2009)


Há um ano atrás aproveitei o balaio de uma grande rede gaúcha de eletrodomésticos e comprei por aproximadamente 14 pila cada quase toda a discografia do Slayer (dispensei o disco de covers de bandas de punk). Trata-se de uma banda que dispensa apresentações – é uma das fundadoras do thrash metal, com Metallica, Anthrax e Megadeth – e lança discos com regularidade, mantendo cativo público fiel. Caracteriza-se pela velocidade das músicas que aproxima o Slayer do punk. Particularmente, nunca acompanhei a banda de São Francisco e durante muito tempo não curti o som dos caras (sobretudo em meados dos anos 1990, quando passavam os clipes da banda no Fúria Metal). Hoje em dia acho graça de uma noção que vi na internet, segundo a qual não há melodia nos vocais de Tom Araya. Realmente, o cara só grita as letras. O que me interessa no entanto, e o que efetivamente comecei a reparar a partir da audição desses álbuns todos do Slayer, é o trabalho das guitarras e os riffs de Kerry King e Jeff Hannemann.

Com as bandas de heavy metal em renovada evidência neste final dos anos 2000 (uma das causas é o Guitar Hero), o Slayer experimentou uma grande fase a partir de “Christ Illusion”, o álbum anterior, que marcou a volta de Dave Lombardo nas baquetas, apareceu bem no Top 200 da Billboard e valeu indicação para o Grammy daquele ano. Com a proximidade da data do lançamento do novo álbum “World Painted Blood” aumentou o interesse geral sobre a banda, conforme notícias dos sites especializados (a melhor revista de guitarra – Guitar World – em uma de suas edições teve uma sessão com depoimentos de várias bandas de heavy metal, novas e velhas, sobre a expectativa em relação ao disco novo do Slayer). Particularmente, ouvi uma vez as faixas disponibilizadas no MySpace e aguardei a chegada do disco na Cultura, por preço nada atrativo.

Está me parecendo que Dave Lombardo, além de excepcional baterista de thrash metal, exerce uma influência positiva sobre os demais músicos, pois geralmente os discos que ele participa soam bastante inspirados. O melhor disco do Testament, por exemplo, contou com Lombardo nas baquetas (“The Gathering”). “Christ Illusion”, o disco anterior do Slayer, marcou espécie de retorno à forma, e agora “World Painted Blood” parece um Slayer revigorado. As correrias estão todas lá, então é despiciendo descrevê-las. O que me importa são os riffs de guitarra. E há um punhado de bons deles nesse álbum. A faixa-título é muito boa (a melhor do disco, com várias partes), sobretudo pela alternância entre riffs rápidos e cadenciados. Se "Unit 731" é uma correria típica do Slayer, achei legal as pausas que Dave Lombardo enfiou durante o refrão no final de determinado número par de compassos, criando um efeito stop-start bem tenso. "Beauty Through Order" tem um interessante riff melódico. "Human Strain" é das mais diferentes do disco, tanto quanto "Playing With Dolls", e por essa razão se destacam na audição. "Americon" tem o melhor riff do disco, perfeito para headbanging.


No CD não constou uma faixa que havia sido resenhada pela própria banda para a melhor revista de guitarra do mundo, a Guitar World, numa entrevista que teve um dos momentos mais engraçados que já li. a música é "Atrocity Vendor" e sobre ela Kerry King disse o seguinte: "This one was built around two phrases I took from my notebook: 'atrocity vendor', and 'equal-opportunity offender'. The first line is 'You´re staring at the atrocity vendor, f*cking equal-opportunity offender'. When I got to the third verse, which repeated that line, I realized I was singing about being an offender but I hadn´t written anything offensive yet. So I wrote the most offensive thing I could think of: 'I´ll introduce you to my own morbid charm, and fist-f*ck you with your own severed arm'". É realmente impressionante o raciocínio e todo o trabalho intelectual por trás da composição de letras desse tipo (risos).

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