Geralmente o lançamento dos discos do AC/DC somente são aguardados pelos fãs mais ardorosos, entendidos como aqueles que seguem a banda há anos, diferentemente do resto público em geral que consome música. De minha parte, ouço a banda australiana desde 1993 e ouvi todos os seus discos desde então. Como o AC/DC é o tipo de banda que lança dois discos a cada 10 anos, pude notar que jamais houve muito estardalhaço em volta dos lançamentos de "Ballbreaker" e "Stiff Upper Lip". Então foi com surpresa que acompanhei as notícias prévias, contemporâneas e posteriores à edição de "Black Ice". De fato, esse disco foi bastante antecipado e desde sempre se divulgou a noção de que se trataria do melhor disco desde "Back in Black". Pois o disco ganhou espaço generoso nas prateleiras das lojas (desde o lançamento e até hoje encontro com facilidade o disco na Saraiva ou na Cultura, sendo que até em Buenos Aires, em abril - meses após o lançamento do disco - ainda há um grande cartaz de "Black Ice" em uma das lojas da Musimundo, suplantando discos que chegaram ao mercado mais recentemente, como o último do U2), além de destaque no noticiário musical. As resenhas seguiram esse espírito "melhor desde 'Back in Black'" e as vendas foram excelentes, despachando outros discos talvez mais aguardados como o do Metallica e o do Guns´n´Roses.
Não precisei ouvir nenhuma música para trazer o disco para casa e para isso ajudou bastante o preço acessível (pelo menos em comparação com o de outros cds). Esperava um disco com guitarras mais pesadas, pois o álbum anterior ("Stiff Upper Lip") tinha uma levada bem mais sossegada de blues. Entretanto, as 15 faixas de "Black Ice" soam parecidas (todas as músicas do AC/DC são familiares e isso faz parte do estilo dos caras, e não há dúvidas de que as coisas devem permanecer assim; eles só usam acordes abertos e maiores, e ninguém está esperando que eles resolvam agregar novos sons), e o tom das composições é no blues e no soft rock. Só por isso já dá para discordar de quem disse que seria o melhor disco desde "Back in Black", pois a banda lançou discos excelentes nesse período, nomeadamente "The Razor´s Edge" (um dos meus favoritos) e "Flick of the Switch" (um dos meus favoritos de todos os tempos), sendo certo que recentemente descobri o quão divertida é a audição de "Fly on the Wall" (disco que considerava o pior da banda, mas, bem vistas as coisas, está longe de ser um disco ruim, antes pelo contrário).
"Black Ice" fez parte da trilha sonora para as viagens a Rio Grande ano passado, e tive oportunidade para reparar que "Rock and Roll Train", a faixa de abertura e música-de-trabalho, é do tipo clássico, com tudo perfeitamente encaixado, inclusive o solo típico de Angus Young, com bends, double-stops, entre outros recursos e licks ouvidos em tantas outras músicas da banda. As primeiras músicas soam boas e tal, mas depois de uns 25min de audição tudo começa a parecer igual, com o mesmo andamento e as mesmas partes. Mas há destaques, como "Anything Goes", bem melódica e com refrão muito legal de Brian Johnson, talvez uma das novidades marcantes em termos de AC/DC.
Aliás, o vocalista está em excelente forma, e em "Black Ice" é provável que os caras tenham conseguido os melhores registros de toda a fase da banda com Brian Johnson. A voz dele está excelente - o cara está mandando ver tão bem quanto no início da década de 1980 (são poucos os vocalistas que não perdem a voz com o passar dos anos).
No final de novembro desse ano, o AC/DC veio ao Brasil para apresentação única em São Paulo. Achei que ia rolar pacotes e tudo mais, mas não vi nada e na última hora as coisas eram caras demais, inclusive assistir o show em Buenos Aires, onde teve show extra. O evento foi espetacular, conforme descrições, sobretudo pelo fato de que a banda veio fazer o show completo, com todos os sinos, trens, canhões e a Rosie de costume.
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