quinta-feira, 8 de abril de 2004

Shows II - STEVE VAI (16/03/1997 - Salão de Atos da UFRGS)

- poucas semanas depois do Purple, mal podia acreditar que Steve Vai se apresentaria em Porto Alegre. O cara estava no auge de sua forma, tendo recém lançado um cd (Fire Garden) com ampla repercussão nos EUA. Mas o cara veio (e retornaria uns 5 anos depois) e trouxe uma banda fantástica: Mike Kennealy (guitarras, teclados e chapéus esquisitos), Philip Bynoe (baixo) e o grande Mike Mangini (bateria).

Comprei um dos últimos ingressos na bilheteria do Salão de Atos, com a poltrona localizada na antepenúltima fila lá do canto direito (esquerdo do palco). Mas a visão e a qualidade do som foram muito boas, não perdi nada.

O show atrasou no mínimo 2 horas, devido a problemas com horários de vôos de equipamento e banda. E ficamos todos na fila (enorme), esse tempo todo, do lado de fora do Salão de Atos da UFRGS. Em determinado momento, surgiu uma van, de onde sairam uns caras notadamente estrangeiros, e concluímos que eram os roadies da banda de Vai - na verdade, eram os próprios músicos, que passaram bem na frente dos nossos narizes ranhentos.

Na fila, encontrei o meu colega de colégio e grande guitarrista da Hibria Diego Kasper. Quando finalmente entramos, ainda deu tempo de adquirir uma camiseta da turnê (o vídeo era muito caro, não deu para concorrer a uma guitarra autografada).

O show começou com THERE´S A FIRE IN THE HOUSE, uma das minhas favoritas. Outras das minhas prediletas foram executadas - BAD HORSIE, TENDER SURRENDER - mas o momento da noite, não podia deixar de ser diferente, foi mesmo FOR THE LOVE OF GOD, acompanhada pela platéia inteira de pé. No meio da apresentação, o guitarrista ficou brincando com a banda - esta tentava acompanhar musicalmente os passos e gestos de Vai. Não satisfeito, o cara chamou ao palco um magrão da primeira fila pra comandar a banda - foi surpreendente e legal essa interação.

Enfim, Vai é isso aí mesmo - um exímio guitarrista e um baita showman. As músicas são só o fato gerador, o suporte fático de uma histeria guitarrística. E parece que nunca esgota os truques e efeitos - sempre tem um arpejo furioso ou uma escala inquietante, uma alavancada gloriosa ou um harmônico gritante. Trata-se de um músico completo e um guitarrista excepcional. Mas depois do show, levei meses para ouvir de novo um cd do Vai... não é a mesma coisa. A música de Vai é melhor apreciada ao vivo, ou em vídeo - no headphone ou na caixa de som fica faltando uma parte grande da expressividade e do alcance das músicas.

Em tempo: durante uma música (acho que LIBERTY), Steve Vai tocou um trecho do Hino Nacional Brasileiro. Foi um momento belíssimo que emonionou ainda mais os presentes. Ninguém imaginava que um baita guitarrista como ele, americano, reconhecido internacionalmente, se preocuparia em agradar ainda mais os fãs (já satisfeitíssimos com a qualidade do show) tocando o nosso Hino.

Isso, entendo, só demonstra a grandiosidade de espírito do guitarrista, que é sensível o suficiente para entender que os símbolos nacionais de um país são muito importantes para qualquer população, sendo despiciendo, inoportuno e até indelicado enaltecer símbolos nacionais de outros países gratuitamente. Já ouvi, de outro lado, um bootleg do guitarrista na Argentina em que o guitarrista toca uma música tradicional do país no meio da mesma música (LIBERTY).

Trata-se, realmente, de um espírito elevado, que tem consciência de que apesar de ser americano, e de os EUA serem o país mais poderoso e desenvolvido dos nossos tempos, tais fatos não são suficientes para ignorar o resto do mundo, tratando os territórios dos outros Estados como prolongamentos seus, como se fossem canteiros de obras ou uma mera província subordinada ao seu poderio.

Um comentário:

BEM VELHO disse...

Bacana o relato. Show memorável e a lembrança que tenho será sempre de um ser de outro planeta, simpático, carismático e que domina seu instrumento como ninguém. Grade Steve Vai, grande show. Abraços

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