1996 foi um ano bom para ser fã do Kiss. A banda recém havia terminado várias sequencias de shows em diversos países (inclusive o Brasil em 1994), e se encontrava em um bom momento. Entre 1995/1996, os caras se dedicaram a comparecer às convenções de fãs do Kiss, nos EUA e na Austrália, e se apresentaram tocando músicas de todo o seu repertório em formato acústico. Essa iniciativa foi muito bem sucedida. Só não sei se isso levou ao “MTV Unplugged” ou se por causa do “MTV Unplugged” a banda resolveu praticar nas convenções. Acredito, talvez ingenuamente, que Gene e Paul queriam participar do “MTV Unplugged”, e resolveram tocar suas músicas de forma acústica nessas convenções. A partir do contato com a emissora, elegeram as mais pedidas ou melhor tocadas e agilizaram a participação na famigerada série de programas “Unplugged”. Para agregar uma espécie de atrativo bônus, resolveram chamar Peter Criss e Ace Frehley, da formação original, para tocar em algumas faixas, uma vez que (a) Peter Criss participou com sucesso de uma convenção cantando “Hard Luck Woman”, e (b) desde sempre houve o clamor popular pela volta da formação original. Então se materializou um programa que deu origem a um DVD e a um CD espetaculares.
Lembro que a MTV local anunciou bastante a transmissão do programa do acústico do Kiss. E na data noticiada (uma sexta-feira de maio, acredito) me pus em frente à TV com o videocassete ligado para gravar o evento. Se antes disso ficava imaginando que tipo de repertório seria apresentado (o Giulia e eu achávamos que algumas músicas eram certas, como “Forever”), muito me surpreendeu que os caras abriram com “Comin´ Home” – que na época não conhecia – e ainda incluíram outras para mim inéditas (“Goin´ Blind”, “See You Tonite”), e ainda outras bastante obscuras e inesperadas (“Plaster Caster”, “Sure Know Something”, “A World Without Heroes”). Em todo o caso, agradou-me bastante essa eleição de faixas representativas de grande parte da discografia da banda (só ficou de fora os discos sem máscara dos anos 1980). E não há como negar que a banda estava no auge da forma e que a execução das músicas foi perfeita.
Atribuo o resultado excelente do disco ao entrosamento da formação Stanley/Simmons/Kulick/Singer. Bruce fez um trabalho espetacular, tanto na guitarra base como nos solos precisos (até o solo de “Domino”, bem complicado, ficou igual ao original de estúdio). Eric também estava em noite inspirada, como de costume (o cara sempre tocava bem nessa época – mais recentemente é que resolveu optar por levadas de bateria mais simples e pedestres). Não bastasse isso, Gene e Paul estavam com excelentes vozes (o mesmo não se pode dizer hoje em dia, quase 15 anos depois). Peter e Ace tocam com a banda em dois momentos: o primeiro, acompanhados apenas de Gene e Paul, promovendo uma reunião da formação original, para tocar “2000 Man” e “Beth”, e o segundo, com a formação atual (Bruce e Eric incluídos), para executar “Nothin´ To Lose” e “Rock and Roll All Nite” (três violões e duas baterias, sendo que Eric fez os vocais principais na primeira).
Pelo formato acústico, esse disco é um dos poucos da discografia da banda que posso emprestar ou presentear sem susto e independentemente do gosto musical do destinatário do empréstimo ou do presente. Particularmente, não consegui esperar pelo lançamento do CD em versão nacional, e assim adquiri o importado na CD Express em maio/junho de 1996. O DVD foi disponibilizado por algum tempo, mas achei que era inoportuno comprá-lo, pois já tinha gravado em VHS com boa qualidade. Durante muitos anos esse DVD desapareceu das prateleiras, e voltou agora somente com o volume 3 do Kissology, dessa vez na íntegra (incluindo todo o show – com direito a erros e repetições e músicas excluídas).
A partir do sucesso desse “MTV Unplugged”, sobretudo pelo reaparecimento da formação original, Gene e Paul não resistiram e tomaram duas medidas: (a) engavetar o “Carnival of Souls”, que já havia sido anunciado como o novo disco de material inédito com Bruce e Eric; e (b) retomar a formação original e embarcar numa turnê mundial, registrando, ainda, um novo CD com músicas inéditas (que veio a ser o “Psycho Circus”).
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