quarta-feira, 24 de março de 2010

Ensaio URSO - Parte I (22.03.2010, Music Box)

URSO com Pedro em 22.03.2010 no Music Box

A ideia surgiu a partir do encontro de no mínimo duas inquietações: a minha de voltar a tocar som pesado, e a do Valmor/Bruce de formar uma banda de som instrumental (um dos inúmeros projetos por ele idealizados). O cara, então, veio com a proposta: tocaríamos com mais dois colegas dele de trabalho: um baixista, o Brenno (Rita Lee) e outro guitarrista, o Andrio (Superguidis). Confiantes na química de jams que desenvolvemos no decorrer de mais de 10 anos de atividades da Burnin´ Boat, teríamos o acréscimo das viagens do Brenno e do Andrio. As ferramentas seriam duas Fender Stratocaster afinadas em drop-C (CGCFAD), um baixo de luthier com quatro pedais de efeito/distorção, e a batera. O lance da afinação das guitarras (um tom abaixo da afinação padrão, com a 6.ª corda dois tons abaixo dão um toque natural de peso e uma pegada diferente, contrastando com o timbre limpo dos captadores de bobina simples da Stratocaster, em relação a qual se diz que não suportam o som pesado do heavy metal, diferentemente dos captadores de bobina dupla de uma Gibson Les Paul), bem como o nome da banda - URSO - foram atribuídos pelo Valmor, Andrio e Brenno nas suas conversas preparatórias. Levamos mais de uma semana para achar espaço nas agendas, e enfim nos encontramos na segunda-feira, 22.03.2010, no Estúdio Music Box, que tem boa localização e conta com gravações de áudio e vídeo. Por sorte o Pedro/Pepe, que não via há muitos anos, estava disponível e curtiu todo o ensaio e sacou algumas fotos. Tive o primeiro contato com o Brenno e o Andrio muito brevemente antes de ligarmos os instrumentos. Mas tão logo o fizemos, compusemos a primeira música, inspirados por um riffão do Brenno. Desde pronto ficou justificado o nome da banda, que segundo o Valmor significa algo pesado, arrastado e preguiçoso. Particularmente curti tocar a Stratocaster com o timbre Soldano do PODxt, EQ flat (pouco mais para o bass, pouco menos para o treble) no amplificador Marshall que tinha no estúdio. O Andrio, mais curtido, de cara já tirou um baita timbre com sua Strato left handed e seus pedais custom made. E já nessa primeira música também ficou claro que o plano original havia funcionado, pois as duas guitarras não competiriam nem se sobreporiam nas jams: Andrio é responsável pelas melodias e licks, e eu faço as bases e toco os riffs e acordes, enquanto o Brenno manda ver nas linhas de baixo e o Valmor dá a dinâmica na batera, ora tocando rápido, ora devagar. Enquanto ainda estávamos nas tratativas para o ensaio, o Valmor e eu já havíamos trocado figurinhas com algumas ideias de riffs e acordes. Dentre estas aproveitamos apenas duas, uma minha e outra do Valmor. A minha, inspirada remotamente na faixa-título de um disco do King Crimson, ganhou uma execução vigorosa no ensaio. Foi a segunda música do ensaio e tão logo toquei o riff introdutório, todos entraram simultaneamente e o resultado foi uma paulada que jamais havia imaginado quando compus o riff e gravei no micro ouvindo nos headphones. A do Valmor, inspirada em Led Zeppelin e Pain of Salvation, foi executada mais além. O Andrio me deu a grata surpresa de contribuir com um belo riff estilo Iommi, ao qual prontamente aderimos. Tive oportunidade para acresentar uma parte com acordes, e ainda um outro riffão porrada, e acho que ficou uma das melhores músicas da noite. A quarta música derivou de mais uma levada do Brenno, e o riff que toquei me pareceu com o de "Addiction" do Glenn Hughes. Houve espaço para momentos mais calmos, e via de regra quem os trouxe foi Andrio, com dedilhados bem legais e apropriados. Se há uma coisa boa de aprender com o Led Zeppelin é essa de equilibrar momentos agressivos com outros mais sossegados, inclusive numa mesma música. Então calhou perfeitamente tocar com timbre mais limpo, embora eu tenha me limitado a baixar o volume da guitarra (o botão de volume da Fender funciona muito bem, cortando um pouco do ímpeto da distorção). Acho que aqui consegui encaixar uns acordes bem legais que acrescentaram bastante à jam e permitiram uma nova sequência de melodias do Andrio, que utilizou o botão de volume para criar aquele efeito Jeff Beck. Iniciei uma com uns acordes sinistros utilizando amplamente a afinação drop-C aos quais colei um riff pesado sobre a 6.ª corda, e aqui, lá pelas tantas, o Valmor fez exatamente o que eu esperava dele, que era alterar a dinâmica mudando a batida da bateria. Ao final desta, mais uma sequência melódica de acordes que ficou muito boa. Na próxima, quando a coisa andava para uma jam estilo "Home" do Dream Theater, o Valmor conduziu uma levada stoner (ou algo do tipo) que afastou completamente a referência. O meu riff talvez tenha ficado genérico e parecido com o da primeira jam, e tentei incorporar algumas partes com resultados variados. O Andrio criou uma melodia etérea e muito boa, a qual tentei inutilmente reproduzir a jam inteira, sendo obrigado, então, a acompanhar, com dedilhados variados nos power chords, o baixo do Brenno nas notas fundamentais. Na seguinte, o Brenno chamou com um riff tipo dançante mas sobre um tritono sinistro C-F#, que rendeu uns momentos que justificaram o nome da banda no peso arrastado e carregado, sobretudo quando me dei conta de utilizar a 6.ª corda solta, a 6.º corda na 6.º casa e a 5.º corda na 5.º casa. Quase ao final, o Brenno e o Valmor emendaram uma jam funky, e foi aí que os papeis se inverteram e eu fiquei improvisando umas melodias e o Andrio mandando ver nos acordes com timbre limpo. Foi brilhante essa mudança de clima, e aqui mais uma vez foi importante dar equilíbrio às composições, pois esta é bem mais fluida e leve que as demais. Curti bastante tocar notas soltas nas cordas mais graves - com afinação pesada - pelo timbre resultante, facilitado pela qualidade dos captadores. Ao final, acordes que em nada lembravam o início, mas que ficou muito boa. Por fim, o Andrio criou uma bonita sequência de acordes, a qual emprestamos diferentes climas - basicamente acompanhei as notas do baixo e as levadas da bateria com diferentes dedilhados nos power chords. Pareceu-me altamente promissor o resultado dessa jam; afinal, poderia ter sido um fracasso, mas conseguimos compor 12 músicas instrumentais de muito boa qualidade, com estruturas bem encaminhadas, e sem maiores esforços que não o de ligarmos os instrumentos e ficarmos com os ouvidos abertos uns em relação aos outros. Favoreceram dois fatores: a química de uma década de jams com o Valmor e o profissionalismo do Andrio e do Brenno; particularmente nunca havia tocado com músicos profissionais, e os caras demonstraram domínio completo sobre os instrumentos e sobre a música, o que me levou a crer que eles conseguem antecipar as notas dos riffs e acordes que estão sendo compostos instantaneamente. A banda já tem sítio no MySpace e em breve esse ensaio será objeto de pormenorizado escrutínio para a formatação das músicas. Como a duração das músicas ficou entre 5 e 9 min, e o mp3 que o Valmor me disponibilizou é de alta qualidade (e pesado, portanto), disponibilizo a primeira música do ensaio, logo abaixo. (excluído em nov/2011)

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