terça-feira, 2 de março de 2010
Discografia Deep Purple – Parte IX “Made in Europe” (1976)
Em 1976 Ritchie Blackmore já havia abandonado o Deep Purple, tendo sido substituído por Tommy Bolin, sendo que um disco de músicas inéditas com essa formação, o Mark IV, foi lançado naquele ano (“Come Taste the Band”). Entretanto, ainda havia espaço para a gravadora capitalizar com o Mark III e assim foi lançado um álbum ao vivo com algumas das últimas performances do lendário guitarrista com o Purple (Graz, Saarbrücken e Paris, em 1975 – diz-se que a maior parte do material de “Made in Europe” teve como base o show na cidade alemã). Essas últimas apresentações em 1975 são excelentes e foram ensejadas pela turnê do “Stormbringer”. Nessas condições, o repertório de “Made in Europe” foi composto de cinco faixas extraídas dos álbuns “Burn” e “Stormbringer”. Ouvi esse disco pela primeira vez em 1995 (aluguei na extinta Symphony, que ficava na R. José Bonifácio), quando resolvi superar meu preconceito contra o David Coverdale (achava que ele era um fraco imitador do Robert Plant com uma banda de hard rock farofa, o Whitesnake – posteriormente virei fã incondicional tanto de Coverdale quanto do Whitesnake). Já tinha assistido ao documentário “Heavy Metal Pioneers”, então mesmo sem saber já estava familiarizado com o riff de “Burn”. E soube que “Made in Europe” se tratava de um disco magnífico quando ouvi o riff de “Burn” e “associei o nome à pessoa”. Essa versão ao vivo é mais agressiva e dinâmica que a versão de estúdio (que já era espetacular), sobretudo quanto à bateria de Ian Paice. Blackmore faz uns gracejos nas várias partes que o riff é executado, notadamente antes e depois dos solos. O solo de guitara é bem diferente da de estúdio, como de costume, pois o cara costuma improvisar bastante nesses momentos. Pode-se questionar a escolha de uma música lenta como “Mistreated” após o início arrasa-quarteirão com “Burn”; o certo é que Coverdale manteve o nível da performance vocal, interpretando a comovente letra com a mesma dedicação da versão original. A banda se dedica a interpolar um cover de blues, “Rock Me Baby” após o que seria o final da música conforme a versão de estúdio. Basicamente, a banda toca alguns compassos com os acordes E-F#-B-A e Coverdale canta repetidamente “I want you to rock me baby, rock me all night long” ou “Roll me over (...)”, além dos “baby, baby, baby” e “woman, woman, woman”. A faixa mais curta é “Lady Double Dealer”, praticamente igual à versão de “Stormbringer”, com solos de Blackmore e de Jon Lord. Melhor que a original ficou “You Fool No One”: Jon Lord comandou uma introdução muito legal nos teclados, tocando uns temas divertidos como costumava fazer desde o “Made in Japan”, e sempre fui fã dessas improvisações (hoje em dia já estou com o ouvido cansado – afinal, esses trechos já estão no meu DNA – mas achei muito marcantes esses momentos nos quais os caras davam algo mais do que simplesmente reproduzir as músicas que estavam nos discos de estúdio). Além disso, há extensos solos e assim a faixa alcança quase 17min. Coverdale e Glenn Hughes mandam muito bem nos vocais em uníssono. O disco fecha com uma versão perfeita para “Stormbringer”. Particularmente, gosto bastante do Mark III, de maneira que esse registro é bastante especial. Não por acaso, fui atrás dos bootlegs que encontrei disponíveis no final dos anos 1990 para ouvir o tanto quanto fosse possível da época em que David Coverdale e Glenn Hughes dividiam vocais no Deep Purple. Adquiri o CD, usado, provavelmente na Boca do Disco, no final dos anos 1990.
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