terça-feira, 9 de março de 2010

Discografia Deep Purple – Parte XII “Live Storm I & II” (1996)

Há quase 15 anos atrás a Colombo do Praia de Belas também vendia CDs, muitos dos quais de excelente qualidade. Encontrei um bootleg do Deep Purple com registros de diferentes épocas, mas o que valia a pena era o segundo disco desse CD duplo “Live Storm I & II”. O primeiro disco era dedicado ao Mark II, então, conforme o encarte desse bootleg de um selo italiano, o trak list contém faixas de demos de 1970 (“Speed King”, “Child in Time” e “Black Night”) – sendo certo que se pode cogitar de que se tratam das versões originais de estúdio com um som muito ruim -, e registros de uma “US Tour 1972” (“Strange Kind of Woman”, “Smoke on the Water” e “Space Trucking”) – e aqui não há nada de novo. O ouro está no segundo disco, com uma “US Tour 1976”, no qual há parte do repertório de apresentação do Mark IV, i. é, com Tommy Bolin na guitarra e algumas faixas do “Come Taste the Band”. Não há discussão que (a) Tommy Bolin é um excelente guitarrista, e que (b) o estilo de Bolin é completamente diferente do de Ritchie Blackmore, então concluo, pela audição de vários registros do Mark IV, que Bolin não toca adequadamente as faixas da época de Blackmore, embora seja muito bom quando toca o repertório do “Come Taste the Band”. Assim, as versões de “Burn”, “Smoke on the Water” e “Highway Star” são confusas e muito fracas em termos de guitarra, com Bolin atrasando frequentemente a entrada dos riffs principais e executando solos genéricos e superficiais. Melhor ouvi-lo – e o restante da banda – em “This Time Around/Owed to G”, “Lady Luck” (ficou bem legal ao vivo), “Wild Dogs” (essa é uma de Bolin, cantada pelo próprio, e que ficou massa), além de “I Need Love”. “Woman From Tokyo” que aparece no track list é apenas executada brevemente por Jon Lord. Os meus destaques particulares ficam por conta da comovente interpretação de “Soldier of Fortune” com David Coverdale (acompanhado por Lord, Glenn Hughes e Ian Paice nos respectivos instrumentos) e, acima de tudo, o adendo que seguiu a “Smoke on the Water”. Desde o California Jam que se via que ao final de “Smoke on the Water” a banda fazia alguma jam na qual se destacava o vocal de Glenn Hughes. Pois no caso desse bootleg encontrei a melhor jam que já ouvi nesse contexto, bem como os vocais mais excepcionais e magníficos (não encontro outros adjetivos) de Glenn Hughes: o cara simplesmente canta “Georgia on My Mind” com os vocais mais altos e impossíveis de alcançar que ouvi, e lembro de ouvir repetidamente esse trecho, maravilhado pelo alcance e a interpretação de Hughes, não por acaso, “the voice of rock”. Nunca encontrei vídeos com performances desse jeito, então vale a pena localizar esse bootleg e ouvir Glenn Hughes cantando como nunca no auge de sua forma musical.

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